Arquivo do mês: setembro 2007

Texto publicado ontem (29) n’ O METROPOLITANO

Comentários de Miranda Sá:

Executivo corrupto e Congresso desmoralizado

… Só falta desacreditar o Judiciário perante a opinião pública para fechar o firo e o golpismo lulista-petista vencer o jogo contra a República e a Democracia. No momento em que Lula da Silva diz que “não acredito que haja qualquer prova de que Dirceu cometeu o crime de que é acusado”, desmoraliza a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, dando um passo à frente na investida contra a Justiça. É um insulto que não pode ficar sem resposta. O Procurador-Geral, Antonio Fernando de Souza, já repercutiu a sandice presidencial com recato e diplomacia, dizendo que cumpriu a sua parte e que os outros façam o julgamento por si.

Restam os ministros de o Supremo pronunciar-se. E as associações do juizado e do ministério público, as OAB´s e os advogados individualmente, em defesa da consciência jurídica e do exercício profissional.

Quanto a nós, pobre mortais, acreditamos que Lula da Silva ao defender José Dirceu, advoga em causa própria. Quando aderiram ao neoliberalismo fazendo a suprema concessão para ganhar as eleições em 2003, a credibilidade dos dois faleceu, e foi enterrada junto às bravatas, o amoralismo e a sede pelo poder. Enterro com a missa do cinismo de corpo presente.

Apesar de saber da falta de compostura de Lula, pela falta de educação doméstica, formação escolar e companhias saudáveis, é com vergonha vê-la exposta para o mundo na entrevista que o Pelegão deu ao New York Times. Diante dessa falta de correção de maneiras e desprezo pela liturgia do cargo que ocupa, Lula deveria responder a processo por “falta de decoro presidencial” conforme sugere o respeitado profissional de imprensa Jânio de Freitas.

Não é por acaso que a “teflonada” popularidade do Presidente começou a decair nas pesquisas de opinião. Lenta e gradualmente pela conscientização da intelectualidade e aquisição de coragem das classes médias para enfrentar as patrulhas ideológicas do lulismo-petismo e afins. É evidente que o comportamento pusilânime da autodenominada “esquerda parlamentar” aliando-se aos 300 picaretas por orientação de Lula, também desclassifica o Congresso Nacional.

É isso o que registra a pesquisa patrocinada pela FAPESP e coordenada pelo cientista político José Álvaro Moisés, da USP, que concluiu que dos 2.004 entrevistados no país 76% não confiam no Congresso. E tem mais, 81% das pessoas desconfiam dos partidos, embora defensoras do regime democrático, que recebeu em 68,1% de aprovação. É lamentável que os agentes políticos não tenham sido questionados, o que nos daria uma amostra assustadora. Principalmente agora que a opinião pública toma conhecimento dos dossiês e conseqüentes chantagens de Renan Calheiros contras seus pares.

Os números levantados pelo professor José Álvaro trazem um interessante paradoxo, apontando que 31,5% dos entrevistados acreditam que a democracia pode funcionar sem partidos e 28,7% acham que pode funcionar sem o Congresso. Com isto, é traçado um caminho perigoso, suavizado apenas pelo reconhecimento de três entidades que sustentam a segurança, a moralidade e o patriotismo, assinalados no conceito dos entrevistados ao aprovar os corpos de bombeiros com 86,1%, a Igreja com 75,3% e o Exército com 61,4%.

Seria ótimo que os congressistas dessem a volta por cima reconciliando-se com o eleitorado pela condenação do arqui-corrupto Renan Calheiros e a desaprovação da famigerada CPMF; e que a Justiça se impuzesse desprezando as manifestações degeneradas de Lula da Silva e condenando os quarenta corruptos e corruptores chefiados por José Dirceu.

FRASE DA VEZ_4/30

“Agora que jornalistas da minha listinha de fato foram trabalhar para Lula, com carteira assinada e tudo, aguardo os pedidos de desculpas de meus detratores arrependidos, as odes em minha homenagem, os beijinhos e os cafunés”.

Diogo Mainardi, colunista de Veja

Comentário (II)

O risco que o PDT corre

O PDT corre o risco de ser triturado por dentro, à medida que se obriga a seguir de olhos fechados o cavalo-de-pau do PT. Na guerra da CPMF, decidiu pelo apoio incondicional, enquanto os partidões da “base” assaltam sem constrangimento rendosas nesgas das estatais, em troca dos seus votos. Como houve uma decisão partidária a favor, o deputado Barbosa Neto poderá pagar caro por ter votado contra a prorrogação dessa fonte tributária que de provisória não tem nada. São regras de um jogo que o PDT cumpre solitariamente, mesmo tendo que cortar na própria carne e se expondo ao risco de ganhar sua própria “Heloísa Helena”.

Essa postura poderá acarretar maiores impasses quando a matéria for para o Senado, onde dificilmente o governo terá os votos de três dos quatro senadores pedetistas. E aí? Que farão os brizolistas, mesmo sabendo que a própria finalidade original da taxa já sofreu mudanças, com prejuízos para o orçamento do Ministério da Saúde que, ao longo desses dez anos, só ficou com 45% do total de R$ 185,9 bilhões arrecadados pela CPMF. Nessas horas, é preciso contar com a intuição que foi marca de Brizola e a análise científica que monitorem uma postura coerente e pragmática. Tentar sobreviver só com o ônus do poder é mais do que temerário: beira ao suicídio político.

Pedro Porfírio, jornalista (coluna@pedroporfirio.com)

OPINIÃO: O companheiro Porfírio, da velha guarda brizolista, tem razão. A posição adotada pela bancada pedetista na Câmara votando a favor da CPMF é oportunista e fisiológica; quaisquer dias destes esses falsos trabalhistas estarão nas listas dos mensalões do lulismo-petismo. Causou-me revolta este comportamento – a primeira exibição de fraqueza do PDT depois da adesão conduzida pelo folclórico Carlos Luppi, que bem poderia fazer parte do clube dos aloprados do PT pelo sobrenome e o jeitão de pelego deslumbrado com o poder. Lá ele não causaria a infinita tristeza que vem dominando os brizolistas autênticos. MIRANDA SÁ

FRASE DA VEZ_3/30

“A distribuição das cadeiras na Câmara é feita segundo a votação dos partidos, não de acordo com os votos dos parlamentares”.

Marco Aurélio de Mello, ministro do STF

Ao Debate

Outra visão

O senador Jarbas Vasconcelos, dissidente oposicionista no PMDB, enxerga com outros olhos o resultado da rebelião peemedebista de quarta-feira e não concorda que o vencedor tenha sido Renan Calheiros e a perdedora, a oposição que avalizou a manobra. “A oposição não tinha jeito de votar diferente, pois discordava mesmo da medida provisória dos novos cargos e a Secretaria de Longo Prazo.”De resto, acha que ficou mal para todo mundo: “Para o governo, que teve expostos a precariedade de sua base de apoio e o jogo descarado em busca de cargos e emendas; para o Renan, que demonstrou mais uma vez sua falta de caráter, desgastando-se com o PT e o Planalto; e para o Senado, que sofreu mais um processo desmoralizante e continua a conviver com um presidente desqualificado como se isso fosse normal.”

Dora Kramer, jornalista

ÚLTIMAS

O ex-presidente da República Itamar Franco, de 76 anos, foi internado ontem no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, acompanhado de seu médico particular. O motivo da internação não foi divulgado. Sua assessoria se resumiu a dizer que serão feitos ‘exames de rotina’. Ontem, porém, uma rádio local informou que a internação se deveu a problemas cardíacos, o que foi negado pela assessoria. Segundo o hospital, ele ‘passa bem’

Caixa de Correio

Lição de moral

Gostaria de responder à indagação feita pelo ministro Gilmar Mendes ao também ministro Joaquim Barbosa, na sessão do STF de 27/9. Pelo que se viu ultimamente no STF, Sua Excelência o ministro Joaquim Barbosa tem, sim, condições de dar lição de moral. O desempenho do ministro Joaquim Barbosa tem resgatado um pouco da esperança perdida.

Dalton Luiz de Luca Rothen (dalton@deckrep.com.br)

Outra rasteira

Que tal se o Senado, alavancado pelo PMDB, desse nova rasteira no governo e derrubasse, além do Mangabeira Unger e sua “secretaria de assuntos aleatórios”, a famigerada CPMF? Os mais de 1 milhão de eleitores que encaminharam seus protestos pedindo o fim desse imposto agradeceriam…

Eliana Pace (pacecon@uol.com.br)

Barganha

Depois de só ter feito barganhar, trocar, cooptar, desde que assumiu a Presidência, Lula vem com esta gracinha: “Eu não barganho, faço acordo.” É o mesmo que dizer: “Eu não faço toma-lá-dá-cá, eu faço dá-lá-toma-cá.” Ou: “Eu não sou adepto do é dando que se recebe, e sim do é recebendo que se dá.” Assuma logo, presidente. Declare que no Brasil ninguém governa sem barganhar, da mesma forma que o senhor declarou que sem a CPMF ninguém governa este país. Vai dar o toque de honestidade que está faltando na sua declaração.

Judith Lima e Silva de Menezes (judithlsmenezes@yahoo.com.br)

Ela é show

No país do futebol, o nome que está em todas as bocas é de uma mulher: ela, a espetacular, a mulher show do futebol mundial, Marta, simplesmente uma “gênia”, nossa rainha do futebol moderno. Você é dez! Boa sorte amanhã.

Turíbio Liberatto (turibioliberatto@hotmail.com)

Surpresa!

Recente pesquisa da AMB mostra que 11% dos brasileiros confiam nos políticos e 16%, nos partidos políticos. Algo assim como 20 milhões de pessoas. Fiquei deveras surpreso! Eu não imaginava que havia tanto político e parente de político no Brasil. Ou, quem sabe, são as mesmas pessoas que assinalaram na pesquisa acreditar em mula-sem-cabeça, disco voador e na CPMF sendo usada exclusivamente na área da saúde. Mas talvez, estatisticamente, 11% dos seres humanos acreditem em qualquer coisa.

Roberto Vieira (robervieira@uol.com.br)

Toma-lá-dá-cá

Ainda bem que as empresas de economia mista, as “estatais”, reservam em seus organogramas diretorias e até mesmo presidências decorativas, reservadas para o toma-lá-dá-cá, comum em todos os governos deste país. Embora se trate da decoração mais cara do mundo, muito pior seria se algum desses “nomeados” saísse de sua condição de objeto de decoração e resolvesse interferir na real administração da empresa. Nestor Rodrigues Pereira Filho

(querubim@matrix.com.br)

Supremo decide nesta quarta sobre “infiéis”

PPS, DEM e PSDB reivindicam 23 mandatos de deputados que deixaram as siglas. Se Supremo seguir TSE, 44 deputados federais correm o risco de perder o mandato.

O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa nesta quarta-feira (3) três mandados de segurança que, na prática, podem abrir precedente para que 44 deputados federais percam suas cadeiras na Câmara.

Os ministros do Supremo vão analisar pedidos de PPS, PSDB e DEM, que tentam reaver na Justiça 23 mandatos dos deputados que deixaram as siglas após as eleições de 2006 até maio deste ano. Caso a decisão seja favorável às legendas, todos os partidos que perderam parlamentares podem entrar com o requerimento.

Os pedidos dos partidos se baseiam em decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no mês de março, de que os mandatos dos vereadores, deputados estaduais e deputados federais não pertencem aos candidatos, mas sim aos partidos pelos quais foram eleitos (entenda a decisão do TSE).Em agosto, o tribunal eleitoral voltou a avaliar o tema e entendeu que a perda do mandato vale também quando a troca ocorre entre partidos da mesma coligação. Desde as eleições do ano passado, 46 deputados federais mudaram de partido. Deles, 24 saíram da oposição e migraram para a base do governo. Dezoito saíram de legendas da ala governista para outro partido que também integra a base. Um deputado de oposição mudou para legenda também de oposição e outro saiu do governo e está sem partido.

Fonte: Portal G1

Ouça e veja João Bosco

Cantando “Enquanto espero”

Presidente de fato, Renan terceiriza poder a Lula

Quando os senadores do PMDB puseram no olho da rua o ministro Roberto Mangabeira Unger, os brasileiros foram autorizados a supor que o Palácio do Planalto é comandado pelo segundo time. O verdadeiro chefe de Estado despacha na sala da presidência do Senado. Ao tomar posse do governo, Renan Calheiros como que acomodou as coisas, finalmente, nos seus devidos lugares.
O nosso presidente anterior, ACM, que dava as cartas sob FHC, já tinha avisado: o governo usava e abusava das medidas provisórias. Lula levou o fenômeno longe demais. Legislando, nomeou um ministro por MP. E Renan, presidente de fato, encomendou ao PMDB um basta. Apoderando-se momentaneamente do Executivo, “demitiu” Mangabeira, o breve.

Infelizmente, essa presidência acidental não dará ao país a oportunidade de ter uma idéia do que seria um governo oficialmente chefiado por Renan. Apesar das evidências de que é o senador quem manda em Brasília, a cadeira do Planalto é o último lugar em que Renan deseja ser visto. Valendo-se de Lula como testa-de-ferro, Renan desfruta do poder presumido, bem mais conveniente do que o oficial.

Só ACM, sob a presidência laranja de FHC, manejara com tanta desenvoltura a presunção de poder. Assim como o antecessor ACM, Renan nomeia e demite, libera verbas para si e para os seus, ameaça, compra cumplicidades.

Lula teve uma oportunidade de livrar-se da eminência parda que conspurca sua gestão. Porém, não teve coragem. Preferiu ajudar na absolvição de Renan. Tinha a vã esperança de que, livre da guilhotina, o presidente presumido renunciasse ao cargo. Renan fez o oposto. Informou a Lula, na fatídica sessão plenária da última quarta-feira (26), quem manda de fato. Pôs o “presidente” oficial no seu devido lugar.

Assim como ACM, Renan vai construindo em torno de si, aos solavancos, a aura mítica do político poderoso. Seu poder, tonificado pelo folclore, já dispensa aferições. As evidências permitem que se dê de barato que Renan detém segredos que lhe permitem coagir o governo, encurralando-o nas esquinas inexistentes de Brasília.

A presidência temporária de Renan, iniciada com o afastamento de Mangabeira, foi uma exceção imposta pela conjuntura. Pressentindo que o governo, com as manguinhas excessivamente de fora, preparava-se para puxar-lhe o tapete, Renan sentiu a necessidade de assumir as rédeas às claras.

Nas próximas semanas, Renan retornará à sombra. Com o poder que exerce, o exercício oficial da presidência da República significaria, para ele, um rebaixamento. Melhor, muito melhor, manter Lula como presidente terceirizado.

Fonte: Josias de Souza