Poesia

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Rumo

É tempo, companheiro!
Caminhemos…
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz Da Terra…

Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!

Vamos, companheiro…

É tempo!

Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras…
e o meu suor se junte ao teu
suor, quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!

Vamos!
que outro oceano nos inflama…
Ouves?
É a Terra que nos chama…
É tempo, companheiro!
Caminhemos…

Alda Lara

Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque, (Benguela, Angola, 9.6.1930 – Cambambe, Angola, 30.1.1962). Era casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova veio para Lisboa onde concluiu o 7º ano do Liceu.

Freqüentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última. Em Lisboa esteve ligada a algumas das atividades da Casa dos Estudantes do Império. Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos. Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prêmio Alda Lara para poesia.

Orlando Albuquerque propôs-se editar-lhe postumamente toda a obra e nesse caminho reuniu e publicou um volume de poesias e um caderno de contos.

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