Arquivo do mês: novembro 2016

MINORIA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Teremos que nos arrepender nesta geração, não tanto das más ações da gente perversa, senão do pasmoso silêncio da gente boa” (Martin Luther King)

Revolta-me a ideia de preservar privilégios em pleno século 21, como ocorre no Brasil onde uma minoria atropela a Constituição em benefício próprio. Repugna também examinar a História e aprender com ela que, por volta dos anos 590 a.C., o poeta, legislador e estadista Sólon já lançava as ideias democráticas que se concretizaram em Atenas.

Mais do que esta experiência da república aristocrática, Sólon inspirou também a filosofia platônica sobre a república ideal.

Chamado de gênio numa entrevista, Einstein disse “Gênio coisa nenhuma, venho nos ombros de Euclides e Descartes… Nos ombros de Sólon e Platão, vieram Tomás Moro e Montesquieu. Moro com uma república de sonho, a Utopia, e Montesquieu realista, prático, ensinando como estabelecer uma República real, efetiva.

Montesquieu distinguiu na República dois tipos distintos; a república democrática ou aristocrática, e a república despótica (ditatorial). “Na democracia, o princípio é o patriotismo; na Aristocracia o princípio é uma moderação baseada no patriotismo; e, no regime despótico, o princípio é o Temor”, ensinou.

Dos inolvidáveis teóricos chegamos à Revolução Francesa e às ideias do equilíbrio dos poderes republicanos e à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão sintetizada em três princípios: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.

Ao contrário do que se difundiu entre a intelectualidade latino-americana – brasileira, principalmente – a Constituição Francesa não foi importada pelos EUA, mas o contrário, inspirou-se, por influência do então embaixador americano, Thomas Jefferson, na Declaração da Independência dos Estados Unidos.

Uma espécie de simbiose ocorreu nos dois lados do Atlântico, estabelecendo os princípios do pensamento iluminista liberal e burguês, a visão democrática do direito de todos à liberdade, à propriedade, à igualdade – igualdade jurídica, e não social nem econômica – e de resistência à opressão.

Desde então tivemos pelo mundo inúmeras experiências de regimes impostos por minorias, vários tipos de fascismo, a versão hitlerista do nazismo, o comunismo soviético e ditaduras populistas de direita e de esquerda.

Estudando diversos regimes estabelecidos, me agrada um pensamento de Churchill expressando que “A democracia é a pior de todas as formas imagináveis de governo, com exceção de todas as demais que já existiram”.

É preciso, porém, reconhecer que a Democracia, é o governo do povo, regido pela maioria; e ao exigir o poder da maioria sobre a minoria é preciso ter aquela audácia do revolucionário francês Danton que discursou: “O que nos falta para vencer é audácia, audácia, sempre audácia! ”

Esta audácia faltou ao presidente Michel Temer, ao dizer que a prisão do patife, desonesto e mentiroso, Lula da Silva provocaria a “instabilidade” no País. Deu de graça uma arma aos maiores inimigos da democracia brasileira, os fanáticos lulopetistas.

Renunciando à autoridade de Chefe da Nação, Temer estabeleceu a dúvida entre defende-lo e acompanha-lo na senda imprevisível ou de desconfiar se ele quer melar a Lava Jato ou defender os anseios da maioria do povo brasileiro contra a corrupção e a impunidade.

 

 

 

Bertold Brecht

O Analfabeto Político

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos:
O político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

Cora Coralina

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

J.G. de Araújo Jorge

VINHO

Do amor tu não dirás: provo, mas não me embriago,
que não basta provar para sentir o amor.
É preciso sorvê-lo até o último trago
se a embriaguez é que dá seu profundo sabor.

Teu amor deve ter profundidade e cor
não deve ser um sonho doentio e vago,
se assim for, então sim, podes te dar por pago
que este é o preço da vida e todo o seu valor.

Transborda a tua taça, ergue-a nas mãos, e brinda
o momento feliz que viveste e não finda,
que só o amor que embriaga e que nos leva a extremos

pode glorificar os sentidos e a vida,
e vencendo a razão que nos tolhe e intimida,
nos faz reaver, de pronto, as horas que perdemos!

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VERDADE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso! ” (Bertolt Brecht)

Nos dicionários (sou um viciado em folhear dicionários) Verdade é um substantivo feminino, significando o princípio certo, em conformidade com o real. Poeticamente, é o que está intimamente ligada à sinceridade, o oposto da mentira.

Filosoficamente, a verdade é motivo de discussões seculares; é tão problemática que, embora transnacional e transcultural, se apresenta com duas faces, a verdade absoluta e a verdade relativa…

Para a corrente filosófica conhecida como Relativista a verdade é relativa, ou seja, não existe uma verdade absoluta que se aplique no plano geral; por outro lado, admitindo-se a afirmação do que é correto em determinada realidade, se diz ser uma verdade absoluta.

Na ciência temos dois exemplos perfeitos na filtragem das cores de um prisma: a verdade absoluta é que a mistura azul com amarelo dá o verde; a verdade relativa é a proposição de uma mistura de outras cores que depende de comprovação.

No campo religioso, realmente não é uma coisa fácil saber onde a verdade está sem uma profunda pesquisa, pois, as mais de 40.000 religiões e seitas diferentes afirmam representá-la.

O catolicismo nos deu o exemplo da variação do conceito de verdade, tendo no passado afirmado dogmaticamente que a Terra era plana e hoje aceita que o planeta é redondo. A Terra não mudou; o que mudou foi a crença dos cardeais…

No mar revolto da política é praticamente impossível a pescaria da Verdade. Sob o império do deus Netuno o mar se abre para os monstros da mentira, as nereidas dissimuladas, os tritões carnavalescos. Vive-se o reinado liquefeito da mentira.

Assistimos nas últimas décadas uma invariável e inalterável afirmação de infidelidade aos princípios morais e éticos. Da reeleição de FHC para cá, e patinando nos governos Lula e Dilma, a mentira substituiu a verdade

Desde então assistimos a todas espécies de trapaças. O ex-deputado Pedro Correia, na sua delação premiada homologada pelo ministro Teori Zavascki, apresenta documentos que comprovam que Lula da Silva discutia pessoalmente o esquema de corrupção.

O ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, também aponta que todos os estaleiros contratados para construir navios-sonda pagavam uma propina de 0,9% do valor do contrato. E revela que “dois terços eram destinados ao Partido dos Trabalhadores, na pessoa de João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), e o restante era dividido em duas partes iguais”.

Outro colaborador da Justiça, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, liga diretamente Dilma Rousseff ao esquema corrupto na Petrobras levando a ex-presidente, que sofreu impeachment, à inquirição no STF.

Além da tentativa de obstrução às investigações da Lava Jato, Dilma se envolveu na criminosa compra da Refinaria de Pasadena. De acordo com Nestor Cerveró, Dilma Rousseff tinha todas as informações sobre o negócio com a refinaria. “Dilma sabia de tudo, desde o começo”, afirmou Cerveró.

Igualmente Otávio Pessoa Cintra, que ocupou o cargo de gerente da Petrobras América, no Texas, EUA, diz que teve contato com o escândalo e garante que avisou seus superiores na ocasião. “Tomei conhecimento em 2014 que Dilma sabia de tudo”.

Vê-se dessa maneira que o envolvimento dos chefões da organização criminosa petista, Lula e Dilma, é uma realidade inflexível, que poderíamos classificar como uma “verdade absoluta”…

A roubalheira dos governos do PT, porém, ainda sofre questionamentos dos fanáticos seguidores do lulopetismo e dos mercenários. Não adianta discutir com estes infelizes; vamos fazer então como Jesus Cristo.

Lembremos: Jesus, já condenado num processo infame movido pelo Sinédrio, ficou frente a frente com Pôncio Pilatos, que lhe perguntou: “O que é a verdade? ”, Jesus permaneceu em silêncio e Pilatos se retirou da sala de audiência.

Era tão evidente a Verdade saída no olhar silencioso do Nazareno que o governador romano da Judéia não teve a coragem de olhar nos seus olhos…

A BOLHA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Não a jogue no espaço, bolha de sabão/ Não a empregue sem razão acima de toda a razão” (Carlos Drummond de Andrade)

O Brasil assistiu estarrecido o desmentido das urnas nos Estados Unidos a tudo o que foi noticiado, comentado, analisado e defendido pelos programas políticos televisivos, principalmente na Globo News…

Longe de nós julgar que as opiniões foram fraudulentas ou vendidas, mas afirmamos, sem medo de errar que, no mínimo, eram bajulatórias. Quem tiver oportunidade de rever os últimos programas anteriores ao dia da votação, vai se divertir com as louvaminhas à Hilary e as agressões a Trump…

Não tendo como fugir desses deslizes, surgiu uma versão tão repetida na Globo News que faria inveja aos discípulos de herr Goebles. Reconheceu-se que foram envolvidos numa “bolha”, culpada por tudo…

Pergunto-me o que seria esta “bolha”? Normalmente fala-se em bolha com vistas ao estúdio de tecnologia criativa que combina hardware, software e web para desenvolver experiências memoráveis, úteis e/ou divertidas.

A “bolha”, no caso dos jornalistas globais, é a membrana do fracasso produzido nos institutos de pesquisa dos States que impuseram uma memória não volátil na cabeça dos desavisados. Os erros das amostragens na campanha eleitoral norte-americana são condenáveis, apenas superados pela bazófia dos analistas do NY Times.

Dos 20 maiores institutos de pesquisas e as redes nacionais de televisão e jornais dos EUA, somente uma – a do Los Angeles Times associado à USC Tracking (Universidade South Califórnia) – apontou a vantagem de Trump.

O que tivemos, na verdade, foi a especulação, muito usada entre os jogadores das bolsas de valores que para proporcionar lucros calculados, baseiam-se geralmente numa visão fantasiosa e inconsistente sobre o futuro.

A imprensa internacional caiu nessa. Seus correspondentes engoliram, também, o conto do vigário. Aqui, nossos observadores deveriam se desculpar sim, mas não com a conversa fiada da “bolha”.

Será que se referiram ao filme de terror dirigido por Irvin Yeaworth “A Bolha Assassina”? Essa película que revelou Steve McQueen como ator, e Burt Bacharach (então desconhecido) sendo o autor da trilha sonora e da canção “The Blob”, mais tarde interpretada pelos Beatles, os Carpenters e Aretha Franklin entre outros.

É possível que a imunização dos globais veio de outra fita, “O Menino da Bolha de Plástico” com John Travolta, a história real de um adolescente com problemas imunológicos que vivia numa bolha de plástico, construída pela NASA, para protegê-lo de infecções.

O certo é que temos no Brasil três versões de “Bolha”: A de terror, assustadora, que envolve a quadrilha de senadores que trama por sabotar a Operação Lava Jato, esperança para acabar de vez com a corrupção endêmica e epidêmica que corrói o país.

Outra, mais leve e divertida, a bolha do lulopetismo furada no impeachment e estourada nas eleições municipais, reduzindo à capital do Acre a influência do narco-populismo travestido de socialismo…

A terceira, enrolando tristemente o mal jornalismo que caiu no logro das pesquisas, e atacou violentamente Trump com falsas comparações, informação distorcida e projeções mentirosas. Não apenas na Vênus Prateada, mas em toda televisão brasileira.

 

PATIFE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O pior dos homens é aquele que, sendo mau, quer passar por bom; sendo infame fala de virtude e de pudor” (Juan Montalvo)

Outro dia, por acaso, ouvi num filme americano de gângsteres, dublado para o português, um cara chamar o outro de “patife”. Nunca mais tinha ouvido aquela palavra, e a minha memória levou-me ao meu pai, que costumava chamar as pessoas sem-caráter por este nome.

Os dicionários são mais diretos e incisivos:  tratam “patife”, como canalha, desonesto, infame, malvado e sem vergonha. No interior de Portugal chamam patife as caixinhas de guardar rapé; e para os espanhóis é sinônimo de bandido.

Aliás, a sinonímia de “patife” é riquíssima. Vai de covarde a malvado, passando por descarado, infame, insolente e velhaco. Chega à literatura como malandro, maroto, malandréu, malandrinho, malandrim.

Cervantes, no seu Dom Quixote, usa malandrim, com sentido de “patife”. Malandrim é uma palavra de origem italiana, “malandrino”, uma coceira que escurecia a pele, semelhante à lepra.

No Brasil o termo “patife” foi repetidamente usado por Nelson Rodrigues nas suas crônicas em que entrava o personagem Palhares, o tipo pronto e acabado do canalha, que dava em cima da própria cunhada…

Na política brasileira há muitos patifes, vindos de todo lugar sob a legenda de vários partidos; mas o principal papel de patife não cabe a ninguém mais numa lista em que estiver o nome de Lula da Silva.

Embora cantado em verso e prosa em artigos, crônicas livros editados pelo governo, louvado em discursos e até com um filme bajulador, Lula nunca passou de um típico pelego sindical, analfabeto, mas esperto, que se elegeu presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pelas mãos do irmão mais velho, antigo comunista e agora propineiro apontado pela Lava Jato.

Estudos e pesquisas que vagueiam pela trajetória política e o perfil de Lula registram suas candidaturas à Presidência da República em 1989, 1994, 1998, quando se elegeu em 2002 e a reeleição em 2006.

De presidente da República bem-sucedido (na esteira do Plano Real) chega aos nossos dias como o delinquente mais investigado no Brasil, chefe da organização criminosa que assaltou o Erário, as empresas estatais e os fundos de pensão.

Pelas declarações do imposto de renda, é hoje um milionário. Seu IR aparece em 2010 com um patrimônio de R$1,9 milhão e, em 2015, subiu para R$8,8 milhões, um aumento de 360%. A revista Forbes, numa matéria intitulada Brazil’s Former President, A Billionaire? (Lula, ex-presidente do Brasil, é um bilionário?), fala em US$ 2 bilhões.

Comparando com rumores e denúncias sobre sua situação econômica, ainda pouco para o Patife. Levanta-se dinheiro e diamantes no exterior e imóveis urbanos e rurais em nome “laranjas” (familiares, amigos pessoais e empresários parceiros). A fortuna familiar dos Lula da Silva é estimada em US$ 4,7 bilhões.

O juiz federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, aceitou a denúncia contra o Patife tornando-o réu pela terceira vez, desta vez por formação de organização criminosa, tráfico de influência, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É acusado também de tentativa de obstrução da Lava Jato.

Por causa da blindagem da mídia, poucos sabem que Lula tem um pedido de prisão em processo que corre em segredo de justiça em Portugal e no Brasil; e que é condenado pelo Tribunal de Justiça Federal, com bloqueio de bens no valor de R$ 9.526.070,64 por improbidade administrativa.

Enfim, esclarecemos e exemplificamos o que é um “patife” que, em paráfrase, lembramos Abraham Lincoln ao dizer que se pode enganar toda gente por certo tempo; enganar alguns todo tempo; mas é impossível enganar sempre toda a gente…

 

 

 

GRIPE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A corrupção não tem cores partidárias. Não é monopólio de agremiações políticas ou governos específicos. Combatê-la deve ser bandeira da esquerda e da direita. ” (Sérgio Moro)

Outro dia o colega tuiteiro @avpabreu postou uma interessante mensagem dizendo que “A Mentira, antes da corrupção, era uma gripe e, com a organização criminosa lulopetista, virou câncer. E câncer mata”.

Esse raciocínio deu-me curiosidade de pesquisar sobre “gripe” e “câncer”; e concluí que ele confundiu gripe com resfriado, doenças distintas…

A mentira (escrevi anteriormente um artigo sobre o tema) sempre foi e é condenável, mas sem graves prejuízos individuais ou coletivos, tornou-se tão corriqueira que as pessoas convivem com ela.

Quanto à gripe (palavra que vem do francês, “gripe”, que equivale ao termo italiano “influenza”, é uma doença infecciosa causada pelos vírus ARN da família Orthomyxoviridae. Esta enfermidade começou a ser observada nos meados do século 18 e acreditava-se ser um efeito da posição dos astros em certa época do ano; por isso atribuída à “influência” externa.

A História regista um terrível surto mundial, uma verdadeira pandemia que surgiu na década de 1918 e ficou conhecida como Gripe Espanhola. Após a 1ª Guerra Mundial se espalhou e ceifou a vida de quase 100 milhões de pessoas em menos de 2 anos.

Portanto, complementando a colocação de Tony II, a mentira era somente um resfriado que a pelegagem usou para esconder e até para justificar a criminalidade do PT e seus puxadinhos. Chegaram a um ponto de chamar de “erros” os crimes praticados.

A corrupção nunca foi exercida por um único indivíduo, nem de um grupo ou partido; mas com o lulopetismo tornou-se contumaz com fraudes e mentiras. Um câncer corroendo as entranhas do governo no organismo vivo da administração pública.

O câncer mata. Veio do grego, “karkinos”, “caranguejo” e entrou na língua portuguesa vindo do latim ‘cancer’, sem acento circunflexo, significando ao mesmo tempo a doença e o signo do Horóscopo.

O mal abrange mais de 100 tipos que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos. São tumores que incidem principalmente na boca, mama, pele, próstata, colo do útero, fígado e pulmão.

A corrupção procedeu assim no corpo do Estado Brasileiro. Pela infiltração através do aparelhamento dos órgãos públicos, tornou-se institucional nos governos petistas de Lula da Silva e Dilma Rousseff.

É difícil encontrar-se uma só repartição pública em que não se encontre um desvio, um malfeito, um roubo. Nos ministérios, empresas estatais, fundos de pensão, associações, sindicatos e ONGs. Há um estribilho corrente, quase um coro nacional que diz “em cada enxadada na lama da corrupção, aparece uma minhoca corrupta do lulopetismo…”

Mas o Brasil é uma terra abençoada. Surgiu, primeiramente, um presidente do STF que atuou no processo do Mensalão, condenando vários corruptos, incluindo dirigentes do partido ocupante do poder. Os principais mensaleiros foram condenados e presos.

Posteriormente, veio a Operação Lava Jato ceifando os corruptos e corruptores de todos matizes, particularmente os que levaram a empresa ícone da nacionalidade, a Petrobras.

A Lava Jato – honra seja feita aos policiais federais, procuradores e ao juiz Sérgio Moro – impediu a metástase cancerígena em curso. Extirpando os tumores malignos da corrupção e anulando a expansão dos corruptos e corruptores a faxina da Lava Jato recebe o apoio e a solidariedade do povo brasileiro. E quem se levantar contra ela, cairá na fossa comum da bandidagem.

Thiago de Mello

Canto do meu canto

Escrevi no chão do outrora
e agora me reconheço:
pelas minhas cercanias
passeio, mal me freqüento.
Mas pelo pouco que sei
de mim, de tudo que fiz,
posso me ter por contente,
cheguei a servir à vida,
me valendo das palavras.
Mas dito seja, de uma vez por todas,
que nada faço por literatura,
que nada tenho a ver com a história,
mesmo concisa, das letras brasileiras.
Meu compromisso é com a vida do homem,
a quem trato de servir
com a arte do poema. Sei que a poesia
é um dom, nasceu comigo.
Assim trabalho o meu verso,
com buril, plaina, sintaxe.
Não basta ser bom de ofício.
Sem amor não se faz arte.

Trabalho que nem um mouro,
estou sempre começando.
Tudo dou, de ombros e braços,
e muito de coração,
na sombra da antemanhã,
empurrando o batelão
para o destino das águas.
(O barco vai no banzeiro,
meu destino no porão.)

Nada criei de novo.
Nada acrescentei às forma
tradicionais do verso.
Quem sou eu para criar coisas novas,
pôr no meu verso, Deus me livre, uma
invenção.

João Cabral de Melo Neto

Difícil Ser Funcionário

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.
Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.
É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.
Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.
Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.
E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.
Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança
Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…
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