MINORIA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Teremos que nos arrepender nesta geração, não tanto das más ações da gente perversa, senão do pasmoso silêncio da gente boa” (Martin Luther King)

Revolta-me a ideia de preservar privilégios em pleno século 21, como ocorre no Brasil onde uma minoria atropela a Constituição em benefício próprio. Repugna também examinar a História e aprender com ela que, por volta dos anos 590 a.C., o poeta, legislador e estadista Sólon já lançava as ideias democráticas que se concretizaram em Atenas.

Mais do que esta experiência da república aristocrática, Sólon inspirou também a filosofia platônica sobre a república ideal.

Chamado de gênio numa entrevista, Einstein disse “Gênio coisa nenhuma, venho nos ombros de Euclides e Descartes… Nos ombros de Sólon e Platão, vieram Tomás Moro e Montesquieu. Moro com uma república de sonho, a Utopia, e Montesquieu realista, prático, ensinando como estabelecer uma República real, efetiva.

Montesquieu distinguiu na República dois tipos distintos; a república democrática ou aristocrática, e a república despótica (ditatorial). “Na democracia, o princípio é o patriotismo; na Aristocracia o princípio é uma moderação baseada no patriotismo; e, no regime despótico, o princípio é o Temor”, ensinou.

Dos inolvidáveis teóricos chegamos à Revolução Francesa e às ideias do equilíbrio dos poderes republicanos e à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão sintetizada em três princípios: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.

Ao contrário do que se difundiu entre a intelectualidade latino-americana – brasileira, principalmente – a Constituição Francesa não foi importada pelos EUA, mas o contrário, inspirou-se, por influência do então embaixador americano, Thomas Jefferson, na Declaração da Independência dos Estados Unidos.

Uma espécie de simbiose ocorreu nos dois lados do Atlântico, estabelecendo os princípios do pensamento iluminista liberal e burguês, a visão democrática do direito de todos à liberdade, à propriedade, à igualdade – igualdade jurídica, e não social nem econômica – e de resistência à opressão.

Desde então tivemos pelo mundo inúmeras experiências de regimes impostos por minorias, vários tipos de fascismo, a versão hitlerista do nazismo, o comunismo soviético e ditaduras populistas de direita e de esquerda.

Estudando diversos regimes estabelecidos, me agrada um pensamento de Churchill expressando que “A democracia é a pior de todas as formas imagináveis de governo, com exceção de todas as demais que já existiram”.

É preciso, porém, reconhecer que a Democracia, é o governo do povo, regido pela maioria; e ao exigir o poder da maioria sobre a minoria é preciso ter aquela audácia do revolucionário francês Danton que discursou: “O que nos falta para vencer é audácia, audácia, sempre audácia! ”

Esta audácia faltou ao presidente Michel Temer, ao dizer que a prisão do patife, desonesto e mentiroso, Lula da Silva provocaria a “instabilidade” no País. Deu de graça uma arma aos maiores inimigos da democracia brasileira, os fanáticos lulopetistas.

Renunciando à autoridade de Chefe da Nação, Temer estabeleceu a dúvida entre defende-lo e acompanha-lo na senda imprevisível ou de desconfiar se ele quer melar a Lava Jato ou defender os anseios da maioria do povo brasileiro contra a corrupção e a impunidade.

 

 

 

7 respostas para MINORIA

  1. elisabeth laval jede disse:

    Parabens Miranda!maravilhoso artigo !Seu diagnóstico preciso é rico em cultura inteligencia e sabedoría!Você nos orgulha por ser BRASILEIRO acima de tudo e colocar todo seu saber a serviço de nossa Pátria. Parabens!muito bom !como tudo que você escréve.Que teu artigo acórde todos os brasileiros de bem que ceifam a grandeza desta nação e os conduza a audaciosamente acertar a receita do futuro hígido do Brasil e dos brasileiros!

  2. Irene Mattos Felix disse:

    Miranda, gostava mais do Temer interino Quanto mais a Lava a Jato se aproxima dele, mas o fim dela ele deseja Vamos ter que redobrar a nossa vigilância

  3. “É preciso, porém, reconhecer que a Democracia, é o governo do povo, regido pela maioria; e ao exigir o poder da maioria sobre a minoria é preciso ter aquela audácia do revolucionário francês Danton que discursou: “O que nos falta para vencer é audácia, audácia, sempre audácia! ”
    Esta audácia faltou ao presidente Michel Temer, ao dizer que a prisão do patife, desonesto e mentiroso, Lula da Silva provocaria a “instabilidade” no País”. Miranda Sá
    Entre a audácia defendida por Miranda Sá… E a covardia disfarçada de prudência … Acima apresentada por Michel Temer… Penso que a posição defendida pelo maior mandatário da República Federativa do Brasil… Está censurada nas seguintes palavras de Albert Eeinstein:
    “O mundo é um lugar muito perigoso para se viver… Não por causa (dos Lulas da Silva)… Que fazem tanto mal… Mas por culpa daqueles que vêm o mal acontecendo e nada fazem para impedir que ele aconteça”

  4. Welton Reis disse:

    Existe uma corrente que afirma que a política é a média, isto é, ficar no muro ou fazer média, nem lá, nem cá, na real um comportamento aristotélico que evita os extremos. O presidente Temer é pródigo nessa arte e desta vez o muro desabou e ele ficou mal na fita, bastava dizer que lei tem que ser cumprida e ponto final.Parabéns Miranda!

  5. Reginaldo disse:

    Lindo mais uma vez teu artigo. O medo demonstrado pelo presidente em sua resposta, para alegria dos petistas na roda dos entrevistadores que também entenderam MEDO, causou desconfiança em todos nós que não votamos na chapa “delles” mas que no momento ‘só temos ele’. Como escreveu alguém nas redes sociais : ‘o presidente não deve temer os exércitos do Stédile comandados por Lula, deve temer sim o público que encheu a Paulista e o Brasil elevado a 5a potência.

  6. Neidesoaresfreitas@hotmail.com Soares de Freitas disse:

    Acho errado vice ficar no lugar da deposta , pois o mesmo está diretamente ligado as falcatruas da mesma . Como acreditar num presidente que assume com uma postura e vem demonstrando com o passar dos meses apadrinhamento com governantes denunciados ? Se não corta o mal pela raiz o mal volta a crescer , com mais intensidade. A nossa esperança são pessoas como você, movimentos em ação contra corruptos e as eleições vindoura para tirar uma boa portarem desses oportunistas de circulação. Penso que depois dessa crise que assola o País principalmente com o desemprego e falências em vários setores os brasileiros estão mais conscientes de quem colocar no poder, não irão na onda de ” malandro ” vote nesse porque eu garanto ! Ainda creio que Deus é brasileiro e esses usurpadores cairão.

  7. Ser idealista, sim. Mas, por favor com talento e competência, é o que não estamos vendo no governo do Temer.Além do que acredito que a utopia é a união de todas as esperanças para a realização do sonho comum. Se realizarmos este sonho, teremos construído uma nova realidade.