Arquivo do mês: agosto 2007

Comentário (III)

Corrupção sistêmica

“Em face do julgamento dos envolvidos no mensalão ressalta um dado pouco explorado pelo noticiário. É a participação de bancos na operacionalidade do esquema de corrupção que se apura. Sabendo-se que o Brasil é hoje uma referência como “paraíso” da lavagem de dinheiro de origem duvidosa, urge que nossas autoridades apertem o cerco na fiscalização do sistema bancário. Somente assim poderemos começar a combater com eficácia a corrupção sistêmica no País. Fora isso, é tapar o sol com peneira”.

José de Anchieta Nobre de Almeida (josedalmeida@globo.com)

FRASE DA VEZ_2/31

“Conhecida a sentença sobre o julgamento do bando dos 40, conclui-se que o fim justificou os e-mails flagrados pelo repórter Roberto Stuckert Filho”.

Cláudio Humberto, jornalista e blogueiro

Nunca antes neste país

“A mesma instituição que, em 116 anos de existência, jamais mandou para a cadeia um político ou administrador público acusado de corrupção começou a se redimir numa escala também sem precedentes. Ao acolher, em apenas três dias de debates, quase todas as denúncias do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, contra rigorosamente todos os 40 participantes do mensalão que ele conseguiu identificar, o Supremo Tribunal Federal (STF) desferiu o primeiro golpe que será “sentido” pela corrupção organizada contra a revoltante impunidade que rasgou e ainda mantém abertas as veias do erário nos três níveis da Federação e nas três instâncias do Estado nacional. Por terem o relator da matéria, ministro Joaquim Barbosa, e os seus pares acolhido as acusações do procurador, em geral por ampla margem de votos, na maioria dos casos por unanimidade, tudo indica que, desta vez, o espetáculo não decepcionará a platéia.

Alguns dos 40 réus poderão ser inocentados por falta de provas de haverem praticado esse ou aquele crime do extenso repertório doravante em julgamento – que inclui formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, peculato e gestão fraudulenta. Outros poderão escapar do castigo graças às astúcias de advogados contratados a peso de ouro para arrastar o processo até a prescrição dos delitos de seus clientes. Ainda assim é impossível subestimar o alcance da mudança que o STF enfim decidiu esculpir na rocha, sob as vistas da Nação, excedendo até as expectativas mais otimistas sobre a aptidão (ou disposição) do Judiciário para levar aos tribunais os donos do poder que fizeram por merecê-lo. Há muito que a esfera pública não proporcionava aos brasileiros tão robusto motivo para a renovação de esperanças que pareciam definitivamente perdidas. Agora, sim, a sociedade pode repetir, sem ferir a verdade, o bordão do presidente Lula: “Nunca antes na história deste país…” (Editorial do Estadão)

OPINIÃO: O aplauso ao STF é nacional. Acima das classes sociais, de cor, credo ou religião, os brasileiros lavaram o peito com a decisão da alta corte de Justiça e expressam abertamente uma imensa alegria pela construção de um instrumento para eliminar a corrupção. A exaltação patriótica só não foi ampla, geral e irrestrita, por causa da infeliz armação pró Dirceu pela entrevista do ministro Lewandowsky, que só não nos preocupa porque sabemos de que alcançou o ministério por intervenção de Mariza Lula da Silva, amiga de sua mãe em São Bernardo do Campo. A primeira-dama escolheu o juiz como seu marido, o Presidente, escolhe seus auxiliares… MIRANDA SÁ

FRASE DA VEZ_1/31


“Olé! Olé! Olá! O STF tá botando pra quebrá!”

Cláudio Janowitzer (cjano@terra.com.br)

Comentário (II)

Tendo sido operário…

“Contra a reforma trabalhista, só se insurge o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fiel à doutrina de Leonel Brizola. Indaga-se até quando resistirá à pressão, por sinal se avolumando. O presidente Lula já declarou mais de uma vez que nunca foi nem é “de esquerda”. Mas também não é de direita. Tendo sido um operário, precisaria estar atento às manobras urdidas contra os trabalhadores. Já fez o máximo de concessões possíveis e impossíveis ao neoliberalismo. Tomara que resista”.

Carlos Chagas, jornalista

Outro giro pelo mensalão

Faca no pescoço…

“Lewandowski é nota dissonante na Suprema Corte. Suas desastradas declarações imputaram a seus pares, no mínimo, a calúnia de terem prevaricado, pressionados pela mídia. Com razão, o ministro Eros Grau já pensa em processá-lo por crime contra a honra”.

Manuel AP. Medeiros (manuelmed@uol.com.brIndigitado ministro

“Se o ministro Lewandowski disse o que disse – “a Suprema Corte votou com a faca no pescoço” -, de duas, uma: ou confirma e se anula o indiciamento dos mensaleiros ou se fecha o STF, por absoluta inutilidade. Da mesma forma, fica o indigitado ministro obrigado a esclarecer o que quis dizer com “a tendência era amaciar para o Zé Dirceu”. Seria, por um acaso, o pay back de sua nomeação? Honestamente, eu até agora não saberia dizer qual das suas frases foi a mais grotesca. Gostaria de saber. Eu e a torcida do Flamengo”.

Alcer Lima de Abreu (alcerabreu@hotmail.com)

Supremas indignidades

“Se ao ministro Lewandowski restar algum traço de dignidade, com certeza renunciará para evitar mais danos à imagem do Supremo. E no mesmo capítulo, que deprimente o fim de carreira do tão pomposo quanto o de Sepúlveda Pertence: apressou a aposentadoria para ajudar no jeitinho que levou por vias tortas o senhor Direito à Corte dos cortesãos”.

Geraldo de F. Forbes (gfforbes@uol.com.br)

Absolvido, mas de quê?

“Para o presidente Lula, os votos que recebeu o absolvem no caso do mensalão. Ora, na época da eleição a maioria de seus eleitores estava convencida de que o mensalão nem sequer teria existido. Só um mero episódio de caixa 2 eleitoral. Validando-se a hipótese de o mensalão ter ocorrido, nunca antes na História deste país houve maior estelionato eleitoral”.

Jorge Alberto Nurkin (j.nurkin@uol.com.br)

Chefe, não

“O ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão, afirmou que José Dirceu era o “chefe incontestável” do esquema. Não era. Como braço direito do Presidente, não iria coordenar operações de suborno de parlamentares sem a anuência do chefe. Lula, aliás, foi o beneficiário direto da corrupção que lhe deu maioria no Congresso”.

Ivo Patarra (ipatarra@hotmail.com)

Estigma

“Apesar de serem considerados culpados, os petistas acreditam que as ações poderão prescrever. Para mim não importa, basta vê-los onde quer que apareçam e direi: olha lá o mensaleiro, o corrupto, o ladrão, o quadrilheiro. Será um estigma para o resto da vida”. Ivany Saba (icavellucci@yahoo.com.br)HaicaiOswald de Andrade, se vivo, possivelmente descreveria o hoje do Brasil com poucas palavras: “Corrupção/ Julgamento em cinco anos/ Esquecimento.”

Caio Pádua Carvalho (cpcmineiro@gmail.com)

AUTORIDADES NA VIDA E NA MORTE!

 

Lewandowski nega “faca no pescoço”

Em uma semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricado Lewandowski, se envolveu em dois episódios que provocaram constrangimentos junto a seus colegas na Suprema Corte. O primeiro, quando veio a público o teor dos e-mails que trocou com a colega Carmen Lúcia e o segundo com a publicação de trecho de conversas suas por telefone, publicadas nesta quinta-feira na Folha de São Paulo. Nos dois casos, ele tratava do julgamento pelo STF dos 40 envolvidos no caso do mensalão.

– Estou acabrunhado – afirmou.

Ao blog, Lewandowski fez questão de dizer que quando falou em “faca no pescoço” – numa conversa por telefone com seu irmão Marcelo, ouvida pela repórter da Folha Vera Magalhães – ele se referia a situação que ficou depois da publicação do teor das mensagens eletrônicas que trocou com a ministra Carmen Lúcia. O jornal Folha de São Paulo diz que ele teria dito ao interlocutor que “o STF votou com a faca no pescoço”, atribuindo a pressão à mídia.

– A conversa foi um desabafo com meu irmão, meu querido irmão que se solidarizava comigo por conta da divulgação dos e-mails – disse Lewandowski, acrescentando que não houve pressão qualquer e que não mudou o voto, embora tenha discordado várias vezes do relator do processo, Joaquim Barbosa.

Ele disse que tinha dúvidas sobre aspectos do processo e, por isso, recorreu às mensagens eletrônicas para diálogos com assessores de seu gabinete e também com colegas – no caso a ministra Carmen Lúcia – porque “são instrumentos de trabalho”. Lewandowski foi o único voto contrário ao enquadramento de José Dirceu no crime de formação de quadrilha. Ele fez questão de dizer que não sofreu qualquer pressão e que não conhece nennhum dos 40 indiciados.

– Posso ter apertado a mão de um ou outro numa solenidade – afirmou.

Fonte: blog da Cristiana Lôbo

Proudhon á mesa!

 

Comentário (I)

O termo “amaciar”

“Estou aturdido com o ministro Lewandowski. Primeiro, o termo “amaciar” é bastante inusual a um ministro do STF. Depois, que conversa é essa de “amaciar a posição” de José Dirceu? Não vê ele, como a Nação inteira, que o rei está nu e que Dirceu sempre foi o subchefe (o chefe mesmo todos sabemos quem é) da quadrilha que se apossou do Planalto e dos cofres públicos? Assim votando, o STF, e especialmente o ministro relator, Joaquim Barbosa, deram imensa lição de civilidade ao Brasil, como há muito tempo não se via. Parabéns ao Supremo, ainda resta uma esperança! Aproveito para lembrar ao presidente Lula que ele não foi reeleito, como alardeia, porque é um dos maiores estadistas “nunca dantes visto”, etc. Foi reeleito porque paga o mensalinho à maioria do povo, que amolece quem recebe e é uma vergonhosa e idêntica compra de votos, que deveria ser objeto de igual denúncia ao STF”.

Waldo A. da Silveira Jr. (waldojr@netsite.com.br)