PT-governo _ Um Estado Policial

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

Vê-se diariamente em todos os quadrantes do Brasil, violência e corrupção ou, corrupção e violência, porque a ordem das palavras não altera o conteúdo de um processo mental que se concentra nas idéias.

E há uma subversão social. Pessoas honestas, trabalhadoras e decentes, moram atrás de grades e a bandidagem está solta nas ruas, agredindo, assaltando, seqüestrando, estuprando e matando, enquanto os governos dos três níveis, municipais, estaduais e federal distanciam-se dessa realidade. 

A vida seguiria assim se os cidadãos e cidadãs que se obrigavam ao conformismo despertassem com uma bomba: as denúncias feitas no livro que Tuma Jr. escreveu em parceria com o Claudio Tognolli, “Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado”.

Cinqüenta mil, ou talvez sessenta mil pessoas tiveram acesso ao livro; mas agora com o autor Tuma Jr. entrevistado no Programa Roda Viva, da TV-Cultura, o acesso ao seu contexto chegou a dois milhões de telespectadores.

Assim, estão escancaradas as corajosas revelações do ex-secretário nacional de Justiça sobre os bastidores do poder, abrindo a polêmica sobre o Estado Democrático de Direito frente à afirmação de que o PT-governo é um Estado Policial.

Espera-se que com isso, seja de bom senso que o Congresso Nacional deixe de recusar a presença de Tuma Jr. para depor sobre as ações criminosas dos ocupantes do poder federal. O que assistimos no programa Roda Viva exige uma investigação.

De acordo com o jornalista Augusto Nunes, que coordenou a entrevista na TV-Cultura, há provas. “Eu vi provas contundentes”, disse à imprensa, somando-se testemunhalmente a Tuma Jr., que afirma deter “um arsenal de provas que serão apresentadas se for levado aos tribunais”.

Os entrevistadores, jornalistas militantes em vários órgãos de imprensa, não são estreitamente ligados, ou de conhecido sectarismo partidário. Foram Cristine Prestes (repórter freelancer especializada em assuntos jurídicos), Eugênio Bucci (colunista do Estadão e da revista Época), Fernando Gallo (repórter do Estadão), Mario Cesar Carvalho (repórter especial da Folha) e Ricardo Sete (colunista da revista VEJA).

No centro desse grupo, Tuma Jr. foi explícito, sem rodeios, respondendo sobre capítulos do livro, e quando provocado, apresentou fatos inéditos, que tirava de uma pasta, sobre a qual não houve curiosidade dos entrevistadores.

Tuma respondeu sua posição sobre as atividades da Polícia Federal e dos órgãos de inteligência, censurando o “amaciamento” deles e a falta de uma direção firme para orientá-los e assumir a independência republicana nas suas atividades.

Relatou a gravidade do assassinato de Celso Daniel, desvelando as torturas que sofreu antes da morte, e o abafamento das investigações; e assim evidenciou o aparelhamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, instigados a produzir dossiês contra os adversários do PT-governo.

Surpreendeu mostrando as polpudas contribuições de Daniel Dantas ao PT, após o arquivamento da Operação Satiagraha e da sua demissão da Secretaria Nacional de Justiça. Arrancando risos dos ouvintes, Tuma Jr. disse que cometeu um “sincericídio” com o seu livro, sabedor dos riscos que corre e obrigando-se a assumir as denúncias feitas.

Entre as evidências, atesta que a relação JBS Friboi com os governos do PT é a maior “lavanderia da história da América Latina”; e recordou a descoberta da conta do Mensalão nas Ilhas Cayman, que o governo e a PF não quiseram investigar; e também que foi instigado a esquentar um dossiê contra o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Para mim, a mais quente das afirmações de Tuma Jr. foi apontar Lula como informante do Dops durante a ditadura militar. Disse que “Lula era informante do meu pai (delegado e depois senador, Romeu Tuma) no Dops; seus relatos motivaram várias operações e fundamentaram vários relatórios de inteligência para evitar confusões maiores com os movimentos da época”

E reafirma: “Lula combinava tudo com ‘Tumão’: quando fazia as manifestações dos metalúrgicos era tudo tranqüilo”. Solicitado a apresentar provas, afirmou que é uma testemunha viva e que há outras, sem excluir a possibilidade que algum relatório do Dops registre informações atribuídas a certo informante de codinome “Barba”.

4 respostas para PT-governo _ Um Estado Policial

  1. Congresso disse:

    Miranda, como sempre no ponto. Daniel Dantas repatriou o dinheiro e deu metade pro PT em doações, a PF deixou ele quieto. Foram bem pagos.

  2. Rodrigo disse:

    uma verdadeira bomba este livro, mas que infelizmente vai se tornar algo anulado de uma forma ou de outra, pois vivemos em um pais de acomodados, onde manifestações são mais para fins de post’s bonitinhos em uma rede social…. a que ponto esta população chegou.

  3. angela disse:

    Após a leitura do livro minha vontade era de mudar daqui! Todos deveriam ler também!

  4. Robertoferr disse:

    Sensato … Sensacional,direto e verdadeiro!