O OVO

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A mente, a liberdade, a luz e a vida/ Neste horror sufocados” (Bocage)

Uma anedota portuguesa referindo-se ao Ovo que ouvi na adolescência, ficou guardada na minha cabeça até hoje. Prende-se à incrível memória de Bocage, Manuel Maria Barbosa du Bocage, um dos poetas mais respeitados da língua portuguesa.

Conta-se que Bocage um dia encontrou-se com um amigo que lhe perguntou qual era o melhor alimento do mundo. Repentista, ele foi ágil em responder:  – “Um ovo”. Passou-se mais de um ano e eis que novamente Bocage e o mesmo amigo se deparam; aquele, antes mesmo de saudar o Poeta, indagou: -“Com quê? ”. Sem titubear, Bocage revidou: – “Com sal”…

O ovo é um alimento saudável pela facilidade em prepara-lo; representa um dos meus desjejuns prediletos, sejam fritos, cozidos e a la coque. Com um pão na chapa, é supimpa!

Entretanto, o ovo como alimento, tem sofrido avaliações diversas de nutricionistas e médicos, às vezes quase antagônicas. Esses diagnósticos levaram tempos atrás a uma quase proibição da gema pela alta concentração de colesterol; depois, anunciaram que não era nada disto, que era o colesterol “bom”, e liberaram garantindo que o ovo oferece equilíbrio em proteínas, gorduras boas e vitaminas concentradas.

O verbete dicionarizado “Ovo” é um substantivo masculino com significados na Biologia e na Zoologia, como célula resultante da fecundação e o embrião posto por muitos animais. Figuradamente é a primeira parte de alguma coisa, o princípio.

A Mitologia grega conta que Helena de Tróia nasceu de um ovo, após a relação de Zeus com a mortal Leda, que se metamorfoseava em gansa. Helena foi considerada a mulher mais linda da Grécia e teve protagonismo na Guerra de Tróia contada na Ilíada de Homero.

Um roteiro baseado na Ilíada, deu-nos um maravilhoso filme ítalo-norte-americano, “Helena de Tróia”, dirigido por Robert Wise e protagonizado pela linda Rossana Podestà.

O Ovo é usado metaforicamente como esperteza, exemplificando-se com a narrativa do “Ovo de Colombo”, algo que não se sabe fazer e depois se acha fácil ao vê-la realizada por outrem. E tem também a previsão maléfica do “Ovo da Serpente”, uma bela metáfora que Shakespeare pôs na boca de Brutus na sua tragédia “Júlio César”.

Aderindo à conspiração contra Júlio César Brutus compara-o a “um ovo de serpente, que eclodindo como sua espécie, cresceria maldosamente, razão pela qual deve ser morto na casca”.

Esta expressão tornou-se popular no mundo inteiro tempos depois, por ter sido o título de um clássico do cinema, “O Ovo da Serpente”, produzido por Dino De Laurentis e dirigido por Ingmar Bergman. O roteiro inspirou-se em Shakespeare, adaptado à realidade berlinense às vésperas da ascensão do nazismo.

As distorções sócio-políticas mostradas no filme saíram do mesmo maquinismo que levou ao mundo, em pleno século 20, os mais lamentáveis períodos de domínio de políticos messiânicos, como ocorreu com o nazismo e o comunismo.

O ninho dos ovos da serpente favorece chocar com eles a instabilidade sócio-política-moral, que gera e traz com ela todas as inseguranças sócio-políticas e a consequente depressão econômica.

No Brasil já enfrentamos as serpentes vermelhas do lulopetismo que se alimentavam do dinheiro público, assaltando vorazmente a Petrobras. Usamos o antídoto da Democracia e as afastamos quando tentavam retornar depois do impeachment do Poste de Lula, patroa do “Belias”…

Mas não tomamos uma vacina – porque, como no caso do covid-19, ainda não há vacina contra a falsidade ideológica -, então precisamos nos conscientizar e matar na casca os ovos da serpente marrom que ameaçam uma volta ao passado com a velha política do Centrão e dos picaretas do Congresso.

Pena que ainda há um grupo – pequeno, mas atuante -, que persiste em aceitar e até justificar isto. Um amigo diz que são robôs, no Twitter se referem a eles como gado, mas eu prefiro vê-los como cultuadores equivocados de personalidades.

A alucinação psicopática desta minoria leva-nos a evocar nosso epigrafado, Bocage, e um pensamento magnífico que nos legou: “Nas paixões, a razão nos desampara”.

 

 

 

 

3 respostas para O OVO

  1. O PODER DA PACIÊNCIA!
    Só ela capaz de nos colocar em sintonia com a natureza, conectados ao momento presente e mais focados em nossos verdadeiros desejos.

  2. Stela disse:

    Pensei que a narrativa levaria ao “cabeça de ovo” ! O eterno psdebista que emperrou a Lava-jato tucana. É um senário impensável da “ditadura da justiça”. Todos se safam! Inclusive Dr Moro, Maía, Dória. Com toda essa narrativa, continuam no poder os mesmos! Lula solto foi a exposição do eterno acordo. Quem se indignou? Ah, pouca gente. O PSDB é mesmo o PT barbeado. O PT faz o trabalho sujo e o PSDB via justiça, emudece a CF canhestra. “E daí? Cala a boca!”. Quem perde somos nós, o povo brasileiro de máscara que esbraveja sob os panos iludidos que estão protegidos! Multa quem já nem se sustenta, prende o angustiado solitário que quer respirar…esgana o pobre, mas dá festas em Araçatuba para mostrar poder à nova namorada. Tristes trópicos!

  3. cellly mattos disse:

    Apois, entao tá, nesta hra nao posso interpretar a segunda resposta..maaaaaaaaaaas em resposraexistem por aeeee, muitosss e muitos “ovos”alguns nascendo, outros sendo chocados..muitoss nascerão “chocados”, de ovo choco…nem deveriam, nem poderiam ter nascidos..aiii fui…’QUEM SOBREVIVER VERÁ…PARABÉNS AUULAA DE CULTURAA, HOOMI Q MEMORIA, NOSSSA …COMO VAAO SE ENCACHANDDO SE COMPLETANDO…LLIINDO Dmais…parabens sempre…inteligencia sempre.Luz…AXÉ. ‘NAO TINHA LIDO’