Mãe do Bispo

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

O eleitorado brasileiro registra 52% de mulheres, enquanto a representação feminina na Câmara Federal tem somente 51 deputadas, menos de 10% do total de 513; isto me parece injusto. Defendo uma participação mais significativa das mulheres na política, mas festejo a emenda recusada que reservaria 10% para elas nos legislativos municipais, estaduais e federais.

Seria iníquo e antidemocrático dar o mandato a uma candidata no lugar de um candidato eleito com mais votos do que ela. Melhor é despertar o gosto das mulheres pela política; fazê-las esquecer a repulsa que os atuais parlamentares provocam em quem tem juízo. Conscientizá-las do alto preço que pagam por não associar sua inteligência, energia e honestidade ao exercício da política.

Sou contra as tais das “cotas”. A cota para negros é uma discriminação explícita que rebaixa os afro-descendentes a cidadãos de 2ª classe, negando a projeção histórica e honrosa dos intelectuais, cientistas, literatos e políticos negros brasileiros. As cotas para as mulheres seriam muito pior, pela condição majoritária delas, que favorece a conquista da delegação política.

Estudando História, adquiri admiração pela baronesa de Staël-Holstein, a romancista e ensaísta francesa conhecida como Madame de Staël, a figura feminina que se projetou no Iluminismo.

Num dos debates que mantinha na corte, como defensora do direito das mulheres serem ouvidas pelos governantes, Staël foi interrompida por Napoleão Bonaparte que disse: – “Não gosto de mulheres que se ocupam da política”.

Madame de Staël não se amofinou, encarando Napoleão: – “Num País em que as mulheres são decapitadas, cabe-lhes o direito de saber por que”. (Lembrava o terror promovido pela revolução de 1789).

À mulher brasileira cabe também o direito de saber por que seu País é levado à falência pela incompetência e corrupção de um governo com menos de 9% de aprovação na opinião pública. Para isto, deve exercitar o espontaneísmo e a honestidade que possui e são necessários ao cumprimento do dever cívico.

As donas de casa que enfrentam a carestia imposta pela inflação, as profissionais desempregadas que se submetem ao subemprego e/ou a salário inferior por questão de gênero, e àquelas com formação acadêmica habilitadas ao debate político, são superiores a Dilma, cujo perfil é uma caricatura grosseira da mulher brasileira.

Como pode uma Presidente apelar para a condição de mulher como defesa para enfrentar a condenação da opinião pública por seus erros? Fazendo-o, Dilma se desnuda. E encontrando-se secretamente em Portugal com Ricardo Lewandowski, presidente do STF, se mostra inimiga da República!

Não surpreenderia a ninguém que ambos conversassem como chefes do Executivo e do Judiciário; revoltante é que isto seja feito subversivamente, por debaixo do pano, induzindo e fazendo-nos deduzir que conspiraram para manter o corrosivo lulo-petismo. Dilma e Lewandowski corromperam criminosamente a harmonia dos poderes constituídos. Esta fuga ao dever ético é uma aberração antidemocrática, a negação dialética do Estado de Direito.

Se os chefes do Executivo e do Judiciário tramam contra a República, a quem apelar? Aponto-lhe a última instância: a Mãe do Bispo, lembrando que se impôs no Rio de Janeiro a expressão “vá se queixar à Mãe do Bispo”.

A História se refere à respeitável mãe do bispo José Joaquim Justino, Ana Teodoro Mascarenhas Castelo Branco. Pela influência política no Estado, na Igreja e na Economia, don’Ana fez do filho um ‘príncipe da Igreja’, e pelo amor ao Direito exercendo-o na prática, granjeou também a confiança popular.

Na época, o casarão dos Mascarenhas Castelo Branco, que ficava no centro da cidade, esquina das atuais ruas Treze de Maio e Evaristo da Veiga, tornou-se um pólo de peregrinação em busca de justiça.

Dois séculos se passaram e não mais existem don’Ana e o casarão. Só nos resta agora rezar para a Mãe do Bispo, levando a nossa queixa em oração contra a esbórnia portuguesa de Dilma e Lewandowski, tramando às escondidas, sob o signo do padrinho dos dois, o pelego Lula da Silva.

 

15 respostas para Mãe do Bispo

  1. Carol disse:

    Sua generosidade é uma bênção para nós.
    Obrigada.

  2. Maria Lucia Gouveia disse:

    Belo texto. Senti-me representada na categoria dona de casa que bate perna em busca de ofertas. A incompetência está se tornando uma maldição…Dilma me envergonha.

  3. Cláudio Cabral Silva disse:

    Excelente! O texto nos leva direto ao centro da discussão atual, que é a recuperação da Justiça nesse país. Justiça livre, independente e isenta.Para acabar com esses desmandos que vimos diariamente.Ou, pelo menos, dificultar as ações delinquentes que assistimos diariamente.

  4. vileite disse:

    Excelente texto !
    Só mesmo rezando à “Mãe do Bispo ” para que o “milagre milagroso ” que tanto ansiamos aconteça : justiça e liberdade para os cidadãos brasileiros !

  5. @Razao17 disse:

    Belo texto amigo Miranda ! Obg.

  6. wikimonica disse:

    Triste país. Temos que viver do folclore porque a realidade é dura demais. Ainda no séc XIV de onde nunca saímos. Somos um projeto para exploradores, agora não mais de além mar.

  7. claudio disse:

    Não conheço a história da mãe do Bispo,só sei que contra a canetada do STF somente a espadada embainhada do Exército!

  8. Ricardo disse:

    Acho que cota é um privilégio indevido à alguém…

  9. Bento Catarin disse:

    No interior do Est de SP, não reclamamos para a mãe do Bispo e sim para o papa, que é o máximo mandatário da igreja
    Com relação as cotas para negros tbm acho que é uma forma de transformar os negros cotistas em gente de segunda sem capacidade de conseguir suas próprias notas, São milhares deles capacitados e que servem de espelho para todos nos.
    A atual Pres do Brasil tem cometido erros,que se tornam pecados contra os pobres brancos,negros, amarelos e mulatos, de nosso pais.Deveria ela pedir licença e sair do cargo que hora ocupa.Como Pres ela é uma ótima guerrilheira se deixando influenciar por seu criador
    Com relação as mulheres de forma geral , que me perdoem na época em que elas não se davam tanto ao trabalho fora do lar os filhos eram + bem educados e tinha-mos menos bandidos nas ruas..O mundo sofre a falta de mães que transferem a outras (os) a educação de seus filhos
    Enfim parabéns por seu escrito.

  10. Dilma apela p/fato de ser mulher p/explicar a rejeição… Sem um “mea culpa” por seus erros?
    MAS OS NEGROS NO VESTIBULAR E AS MULHERES NA POLÍTICA SÃO INCAPAZES?
    “Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original” (Albert Einstein)

  11. Marcia Friceli Vieira disse:

    Perfeito mestre!!! Mais amor pelas mulheres,por favor! Menos a Dilma, mulher macho,sim senhor!

  12. Miro Lopes disse:

    Defendo participação de mulheres, muitas mulheres (atuantes, honestas e inteligentes): menos, ou nenhuma Jandira Feghali, Maria do Rosario (Pasmem, tem vulgo para entrar no presidio do PR e fazer contatos para o PCC), Ideli Salvatti, Katia Ladifundária, principalmente Dilma Roussef (Brizola deu asas a cobra) e outras tantas que só decepcionaram.
    PS: Desnecessário declarar a excelência dos seus textos, sensatez de suas criticas e a importância de suas opiniões. Elucidam e informam seus leitores e seguidores. Meus respeitos e admiração. Aquele amplexo!!!

  13. Ana Maria Ramos disse:

    Que leitura significativa!!! Parabéns

  14. Mais um excelente texto de Miranda Sá. Vamos compartilhar!

  15. Lucia disse:

    Essa criatura que surgiu no cenário político imposta, ganhou logo o cargo máximo! Com os superpoderes poderia ter seguido exemplo das mulheres de coragem como CATARINA, a grande Margarethe da Inglaterra, até mesmo maria bonita.. Falta-lhe atitude e princípios .. Permanecer num cargo por teimosia, cinismo..
    E cadê o amor à pátria? Patriotismo zero! Prefere se lamuriar na mentira de sua condição longe..da . Fragilidade feminina ela não tem mesmo.
    Tb não apoiei o sistema de cotas para cargos políticos, nem cotas pra nada. Tem que ser considerado os méritos ! Basta de jeitinhos para se sobrepor às leis.
    As mulheres não querem igualdade? P que cotas?