Fantasmas do Natal

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender” (Charles Dickens)

A genialidade do ficcionista inglês Charles Dickens brilhou com a sua corajosa contribuição à crítica social na Era Vitoriana, tornando-o o mais popular romancista da época. Seus livros tornaram-se clássicos da língua inglesa e entre eles o espetacular “Conto de Natal”, com tradução em quase todos os idiomas do mundo.

Diz-se que Dickens escreveu-o em menos de um mês para pagar dívidas; e referiu-se à obra como “meu livrinho de Natal”. Não sabia que sua criação se tornaria a mais famosa fantasia natalina dos séculos seguintes, chegando até hoje, quando se anuncia a reprise da sua versão cinematográfica com o filme de animação de 2009, com Jim Carrey, “A Christmas Carol”.

Quando os porras-loucas marqueteiros mandaram Dilma falar dos “fantasmas do passado” na campanha eleitoral, fiz uma referência a Dickens no meu artigo “Os fantasmas”, e volto ao mesmo tema como alegoria do período natalino.

O personagem do conto, Ebenezer Scrooge, é um velho individualista e avarento, sempre mergulhado nas suas contas e negócios, antipatizado até pelos cachorros de rua… A descrição que Dickens lhe faz desenha uma face enrugada, nariz pontiagudo, lábios finos e olhos avermelhados.

Nas vésperas do Natal, Scrooge sonha com o falecido ex-sócio, Marley, que avisa sobre a visita de três espíritos: o do Natal passado, o do Natal presente e o do Natal futuro. A história se desenrola com os três fantasmas assustando Scrooge com as cenas chocantes da infância, da sovinice do presente e, no futuro, a própria morte, humilhante e solitária.

Dickens, proverbial, conclui que a dissecação do seu caráter maligno descongelou a sua insensibilidade e Scrooge se torna um homem diferente. Muito diferente dos políticos brasileiros, principalmente os que ocupam o poder, além de egoístas desonestos e empedernidos.

No Brasil, o pesadelo das autoridades constituídas lhes traz um passado não muito distante, da ditadura miltar que nos seus erros e acertos, subtraiu a liberdade de imprensa e de expressão; do nefasto governo Sarney e do desprezível Collor, com o confisco da poupança, os roubos públicos e o impeachment.

Este fantasma do passado, o do medo – conforme foi usado no infame programa eleitoral do PT – omitiu o Plano Real e seu efeito sanitário contra a inflação; escondeu até que FHC trouxe com seu plano o perverso instituto da reeleição.

O Fantasma do Presente abre um cenário desalentador no ambiente mal-cheiroso de podridão corrupta e a morbidez virulenta da pelegagem. Mostra escândalos que se repetem assustadoramente, corroendo o patrimônio nacional e também o civismo. A rapina cancerosa corrói a Petrobras e sua metástase alcança empresas estatais, bancos públicos e fundos de pensão.

A propagação do vírus da pelegagem deturpa a ética e deprava a Democracia e a República pela decomposição dos costumes, da família e da decência no trato da coisa pública. Fez até aparecer cartilhas para deturpar o idioma e censurar ícones da literatura brasileira como Monteiro Lobato e Machado de Assis.

Gostaríamos que com as canções do próximo Natal chegasse também o Fantasma do Futuro e arranque os antolhos da ignorância nacional e faça o Brasil assistir a perda da soberania e da credibilidade internacional, pelo acintoso domínio do crime organizado.

Quando Getúlio Vargas se preparava para dar o golpe de 1937, o paraibano José Américo de Almeida, ministro da Viação, demitiu-se e discursou alertando os democratas com um exórdio: “É preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar!”

Esta é a tarefa que vimos executando, como caça-fantasma do Medo. A intimidação do fascismo vermelho, pela propaganda enganosa, não assusta mais ninguém. Os fantasmas deste Natal são a revolta popular pelo triste fim da Petrobras e a carestia inflacionária, irresponsável e criminosa, que empobreceu a nossa ceia…

 

12 respostas para Fantasmas do Natal

  1. Ajuricaba disse:

    Mais fantasma que o morto-vivo de 9 dedos não existe

  2. FANTASMAS DO PASSADO BRASILEIRO:
    1º: FANTASMA:Enquanto as 13 colônicas da Inglaterra, localizadas na América do Norte precisavam da mão-de-obra de 500 mil negros escravos, na lida rural e urbana. Nós brasileiros usamos 5 mil escravos, porque os portugueses apenas gerenciavam e apenas os escravos trabalhavam.
    2º: FANTASMA: A colônia brasileira não poderia ter aspirações de liberdade. Quando os “párias” da colônia sul-americana discordavam das aspirações portuguesas além da condenação à morte, o corpo era dividido em vários pedaços…Salgados e expostos nos postes encontrados a margem da estrada que liga o Rio de Janeiro a Vila Rica, para outros “aventureiros” sentissem inibição de imitar os participantes da Inconfidência Mineira.
    3º: FANTASMA: O empresários portugueses, muito bem sucedidos com os negócios do pau-brasil, do açúcar e do café neste nosso país, eram chamados “BRASILEIROS”. O adjetivo não relacionado com o gentilício usado hoje para nos designar, mas com o sentido de “ganhar dinheiro” com a colônia chamada Brasil.
    4º: FANTASMA: Enquanto a população branca com potencial espiritual e intelectual para transformar colônias em países independentes… A “massa” de brasileiros em condições de se rebelar contra os colonizadores, teve que contar com a Providência Divina, que levou Napoleão Bonaparte a desempenhar na libertação do nosso país uma função que guarda alguma semelhança com Ciro, quando o último devolveu para a palestina os escravos judeus existentes na Babilônia.
    Ao invadir Portugal levou Dom João VI a trocar sua sede de governo localizada em Lisboa, pela cidade do Rio de Janeiro..
    Em dez anos ficou tão evidente que o Brasil não permaneceria subordinado a Portugal, que Dom João VI, fez que seu filho Pedro de Alcântara não esquecesse, que se no momento certo não se fizesse coroar libertador e imperador do Brasil, que algum aventureiro o faria.
    5º: Está escrito em Mateus 12:33 que os “fantasmas” do presente e do futuro relativos ao gênero Humano vão depender NATUREZA da espécie de “arvore” de onde tal Homem procede. Quando bem dotados em suas essências produzem boas obras… Aspiram boas coisas e dizem belas palavras, mas quando da qualidade dos empresários BRASILEIROS do tempo colonial com coração de portugueses… Que somente roubalheira, corrupção e traição ao povo podem ser esperados.

  3. decargarcia disse:

    Que 2014 não seja nosso último Natal, e que alguém tenha a mesma coragem que José Américo de Almeida. Feliz Natal !

  4. Ivana disse:

    Esses fantasmas não impedem e nem impedirão que os fortes sigam em busca de um Brasil melhor. Avantes e firmes!

  5. Reri Barreto disse:

    Miranda Sá, seu artigo torna-se um grito de alerta contra as falcatruas existentes em nosso Brasil.

  6. Feliz Natal e um Ano Novo de Mudanças Radicais …

  7. vileite disse:

    Scrooge,perto da nefasta quadrilha petralha,é um “santo.” A única esperança agora É que o fantasma do futuro liberte o Brasil do jugo opressor comunista que nele se instalou ,afim de que o país possa recuperar toda a sua credibilidade e soberania nacional como internacional.
    Feliz natal a todos!

  8. helen rigos disse:

    Quero acreditar que o povo brasileiro digno não tem medo de fantasmas! 🙂 Posso aproveitar e te desejar um Feliz Natal a você, mestre querido, e toda sua família. Obrigada por lições. Bjs

  9. Bira disse:

    O mensalão já foi motivo para o fim do PT mas a oposição se vendeu. Como o petrolão é mil vezes pior, não dá para ignorar, apesar do judiciário muito na defensiva e as cpis de amigos.

  10. Penso que bons Natais virão em breve, muito breve, porque NÃO CREIO que este des-GOVERNO chegue ao final do seu mandato. Anotem!

  11. Rosi disse:

    Perfeito para nossa reflexão no dia de hoje e nos cobra força nas atitudes em 2015.

  12. suely gomes disse:

    olá. Muito bom texto. Admirável. Estou aguardando manifestações a respeito da indicação de Cid Gomes para Ministro da Educação. Será a coroação da tragédia educacional no país?