DA VIOLÊNCIA

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A Violência se alastra pelo mundo como o espetáculo e o estrondo das cachoeiras, é impossível não a ver nem a ouvir. A agressividade, o desrespeito e a ofensa se fazem presentes no noticiário jornalístico do nosso dia-a-dia.

O verbete Violência, dicionarizado, é um substantivo feminino de etimologia latina “violentia.ae” – qualidade de violento; no nosso idioma, é opressão, tirania, sujeição de uma pessoa forçando-a a fazer algo que se recusa por livre vontade. Em termos jurídicos, trata-se de constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, obrigando-o a cumprir o que lhe é imposto: violência física, violência psicológica.

A Organização Mundial de Saúde define a Violência como “o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade”.

Com vistas à Violência, o Anarquismo combate o arbítrio do Estado, cujas ações, segundo seus teóricos, constituem formas de violência de natureza estrutural, como a pobreza pela negatividade do bem-estar social com políticas que produzem e estimulam a desigualdade socioeconômica mantendo privilégios e injustiças.

Em verdade, a pobreza é sem dúvida uma violência mantida por políticas opressivas sobre grupos minoritários despossuídos de direitos legais. Com isto, surge o que os estudiosos classificam como “Violência Interpessoal”.

Esta tipologia define diferentes formas de violência: a conjugal ou familiar, que ocorre no próprio lar; e a violência comunitária, que acontece entre pessoas sem vínculos de parentesco, que podem ser conhecidas ou mesmo entre desconhecidos.

No campo da violência interpessoal se achegam as ideologias religiosas e políticas capituladas nas páginas da História da Humanidade. Encontramos curiosamente (e é um fato notório na atual conjuntura) que os estamentos eclesiais e partidários se acusam uns aos outros de violência em análogas situações.

É inegável, por exemplo, que a Bíblia judaico-cristã encerra um vasto acervo de fatos violentos, trazendo – como já disse alguém – “ao lado de exemplos de virtude, estupro e fratricídio humanizados, e os castigos da ira divina como o dilúvio, pragas do Egito e destruição de Sodoma e Gomorra”.

Encontra-se na passagem de Adão e Eva, um exemplo de violência: Jeová propondo normas de obediência e preceitos ditados pela sua autoridade; e tais normas sendo desobedecidas pelo casal primevo, levou-o à expulsão do paraíso.

O cristianismo imperial da Igreja Católica criou a “injúria de sangue” contra os judeus e os seus tribunais da Inquisição condenaram como feiticeiras as parteiras e as mulheres que se aconselhavam com elas. Ainda hoje surgem acusações de satanismo contra adeptos de religiões de origem africana ou indígena.

Ao longo da História temos diversos capítulos sobre a violência nos quatro ou cinco mil amos de civilização. Desde os tijolinhos em sânscrito da Mesopotâmia, aos papiros egípcios e os rolos da Torá, para ficar apenas no Ocidente; e, nesta banda do planeta Terra, a opressão tirânica da política e a crueldade nas guerras religiosas.

Vejo no discurso de ódio uma forma de violência na política brasileira; é, para mim, a ouverture da opereta de horror que vimos assistindo com protagonistas entre os que combatem o terrorismo. É a desfaçatez dos bolsonaristas defendendo o armamentismo como defesa; e vem fantasiada de amor pelos odientos lulopetistas contra adversários.

Este rancor cai por terra com a pregação de Mahatma Gandhi: Acusado de covarde, ele retrucou: – “A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível”.

A “Não-Violência” é o que nós, tuiteiros independentes da polarização, praticamos.

 

 

2 respostas para DA VIOLÊNCIA

  1. Luiz Nascimento Carvalho disse:

    Não cortaram o mal pela raiz. Deixaram que ficasse forte. Onde o Estado esta ausente, o crime vai estar sempre presente. Quem deveria estar cuidando da segurança das pessoas, na maioria são os que cometem crimes. Infelizmente ainda vai morrer muita gente inocente.

  2. MAIS UM BELO ARTIGO MEU AMIGO, MAS “A VIOLÊNCIA É A MÃE DA VIOLÊNCIA.”
    SIMPLES ASSIM!!!