crônica

O Carnaval de Mário de Andrade no Rio de Janeiro

Em 1923, Mário de Andrade foi passar o Carnaval no Rio de Janeiro. Os planos eram de visitar Manuel Bandeira em Petrópolis. Mas Mário se apaixonou pelo Carnaval Carioca e não foi visitar Manuel. Ele acabou escrevendo uma carta ao amigo, justificando a sua ausência:

“Meu Manuel…Carnaval!!…Perdi o trem, perdi a vergonha, perdi a energia…Perdi tudo. Menos minha faculdade de gozar, de delirar…Fui ordinaríssimo. Além do mais: uma aventura curiosíssima. Desculpa contar-te toda esta pornografia. Mas… que delícia Manuel, o Carnaval do Rio! Que delícia, principalmente, meu Carnaval!

Meu cérebro acanhado, brumoso de paulista, por mais que se iluminasse em desvarios, em prodigalidades de sons, luzes, cores, perfumes, pândegas, alegria, que sei lá!, nunca seria capaz de imaginar um carnaval carioca, antes de vê-lo. Foi o que se deu. Imaginei-o paulistamente. Admirei repentinamente o legítimo carnavalesco, o carnavalesco carioca, o que é só carnavalesco, pula e canta e dança quatro dias sem parar. Vi que era um puro! Isso me entonteceu e me extasiou. O carnavalesco legítimo, Manuel, é um puro. Nem lascivo, nem sensual. Nada disso. Canta e dança. Segui um deles uma hora talvez. Um samba num café. Entrei. Outra hora se gastou. Manuel, sem comprar um lança-perfume, uma rodela de confete, um rolo de serpentina, diverti-me quatro noites inteiras e o que dos dias me sobrou do sono merecido. E aí está porque não fui visitar-te. Estou perdoado.”

(MORAES, M. A.(org.). Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira. São Paulo: EDUSP, 2002, pp.84-85)

  • Comentários desativados em O Carnaval de Mário de Andrade no Rio de Janeiro

O MELHOR REMÉDIO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Um comentário que correu em Londres no após-guerra discorreu sobre a passagem de Churchill, à noite, por uma farmácia toda iluminada e disse: – “Eis o motivo de todas as doenças…”.

Não sei se é verdade ou simplesmente uma piada, mas foi notícia de jornal. Lembrando disto, matutei sobre a interpretação um tanto maldosa do herói inglês; vejo que por um lado, é uma afronta à indústria farmacêutica, e, do outro lado, expõe uma contradição: as farmácias produzem as enfermidades ou são consequência delas?

Constatamos que no Brasil esses estabelecimentos aderiram (por lei) à moda dos EUA, isto é, além de medicamentos e artigos de higiene, vendem também mercadorias de conveniência. Talvez, por isto, a multiplicação das drogarias debaixo da Linha do Equador é impressionante.

Não dá para explicar como isto ocorre nos países de livre concorrência. Nas grandes cidades do Brasil, por exemplo, elas são incontáveis. A Rua do Catete, no Rio de Janeiro, tem pouco mais de cinco quilômetros, e nela tem 42 farmácias, muitas delas vizinhas à outra.

Ando pelos bairros Glória, Catete, Laranjeiras, e não encontrei neles as especializadas em homeopatia e somente um único herbanário; mas competindo pela cura de enfermidades, temos vários templos evangélicos prometendo milagres.

Por este cenário se conclui que o povo está doente. Remédios industrializados monopolizam praticamente a demanda, mas ainda persiste busca de remediar pelos métodos tradicionais caseiros de chás, jejuns e lavagens; e pela religião, a crença na terapia com passes mediúnicos e rezas.

Ressalte-se que essa alternativa pelo miraculoso chama a atenção. Em favor disto lembro de um tio que ajudava os que buscam recuperar a saúde acreditando em milagres. Contava que assistiu na Índia um faquir enterrar uma semente no chão e tremulando as mãos sobre ela, conseguia em poucos minutos sua germinação, crescimento e produção de flores….

Será que os milagres acontecem realmente? Hoje em dia, milagres já não ocorrem como nos tempos bíblicos, como relatou João 18.10. que o apóstolo Pedro sacou da espada e feriu Malco, o servo do sumo sacerdote que acompanhou os soldados para prender Jesus; decepou-lhe a orelha direita e, segundo Lucas (versículo 51), Jesus acudiu, repreendeu Pedro, e tocando na ferida de Malco, estancou o sangramento e recompôs a orelha.

Estas práticas milagrosas condizem com as lições de Hermes Trimegisto (Três Vezes Grande) sobre a vontade enérgica transformadora. Citado por Tomás de Aquino na “Pedra Filosofal”, Trimegisto escreveu que “o poder da cura está nas mãos de qualquer um, desde que empregue as partículas da divindade presente em todos os seres”.

O milagre da cura desperta a curiosidade do intelectual irrequieto e do educador curioso, que procuram abrir as janelas de onde se contempla a Verdade. Então veem diante de si que o sobrenatural envolvido pelo véu da fé e da esperança disputa com as descobertas da ciência médica e com a tecnologia avançada da Inteligência Artificial.

Entre a metapsíquica e a pesquisa científica há espaço suficiente para pensarmos em nós mesmos, na nossa saúde, vigor e intento pela longevidade. Aconselha-se remédios, os melhores, segundo usuários: Um deles vem do noroeste do México indicado por um xamã da tribo yaqui, entrevistado por Carlos Castañeda para o livro “Uma Estranha Realidade”.

“Dom Juan”, como Castañeda o chamou, aparentava uma idade indefinida, talvez 80 anos. Sua fórmula para alcançar uma velhice forte e sadia chegada de tempos remotos, dos avós dos seus avós: um copo d’água quente em jejum, ao acordar pela manhã.

A outra terapia revigorante é do século 19, foi anunciada pelo naturalista François Huber, o prodigioso uso da geleia real das abelhas, cujo poder dá à rainha da colmeia idade 50 vezes superior à atingida pelas abelhas operárias.

Cheguei aos 90 anos e a aproximadamente a uns 20, faço o que Dom Juan indicou; quanto à geleia real, autêntica, é caríssima, não está no meu orçamento… Rsrsrs.

 

 

 

O VALOR DA VIDA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A liberdade de opinião tem dessas coisas: há no Twitter quem aprecie e aplauda, e outros que estranham e consideram dispensável o meu refrão “Viva a Vida!” nos bons dias que dou diariamente na rede social.

Ao exaltar a vida, penso que não o faço sozinho; todo ser humano possui no seu íntimo a consciência do valor da vida no correr da existência. É a mais bela louvação espiritual da civilização.

Enaltecer a vida é renascer; o culto da morte, pelo contrário, é fruto de uma doutrina antiga, mumificada no tempo e enterrada dentro do sarcófago de crendices medievais, do catolicismo ultramontano e do evangelismo comercializado.

É claro que a morte faz parte da vida; fazê-la presente no dia-a-dia, porém é negação; e o pessimismo é um suicídio prolongado e torturante. O que é real, é a evolução da humanidade a cada geração e presentear-nos com as maravilhas que a Natureza oferece e as descobertas da Ciência.

Lembro que nos meus tempos colegiais ouvíamos dos professores que os sentidos humanos eram cinco, visão, audição, paladar, olfato e tato; hoje sabemos que estão em estudo cerca de 19 outros, da premonição à telepatia.

Também parados no tempo, os professores de química nos ensinavam que o ouro não podia ser fabricado, era apenas uma fantasia dos antigos alquimistas; hoje sabemos que pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan, Estados Unidos, criaram ouro de 24 quilates em laboratório, com uma pureza superior a 99,99%. Sai muito caro, não vale a pena, mas que se fabrica, se fabrica….

É ou não é um motivo para nos alegrarmos? Acho que sim, e me entusiasma ainda mais a velocidade com que a ciência médica avança, como vimos na criação da vacina para a covid-19, que salvou milhões de vidas na pandemia.

Assistindo a marcha da humanidade para o futuro incerto, favorável ou adverso, uso o presumível sentido da premonição para delinear o advir e as suas contradições, como desprezo ao Meio Ambiente.

Esta análise vai do ambiente poético dos peixinhos de aquário às organizações mundiais que defendem animais e plantas ameaçados de extinção; mas o problema não é de órgãos privados; cabe aos governos atuar obrigatoriamente neste sentido. Sem demagogia nem plebiscitos; com disposição de enfrentar as adversidades.

É revoltante constatarmos que ocorre o contrário. Os governos são o próprio “sistema de exterminação”. A preocupação dos políticos se limita aos discursos eleitorais, não adota princípios nem ideologia; a sua única disposição é se manter no poder quando o alcançam.

Infelizmente é o que ocorre no Governo Lula-Centrão, da mesma forma como ocorreu no governo antecedente. Bolsonaro deixou as populações indígenas à míngua e agora Lula quer explorar petróleo na foz do Amazonas.

Isto calou e cala os “liberais da direita bolsonarista” e os “ambientalistas da esquerda lulista”, fanáticos atraídos pelo imã do culto da personalidade dos seus líderes. Antes

exaltavam a morte pelo negativismo da Ciência, pregado “religiosamente”; atualmente escondem a incapacidade de enfrentar o crime organizado.

As limalhas de ferro enferrujado da falsa direita e da falsa esquerda, se imantam junto aos laboratórios que fabricam ouro e vacinas; é a avidez dos pelegos lulopetistas por dinheiro, e, lado-a-lado a estupidez anticientífica do bolsonarismo.

FÁBULAS: HOMENS E ANIMAIS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Ao meio das calamidades e tragédias que toda guerra ocasiona, sempre há lugar para o humor; humor cáustico, mas humor. No conflito mundial de 1939-1945, após Hitler ter conquistado quase toda a Europa e impondo a sua supremacia sobre os aliados do Eixo, desagradaram-nos, e eles passaram a criticar a Alemanha.

Por sua vez, os italianos, para não negar os 3.000 anos da civilização romana, inventaram uma fábula que abriu as mentes dos militares patrícios. Criaram uma situação em que três representantes da aliança nazifascista viajavam num bimotor quando piloto anunciou que um dos motores pifara e era necessário aliviar o peso do avião.

Daí, o japonês exclamou “Banzai!” e se atirou no vácuo; o italiano emocionado imitou-o, dando um viva à Itália. Ficando só, o alemão – nazista de carteirinha – foi à cabine, matou o piloto jogou o corpo fora e assumiu o controle da aeronave.

É isto aí: a disputa hegemônica na política ocorre sempre: Assassinatos de quem ameaça o poder; expurgos partidários para assumir o comando; e, abertura de novas frentes para conquistar novos aliados.

Infelizmente é o que vemos  no Brasil. Na luta pelo poder adota-se a experiência que a Bíblia relata sobre a guerra dos israelitas contra os filisteus: “Sansão caçou 300 raposas, ateou fogo na cauda dos pobres animais e soltou-os na lavoura dos inimigos.

Este episódio fantástico encerra a luta pelo “espaço vital”, em que o mais forte quer conquistar. Na 2º Guerra foi argumento de Hitler para invadir a Tchecoslováquia, e se repete com a disputa da Faixa de Gaza por judeus e palestinos.

Terror à parte, visto e condenado pelas ações do Hamas e repetido oficialmente como resposta pelo governo de Israel. Guerra é guerra, instrumento de destruição e morte. E este desastre catastrófico horrendo para os amantes da paz, como eu.

Para piorar esta situação, o noticiário chega aqui politizado pelos polarizadores da falsa direita bolsonarista e a falsa esquerda lulista. É triste constatar esta verdade; somente as pessoas independentes falam em diálogo e propõem um entendimento que acabe com a devastação e a mortandade.

Se há criminosos de guerra, devem ser julgados; se são computadas as vítimas letais e os prejuízos materiais, que sejam compensados. Isto pode parecer calculismo frio e materialista, mas é o que me passa pela cabeça. Se desagrado, desculpem-me.

O vértice das desavenças não deve ferir a liberdade de opinião, assim como a informação não pode vir distorcida para convencimento dos descuidados e ingênuos. É justamente a catarata abundante de fake news que impõe uma visão despida de partidarismo. A mentira tem um alto preço, até a condenação da morte.

É o que lembra a fábula do Rei e da Pomba. – “O soberano de certo país sofria de úlcera gástrica e os seus médicos o aconselham uma dieta com filhotes de pombos ainda no ninho e implumes.

Cortezões saíam em campo a procurá-los; um dia uma pomba aproximou-se do rei e implorou que evitasse a caça ao seu filho; ele se comoveu e perguntou como poderiam identifica-lo; – “Não é difícil, majestade”, disse a ave, – “é o pombo mais lindo, mais sadio e mais forte que fica no pombal do Sul”.

As dores atrozes continuaram e o monarca manteve a dieta, sem esquecer da promessa feita. Então ao seu cozinheiro que preparasse os borrachos mais feios e depenados encontrados no pombal do Sul.

Após a refeição recebeu, de novo, a visita da pomba, que lamuriosa que disse: – “Comeste o meu filho, senhor!”. Pobre dela, sofria de “Catatimia”, perturbação mental que confunde o amor com a aparência.

O NEGATIVISMO DA CIÊNCIA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Neste tempo em que a Índia envia uma sonda ao lado escuro da Lula e revela a importante presença de oxigênio lá, há cretinos no Brasil que creem ser a Terra plana e outros estúpidos combatem as vacinas por convicções religiosas.

Desta maneira, vemos que enquanto a humanidade caminha científica e tecnologicamente para o futuro, a inconveniente e nociva burrice de falsos conservadores brasileiros se mantém; e, pior, fazem a cabeça das pessoas ignorantes, aptas a aceitar absurdos.

Soube, enquanto estive em Buenos Aires, e não testei, que  falta  professor de Astronomia na USP a muito tempo. Isto mostra um cenário dúplice:  sendo verdade, revela a idiotice dos pelegos que pululam politicamente nas entidades acadêmicas; registra o desprezo pela Ciência daqueles que não são cientistas, mas trapaceiros que persistem em ocupar o poder.

História registra, por exemplo, que no Instituto de Ciência francês – fundado em 1816 – ocorreu um fato que hoje lhe envergonha por ocorrência antiga: para comemorar os 50 anos da sua fundação, o Instituto recebeu dos Estados Unidos um fonógrafo, réplica da invenção de Thomas Edson. Na apresentação pública, o acadêmico Bouillard agarrou o operador pela gola gritando: – “Esse fraudulento ventríloquo quer no impingir as mentiras de um tal de senhor Edson!”

Vê-se com isto como as Academias enxameiam de fingidores oportunistas. Contra eles, porém, a Ciência se impõe silenciosamente. Assim, ao contrário do negativismo exposto no Instituto Francês, também na França tivemos o caso da invenção do vidro inquebrável, que tem salvo milhares de vidas. Ocorreu por coincidência no início do século passado: O cientista Edouard Benedictus inventou-o por acaso: tomado pelo sono, interrompeu uma pesquisa e apressado, deixou cair uma garrafa no laboratório.

No dia seguinte encontrou o vidro quebrado, mas o seu conteúdo manteve a sua forma; então reconheceu que o solvente se evaporara deixando uma película de nitrato de celulose unida à parede interna do vaso.

Semanas depois, Benedictus leu no jornal a notícia de um grave ferimento por cacos de vidro, sofrido por um motorista após um desastre. O Cientista lembrou-se da garrafa com solução de colódio; e inventou o vidro inquebrável….

Assim caminha a Humanidade. Na Idade Média o intelectual o médico suíço Philippus Aureolus Theophrastus, conhecido como Paracelso, notabilizou-se pela defesa do uso de plantas medicinais para a cura de doenças e foi acusado de ser defensor do xamanismo.

Vê-se hoje que – a despeito do que impõe a poderosa indústria farmacêutica –, que Paracelso como pesquisador, tinha razão; e legou para o futuro a polêmica teoria de que as doenças mentais se agravam no período escuro da Lua.

Estou doido para ver os indianos descreverem o hemisfério da Lua que a gente não vê daqui da Terra. Será que é ali que se produz ou se acumula a energia negativa que influi nos cérebros humanos?

Tomara que a Ciência triunfe na pesquisa da psicopatia que grassa epidemicamente na política brasileira. Podíamos até levar para a política internacional, porque nunca, em tempo algum, viu-se uma baixaria tão grande entre os líderes mundiais. Aqui, porém, os estoques da estupidez humana batem recordes entre nós.

Como exemplo, o presidente Lula não governa, só atua polarizando -se eleitoralmente com Bolsonaro, que, por sua vez, mesmo inelegível, está em plena campanha eleitoral. Por falta de um ensino científico e o negativismo das vacinas, vivemos uma situação psicótica tão grave que não tem fase da Lua que dê jeito no Brasil dividido entre estes dois….

  • Comentários desativados em O NEGATIVISMO DA CIÊNCIA

A CAMADA DE PRATA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Para se fazer um espelho, o fabricante usa duas camadas sob o vidro: uma de metal, que para valorizar a qualidade e melhor refletir a imagem, é preferencialmente de prata; e, para finalizar, entra uma camada fosca chamada de base.

Toda vez que assisto a dupla e frontal acusação feita sobre a ganância de Bolsonaro e de Lula, eu me lembro do espelho. Primeiro, porque não acredito que em frente a ele não sintam remorsos por serem corruptos; e segundo, porque me vem a memória uma fábula judaica, que os pastores evangélicos deveriam aprender.

Conta que um acumulador de dinheiro, mesmo depois de ser bilionário, foi se queixar com o rabino porque a comunidade o estava criticando como avarento psicótico; então o sacerdote respeitadíssimo pela cultura geral além da Torah levou-o até a janela da Sinagoga e perguntou-lhe o via através da vidraça.

– “Vejo o pessoal passando pela calçada defronte”, disse o ricaço. O rabino pegou-o pelo braço e levou-o para frente de um espelho: – “O que vês agora?”, perguntou. E o reclamante respondeu que via a si mesmo.

Sentando-se e mandando o crente também se sentar, e falou: Você comprovou, meu irmão, a diferença entre o vidro e o espelho, pelo vidro a gente vê os outros, mas quando este é revestido de prata só vemos a nós mesmos.

Eis uma lição sobre o egocentrismo dos dois líderes que se polarizam eleitoralmente graças à alienação, ao desleixo ou à ignorância da massa, submetida a uma pesadíssima carga de propaganda.

O “deixa passar” por preguiça mental e à ignorância por falta de estudo e informação correta, pesam muito numa eleição. O analfabeto político, condenado por Brecht por não ouvir, não falar e não participar dos eventos políticos, é execrável: Não sabe para onde vão os impostos que paga, nem se informa sobre o custo de vida.

Este alienado é o responsável pela desgraça que se abateu sobre o Brasil, com a disputa permanente e ininterrupta dos extremistas auto assumidos “de Direita” e “de Esquerda”, seguindo líderes que sequer sabem o que significa historicamente os dois termos.

Bolsonaro e Lula são dois oportunistas, isto sim. Ávidos pelo poder, não para trazer a justiça social à Nação, nem para desenvolver econômica do País; pensam apenas em tirar proveito do cargo, acumulando propinas como se fossem “presentes”, e confundindo presentes de outros chefes de Estado ao cargo como se fossem seus; não os entregam ao patrimônio público.

A polarização que vemos está colocada entre os onze contêineres que Lula levou do Palácio e as joias que Bolsonaro se apossou indevida e criminosamente. Envolvidos por uma camada de prata só enxergam a si mesmos e nos induzem a lutar contra eles defendendo o Centro Democrático contra os extremismos.

 

 

“OITENTÕES”, PASSADO E PRESENTE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Foi postado do Twitter: “…E os oitentões como eu são mais felizes, lembram o Governo JK, quando o negócio mais próspero era uma oficina de fazer placas de “PROCURA-SE”, não bandidos, mas trabalhadores nos quatro cantos do Brasil. Um quinquênio de prosperidade, desenvolvimento e justiça social”.

Eu, noventão, vivi esta época, e votei na chapa JJ, de JK e Jango. Vinha de uma infância e pré-adolescência sob Getúlio Vargas e gostava da aliança que a inteligência dele criou: O Partido Social Democrático – PSD _, e o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB -, cada qual assumindo uma fração política da nacionalidade.

Centro Direita e Centro Esquerda formando um todo ideológico pelo desenvolvimento econômico do País sofrendo apenas a resistência de meia dúzia de três ou quatro oficiais lacerdistas da Aeronáutica que se rebelaram, e foram anistiados benignamente por JK.

Naquele período histórico, como eram respeitados pela cultura jurídica, os magistrados brasileiros! Como eram estudiosos os oficiais de Estado Maior das Forças Armadas! Como eram independentes as organizações de trabalhadores e estudantis, ativas e patrióticas.

O somatório de tudo isto produziu uma intelectualidade brilhante na arquitetura, no cinema, na literatura, na música, no paisagismo e na pintura; e, como não poderia deixar de ser, um empresariado consciente defendendo o desenvolvimento econômico paralelo da Agricultura e da Indústria e a necessidade de se expandir para o Exterior

É triste constatar o lixo cultural, econômico, social e político que temos hoje no Brasil! Um esgoto de mediocridade, desembocando no lamaçal de personalidades inúteis e políticos corruptos, corrompíveis e corruptores.

Oitenta anos atrás, alisando os bancos ginasianos ouvi do meu professor de História, Wilson Pinto, uma aula sobre o filósofo e diplomata inglês Francis Bacon, criador e defensor do método indutivo na pesquisa científica.

Bacon defendeu a tese de que só pela experiência se adquire a cognição baseada no raciocínio; e, como intelectual honesto, embora sendo súdito de sua majestade britânica, se correspondia com Napoleão Bonaparte.  Numa de suas cartas definiu o conceito de egoísta, disse que “é a pessoa que incendiaria a casa do vizinho para lhes fritassem um ovo” ….

Certamente os empedernidos egoístas que ocupam dos andares de cima dos poderes republicanos no Brasil pensam desta maneira. Ao lado do egocentrismo que domina o STF, assistimos a covardia personalista de Bolsonaro terceirizando sua delinquência no caso das joias sauditas; e, do outro lado, a insanidade de Lula divertindo-se em viagem internacional com a companheira das visitas intimas, enquanto nossos irmãos do Sul sofriam castigados por uma catástrofe climatérica.

Assim vivemos a estúpida polarização eleitoral no Brasil graças ao “eusismo” deste dois, e o apoio fanatizado de cultuadores de suas personalidades, um quadro infeliz que nos traz Blaise Pascal, um racionalista que buscou compreender a razão humana, condenando o “moi”, eu, é le mot haïssable”, uma palavra odienta.

Quem estuda História sabe que é pelo doentio egoísmo dos polarizadores que lhes faz correr para o totalitarismo, invejando na democracia os ditadores, ou dos antigos imperadores tipo Xerxes – o persa -, que alertado sobre a ameaça que do seu navio afundar por excesso de peso, ordenou aos cortesãos que se atirassem n’água para salvá-lo; e eles o fizeram.

SONHOS, SONHOS, E MAIS SONHOS

MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)

Por mais absurda que seja uma ideia, sempre tem um seguidor. Para ridicularizar os princípios conservadores da Direita, alguns trumpistas e sua versão nacional, bolsonaristas, defendem a louca teoria da Terra plana. E conquistam seguidores.

Na antiga Roma, Cícero escreveu que nada existe de tão extravagante que não tenha encontrado um filósofo para teorizá-la. Isto constamos, passados mais de 2.000 anos, ao ver intelectuais, curvando-se às mentiras de Lula da Silva, defendendo a tese de que o impeachment de Dilma “foi um golpe”. Bem concluiu Michel Temer: – “Se foi golpe, foi um golpe de sorte’.

Do outro lado da moeda falsa da polarização, a empresa Bolsonaro & Filhos, ofuscada pelo brilho diamantino das joias árabes, se aproveita para lançar no comércio das ilusões a marca Mijoia, uma experiência adquirida no mercado negro.

Esta encenação macabra dos dois extremistas nos leva a sonhar pelo fim deste cenário tenebroso da política nacional. E, em referência a sonhos, lembro que Freud, profundo conhecedor do onirismo, escreveu que quando as pessoas sonham, interiorizam na mente a realidade que vivem no cotidiano.

Curvando-me à sapiência do pioneiro da Psicanálise, reconheço que materializei minha vontade de libertar o Brasil do jogo maléfico dos extremismos, revoltado com a avalanche de mentiras que leva parar o Brasil ao acostamento na estrada do futuro.

Os autênticos patriotas desejam e sabem como é difícil enfrentar a carga propagandista midiática defendendo a polarização eleitoral entre “eles”, como uma coisa inevitável; e que é impossível varrer para debaixo do tapete da História os protagonistas trapaceiros.

Reconheço que é, sem dúvida, uma tarefa espinhosa livrarmo-nos dos ministros togados do STF com suas sentenças corporativas e, pior ainda, suspeitosamente monocráticas; será dureza higienizar e pulverizar com DDT o parlamento, livrando-o dos picaretas que o infestam; e, mais difícil ainda impichar o ex-presidiário corrupto que chefiando o Executivo, ignora a existência do Tribunal de Haia!

Assim, para ajudar o País a alcançar o sonho radioso da ordem, progresso e justiça social, raciocinamos diferente do príncipe demente Hamlet, que no dilema do ser ou não ser, exprimiu: – “Morrer — dormir; dormir, talvez sonhar — eis o problema: pois os sonhos que vierem nesse sono de morte, uma vez livres deste invólucro mortal, fazem cismar”.

Ao contrário do herói de Shakespeare, nós queremos viver e não cismar! E viver muito para realizar o nosso sonho. Esta luta exige uma vida perseverante, para ir às ruas com uma lanterna na mão à procura de um brasileiro que liberte o Brasil dos extremismos.

Citando a lanterna de Diógenes, vem à memória uma história da antiga Grécia que li muitos anos atrás, conta que  Sócrates descansando à beira de um lago, adormeceu, e sonhou que um cisne nadou ao seu encontro e se aninhou nos seus braços; repousou, e depois alçou voo para o céu.

Na manhã seguinte, o Filósofo se perguntava sobre qual seria o significado do seu sonho. Eis que bate à sua porta um jovem, pedindo-lhe que o aceite como seu discípulo. Era um rapaz bonito, alegre e desembaraçado que entusiasmou Sócrates. levando-o a refletir: – “Eis o cisne com quem sonhei! O futuro aluno era Platão.

Como vimos, ninguém deve desprezar os sonhos, porque o que sonhamos é o que desejamos, e o Brasil deseja ardentemente que apareça um político honesto para salvar a nossa Pátria.

 

 

 

DE NOMES E APELIDOS

No ano passado escrevi um artigo referindo-me ao jogo divinatório conhecido como “Onomatomancia”. Onze meses se passaram e um colega das redes sociais apareceu-me perguntando o que era isto.

Bem. A palavra dicionarizada é um substantivo feminino de etimologia grega, “onoma + manteia; onoma = nome; manteia = oráculo, adivinhação. É usada com a mesma grafia nas línguas latinas, no alemão e russo, diferente somente no inglês, Onomatomancy.

Trata-se de um estudo sobre o nome dado a alguém, seu significado e suas mudanças estruturais. E assim interpretar o destino que o nominado terá. Os praticantes da Onomatomancia consideram-na uma arte; e o Ocultismo vê como uma ciência que revela as influências etéreas nos nomes das pessoas.

No judaísmo, os antigos rabinos faziam remontar a Onomatomancia a Enoch, dizendo que não havia acaso na imposição do nome de um recém-nascido; esta ideia foi mais tarde desenvolvida na Grécia por Pitágoras.

Dessa maneira, os povos originários destas duas vertentes nacionais, judaica e greco-romana, acreditavam que se estabelecia o pressagio do futuro pelo batismo, e estavam convencidos que certos nomes deviam ser rejeitados, por funestos; assim como outros eram favoráveis ao roteiro de uma vida.

No “Martirológio Romano” encontramos um exemplo de nome ligado aos desígnios com o Santo Hipólito, preso e torturado durante a perseguição aos cristãos; foi espancado com açoites providos de bolas de chumbo e, condenado à morte, morreu despedaçado pelas patas dos cavalos.

Gramaticalmente, o substantivo hipólito é conhecido na zoologia como um substantivo masculino designando uma pedra amarela que se encontra na bexiga e nos intestinos do cavalo. O que vem relacionar o nome próprio do mártir aos cavalos que o mataram.

Será que dá para adivinhar o futuro dos políticos brasileiros pelos seus nomes e apelidos? Uma amiga minha, especialista na leitura do Tarô, garante que sim. No caso de Bolsonaro, por exemplo, seu sobrenome é precedido por Jair, que em hebraico

(“Yaiyr”), significa «Javé iluminará» e vê-se no fim de carreira ele quedar iluminado pelo brilho das joias que ele se apropriou do Estado Brasileiro.

A falsa direita de Jair enfrenta a falsa esquerda Lula na estúpida polarização eleitoral. “Lula” é o apelido dado a Luiz Inácio; e o nome “Inácio” vem da Etrúria, Egnatius, que vem a ser incendiário; pior é o apelido Lula, molusco do grupo gastrópodes, conhecido pelas toxinas que exala….

A História da Arte registra uma curiosa referência ao festejado pintor francês pós-impressionista Cézanne, cuja mãe o aninhava nos braços e dizia que ele seria um grande pintor, por se chama Paul (Paulo) como Paulo Veronese e Paulo Rubens.

E na poesia, também a França, temos Charles Pierre Baudelaire, poeta boêmio, literata e principalmente um rebelde que combateu a censura no seu tempo. Foi precursor do movimento simbolista e teve a sua principal obra “Flores do Mal”, condenada como imoral. O Poeta orgulhava-se do seu sobrenome, Baudelaire, “cimitarra” em árabe, uma arma letal que os cruzados trouxeram da Palestina.

Recolhendo a Onomatomancia como uma flor do jardim da inspiração, encontrei vários nomes de políticos corruptos e um deles vem de Canale d’Agordo, da província italiana de Beluno, referindo-se a esgoto: toffoli.

AS QUATRO FASES DA LUA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

No Carnaval de 1962 (eu brincava participando de blocos) a cantora Ângela Maria que completaria 100 anos no último 31 de agosto, lançou a marchinha “A Lua é dos Namorados”, que fez o maior sucesso. A letra se inspirou na missão soviética Vostok 1 levada à órbita da Lua tripulada pelo cosmonauta Iuri Gagarin.

Viu-se na arte musical um exemplo de reconhecimento ao avanço científico; também nos EUA, em plena guerra fria contra a URSS, a banda The Marcels homenageou o voo de Gagarin regravando uma das mais lindas canções norte-americanas, “Blue Moon”, de Richard Rodgers e Lorenz Hart, lançada em 1934.

No Brasil, todo o Rio de Janeiro cantou “Todos eles/ Estão errados/ A lua é/ Dos namorados” e agora, 61 anos depois, assistimos saudosos em agosto ao fenômeno batizado pelos astrônomos de “Super Lua” – um momento em que o satélite fica mais próximo da Terra.

Diz o meu amigo @profeborto que eu exploro metáforas; é verdade. Na cosmografia lunar faço-o para dizer que na política brasileira, os ocupantes dos poderes republicanos vivem no “Mundo da Lua”; e não pelas músicas, nem com os astrônomos observando através do Telescópio Gigante Magalhães. É pela loucura que a picaretagem impõe ao País.

A nossa política vive uma verdadeira psicose, dominada pela fraude e a mentira, numa polarização eleitoral que se parece com as lapinhas natalinas dividindo o público entre o cordão azul e o cordão encarnado.

Assistimos o atual presidente, Lula da Silva, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, se engalfinhando, acusando-se do que fazem. Xingam-se de demagogos, populistas e corruptos, e ambos têm razão.

Também a capital da República elege uma senadora cujo único mérito é afirmar que viu Jesus sentado no galho de uma goiabeira. Este discernimento eleitoral dos brasilienses lembra-me a história do antigo fabulista turco Nasresddin Hadja, que indo pegar água num poço viu a lua se refletindo na água e resolveu pescá-la, jogando a linha da vara de pescar n’água com o maior anzol que dispunha; este se prendeu no fundo por alguma razão.

Então Nasresddin puxou tão fortemente o anzol que a linha arrebentou e ele caiu de costas. De cara para o céu, vê a lua e se emociona: – “Que Alá seja louvado!”, pensou, “levei a lua para onde ela deve estar!”

A exultação do islamita mostra que a lua é adorada pelos árabes desde antes de Maomé, que se aproveitou disto, fazendo da Lua Crescente o símbolo da sua religião, evocando a morte e a ressureição. Como se sabe, a Lua passa por quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante, e o ocultismo vê na Lua Minguante a “Fase de Olhar para as Sombras”, sugerindo o recolhimento para a reflexão sobre a vida.

Vemos então que a realidade desencanta. Com o homem pisando na Lua, os mistérios vão-se deletando. E o pioneiro desta presença, Neil Armstrong, legou-nos uma frase antológica: “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”.

Este salto humano transpõe todos obstáculos da ilusão. Precisamos então refletir sobre o futuro do Brasil e decidirmos como devemos nos libertar da psicose polarizadora das falsas “Direita” e “Esquerda” que se assumem como tal para enganar os trouxas.