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Lula e Sarney, sócios em comandita do patrimônio estatal

MIRANDA SÁ, jornalista (mirandasa@uol.com.br)

Está mais do que provada a cumplicidade de Lula e Sarney na política patrimonialista usando a coisa pública como se fosse deles. Viu-se isto agora, compondo a crise libertina e continuada do Senado Federal, com ilícitos tão flagrantes que revoltaram até os senadores que apoiaram a eleição de Sarney.

A associação corrupta e corruptora de uma burocracia degenerada com parlamentares indignos deflagrou a explosão de escândalos. Mas o presidente da Casa tira o braço da seringa dizendo que a crise não é dele, mas abrangente: “A crise não é minha, a crise é do Senado”, discursou diante sob estranho silêncio daqueles que enredou como co-autores das mazelas.

Em nome da verdade, houve uma reação. Pequena e tímida é certo, mas cresceu e apareceu por força da pressão pública. Menos surpreendente do que esta reação foi Lula da Silva sair em defesa do parceiro com argumentos pífios, sem um componente patriótico.

Varrendo os abusos sistemáticos para os porões da sua consciência suja, o Presidente mostrou a face deslumbrada de pequeno-burguês, defendendo o Capitão-Mor do Maranhão, pela terceira vez presidindo o Senado. Segundo Sua Excelência, Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum… É uma variante do privilégio da classe dominante sobrepondo-se aos outros: “você sabe com quem está falando?”.

Trata-se, talvez, da defesa prévia de si mesmo, de Lulinha, de Palocci, de Zé Dirceu, enfim, da pelegagem que infelicita o Brasil. É também uma combinação da politicagem buscando a adesão do PMDB nas eleições de 2010.

Defendendo Sarney, Lula – de reconhecido amoralismo – pode também estar se aproveitando da crise que enlameou o Senado e salpicou no seu dirigente maior para liquidar a dívida que tem com os peemedebistas fisiológicos. Este o ajudou nos casos das sanguessugas da Saúde, do mensalão, dos cartões corporativos, dos aloprados, enfim, das ilicitudes da camarilha do PT-governo.

Lula pode estar pensando igualmente em usar o PMDB de Sarney, Renan e a tropa de choque, para abafar as denúncias feitas à atual diretoria da Petrobras, denunciadas de forma irrefutável. Com os fisiológicos já estão sendo ensaiadas maracutaias para impedir o funcionamento da CPI.

Tudo isso e alguma coisa mais, mostram a horrenda paisagem da corrupção. Como pode um Presidente da República aceitar a exorbitância das atribuições burocráticas do Senado e daquele que deveria ser guardião da instituição? É verdade que Lula é um amoral por formação e índole, mas poderia até maneirar um pouco em atenção aos companheiros com mandato senatorial.

Porque os senadores petistas mais conscientes de sua função pública, acima da fidelidade partidária, teem reagido às tentativas de minimizar as ilicitudes, verdadeiros crimes, cometidos sob a batuta de Jader Barbalho, Renan Calheiros e Zé Sarney.

Os abusos dos chamados “atos secretos” só encontram semelhança na contabilidade dos mensaleiros. Livrando a responsabilidade de Sarney. Lula livra a própria e os dois juntos, de mãos dadas, vão para as eleições de 2010.

 

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