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A espionagem que assusta agora, vem de longe

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )

Como as bolhinhas vermelhas que se espalham pelo corpo com a varicela – a popular catapora – os casos revelados pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, espalharam-se pelo mundo, mantendo-se na ordem-do-dia como “espionagem”.

Na pauta da imprensa e em todas as cabeças pensantes, as atividades da NSA/CSS – National Security Agency/Central Security Service Public Information, andam bulindo com todos os governantes do planeta. A última descoberta veio do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha sobre o controle do celular da chanceler Ângela Merckell.

Tivemos uma situação semelhante no Brasil, assustando o comissariado lulo-petista e a própria presidente Dilma; mas não foi identificada pela Agência Brasileira de Inteligência; saiu no “Fantástico”, programa dominical da TV-Globo.

O mais tolo entre os alfabetizados, curiosos leitores de jornais e revistas, sabe que os países espiam os outros, sejam rivais, concorrentes e até mesmo os amigos. Pode ter o objetivo militar, mas também econômico, tecnológico, político e social.

Segundo escreveu o admirável Sun Tzu no seu manual de estratégia, a espionagem só deveria ser permitida por partes beligerantes, seja nas guerras entre nações ou em lutas intestinas, como as guerrilhas. Acho que este conselho nunca foi seguido desde tempos remotos…

Como os chineses contemporâneos de Sun Tsu, os impérios da Antiguidade Clássica também conheciam sistemas de informação; assírios, babilônios, egípcios, hebreus e persas deixaram documentos sobre esta prática. Gregos e romanos, idem.

O primeiro serviço secreto oficial dos tempos modernos foi organizado na França sob as ordens do rei Luís XIV, e adotado quase concomitantemente na Inglaterra elizabetana. Mais tarde, na Prússia, a Maçonaria ajudou Frederico II a manter uma rede de espiões para acompanhar o desenrolar da revolução francesa.

Hernán Cortez com seu pequeníssimo exército derrotou o grande Império Asteca cooptando informantes de povos revoltosos, auxiliado pelo padre franciscano Gerónimo de Aguilar, que sobrevivera a um naufrágio e aprendera os idiomas maia e nahuatl, e pela própria mulher, La Malinche, da corte de Montezuma, presenteada por ele ao invasor espanhol.

Assim, no turbilhão da História, chegamos ao Brasil. Primeiro, levantando denúncias do irrequieto e excepcional repórter Edmar Morel que apontou, em 1963, a instalação pelo Ibad de um aparelho clandestino de escuta no plenário do Congresso Nacional. O Ibad – Instituto Brasileiro de Ação Democrática – foi precursor do golpe que derrubou Jango em 1964.

Recentemente, temos notícias no Blog do jornalista Mauro Magalhães, a quem sigo no Twitter. Magalhães descreve o surgimento da Cia – Central Intelligence Agency – e suas diligências no Brasil com o monitoramento clandestino de e-mails, telefonemas e satélites. Essas ações foram levantadas em 1971 numa subcomissão do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA.

Nossos parlamentares, tão surpresos e ainda mais leigos do que os ocupantes do Palácio do Planalto, criaram no Senado (com uma rapidez extraordinária) uma CPI da Espionagem. Na verdade, não sabem o que querem; talvez fazer apenas o beicinho que Dilma exibiu ao adiar uma visita aos EUA…

Registre-se que a espionagem norte-americana atual, verdadeiro ‘fogo amigo’, terá como contendores os aliados europeus, Alemanha, França e Inglaterra. Países periféricos – sem força de enfrentamento – devem se contentar com as célebres ‘notas diplomáticas’ e só.

Aqui, vamos convir: o monitoramento que assusta a presidente Dilma e seus parceiros, como vimos, vem de longe. Tudo o que lhes parecia oculto total ou parcialmente, seja do governo ou de empresas, já se encontra nas mãos da Cia. O resto é mi-mi-mi…

 

Uma resposta para ARTIGO

  1. Cihgral disse:

    Penso que a espionagem começou quando Abel, filho de Adão, foi espionar o que o seu irmão Caim estava projetando no seu ritual. Lol . . .