Arquivo do mês: fevereiro 2019

IDIOTICE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Minha mãe diz que idiota é quem faz idiotice” (Forrest Gump- O contador de histórias)

Do alto dos meus 85 anos, perto dos 86, jamais vi tanta idiotice como nesta campanha do “Lula livre”, feita por auto assumidos intelectuais, artistas do Projac, escritores de poucos leitores, jornalistas engajados politicamente, e até professores universitários… Com isto se vê o porquê do baixo nível cultural vigente e o fracasso da Educação no País.

A História mostra o culto a heróis, santos e condutores de massas serem devotados. Mas no século passado, isso descambou para a política com Mussolini e suas fanfarronadas à italiana; Hitler explorando o orgulho dos alemães ferido após a Primeira Guerra; e, Stálin, capitalizando a vitória do povo russo na guerra contra a barbárie nazista.

Nessa esteira, vieram também Mao-Tse-Tung e outros líderes fantoches da Internacional Comunista como o caricato ditador Enver Hocha, cultuado no Brasil pelo PCdoB em troca de financiamento da Albânia stalinista…

Não há explicações para essas insanidades, como também é insensato que se santifique Lula da Silva, ex-pelego da Volkswagen informante do Dops durante o regime militar, e por isso sugerido pelos obreiristas da USP e a esquerda católica ao general Golbery para ter um partido que enfrentasse o PCB e o PTB.

A idolatria de Lula é uma autêntica versão da idiotice, porque é doentio idolatrar um condenado e preso por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, aguardando outros julgamentos por crimes cometidos no exercício da presidência da República.

Só pode ser um idiota quem veste esta camisa; ou sofre de idiotia congênita ou está impregnado de enfermidade cerebral pela repetição de sessenta e duas mil mentiras no admirável mundo da pelegagem sindical.

O verbete Idiota, dicionarizado, é adjetivo e substantivo de dois gêneros, originário do grego idiōtēs, que deu no latim, idiota, indicando pessoa que demonstra falta de inteligência, de discernimento ou de bom senso.

A palavra tem uma sinonímia riquíssima, com cerca de 200 sinônimos onde se destacam apedeuta, bobo, cretino, energúmeno, estúpido, ignorante, imbecil, inepto e tolo. E, caindo como modelo para os lulopetistas, diz-se de quem é arrogante, pretensioso, e se considera superior aos outros. A Psiquiatria estuda clinicamente o caso como idiotia (atraso mental).

Andei trocando figurinhas com jornalistas da minha geração examinando o tratamento dado pela imprensa a um tal Comitê de Solidariedade Internacional em Defesa de Lula, que lançou a candidatura do presidiário ao Prêmio Nobel.

Esta criação de uma realidade paralela agrupa imbecis em Londres, Nova Iorque e Paris, e, para enganar os leitores, as redações impregnadas de idiotas inventam “especialistas”, “analistas”, “pessoas ligadas a…”, “comenta-se”, “fala-se nos meios” e até “carta do leitor”.

No afã de iludir, “jornalistas de araque” justificam que não citam nomes para preservar as fontes. Mentira. É pura safadeza; não precisam disto; se confiam no informante, assumam o que ouviram em off, sem criar figuras de ficção.

No campo político, não só repórteres e comentaristas, mas também o outro lado, os porta-vozes, entrevistados e expositores espontâneos na avidez dos dois minutos de fama; esses deveriam ter credibilidade e não fazerem chanchadas tipo Big Brother… A informação não é entretimento, deve refletir verdade.

A escala de valores na Comunicação exige responsabilidade e isenção. Por não cumprir este princípio, adotando a idiotice, os jornais impressos estão decaindo e fechando, e o jornalismo televisivo está desesperado. Perdem feio para as redes sociais.

 

MILAGRES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Milagre é o espantoso que se encontra com o inacreditável”  (Millôr)

O milagre na concepção vulgar, é uma ocorrência fora do comum, imprevista e admirável, violando as leis naturais sem explicação científica. Na Metafísica, as religiões, desde as mais primitivas até as ditas superiores, monoteístas, creem em milagre como manifestação da vontade divina.

Entre os cristãos vigora a crença de que Jesus Cristo operou milagres, curando enfermos, multiplicando o pão e o vinho e até levantando um morto do túmulo. Além disso ressuscitou após a crucificação como havia dito aos seus discípulos.

Como acontecimento extraordinário, o milagre é importante para os têm fé na intervenção divina para resolver problemas. Os cristãos encontram na Bíblia (Hebreus) um incentivo para esta crença:  “A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vê. Por ela os antigos receberam um bom testemunho de Deus” (Hb 11,1-2).

A palavra Milagre dicionarizada é um substantivo masculino originário do latim, miraculum, do verbo mirare, “maravilhar-se”. O verbete se refere também a uma manifestação teatral religiosa da Igreja Católica na Idade Média; e, nos dias atuais, bastante explorado na literatura.

O grande Voltaire, positivista, escreveu no seu Dicionário Filosófico que “a rotação de cem milhões de planetas ao redor de um milhão de sóis, a atividade da luz e a vida dos animais são milagres perpétuos”.

É interessante registrar que os brasileiros – um dos povos mais crédulos do mundo – apelam para um milagre nas situações mais distintas para conseguir um benefício, da conquista amorosa ao emprego, empréstimo, e até para seu clube ganhar uma partida de futebol…

Nos últimos tempos, ouvi preces com pedidos de auxílio até na política; e é engraçado que vários milagres têm sido realizados neste campo. Conheço muitas pessoas que fizeram promessas para ver o pelego Lula da Silva preso por corrupção e lavagem de dinheiro. E as suas súplicas foram ouvidas…

Um amigo contou-me que recorreu a São Jorge para que seu candidato à presidência, Jair Bolsonaro, cumprisse a promessa de mexer no Estatuto do Desarmamento, permitindo a posse de arma para o cidadão. E já foi acender velas na igreja do santo…

Uma senhora, minha vizinha, viúva de um diplomata que vivia horrorizada com o que o lulopetismo fez no Itamaraty, pediu a uma sobrinha umbandista para livrar o Ministério do Exterior da ideologia bolivariana. E já pagou o despacho de seis pombas brancas ao pai-de-santo.

O inspirador deste artigo, o motorista que me serve a mais de seis anos levando-me aonde não tem metrô nem ônibus, é um alagoano que odeia Renan Calheiros, e vivia prometendo soltar uma dúzia de foguetões se ele perdesse a eleição para presidente do Senado; aconteceu o espantoso e inacreditável e ele acordou a vizinhança com o foguetório ensurdecedor.

Minha irmã, espírita kardecista de um humanismo ímpar, tem rezado diariamente pedindo aos seus protetores o restabelecimento físico de Bolsonaro das facadas sofridas no ataque covarde sofrido em Juiz de Fora.

Da minha parte, dou conhecimento de um rogo que faço aos céus: a volta de um jornalismo vocacionado, ético, generoso e que readquira o crédito no mercado de leitores sem as artimanhas do “disse uma fonte”, “falam nos bastidores”, e “afirmam os especialistas”… Se isto vier a acontecer, prometo não pedir o impeachment de Dias Tófolli…

 

 

BOI DA PECUÁRIA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Oh! bendito o que semeia/ Livros, livros, à mancheia/ E manda o povo pensar…”  (Castro Alves)

A História, como as cartas do baralho cigano, não mente jamais…  É por isto que meto a cara nas teses, arquivos e pesquisas dos historiadores e estudantes, para confirmar fatos que se incorporaram à minha mente e, por não confiar na memória, vou conferir.

Uma das coisas interessantes que recentemente me ocorreu começou com a Revolução de 30 e a importância do seu comandante, Getúlio Vargas, ter representado o sonho dos movimentos tenentistas de 1922 e 1924.

No plano econômico, que me interessa para o tema que tento abordar, o Brasil se voltou para a “Recuperação da Crise de 29”, na agenda do governo de Getúlio. E a curiosidade levou-me aos efeitos advindos, como a formação do mercado nacional e na mudança do padrão de acumulação de capital no país.

A época foi marcada pela exigência de uma política de industrialização, mas chama a atenção o interesse pela agricultura, a agroindústria e a pecuária. A importância do café, principal produto de exportação, deixou de ser um problema “paulista” e passava a ser um “problema nacional”, gerando uma nova perspectiva econômica.

No intuito de criar outros estímulos para o campo, Getúlio criou a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil – CREAI -, dando início, na prática, ao crédito público de médio e longo prazo para a produção industrial e rural. O Decreto nº 21.537 dos primeiros anos de governo, estimulou o financiamento da criação de gado. No Nordeste, ficou conhecido como “A Pecuária”.

O líder político paraibano, que foi governador, deputado e senador, Argemiro de Figueiredo, me contou que o empréstimo através do Banco do Brasil era concedido após os fiscais do banco verificarem a existência de um rebanho de 60 cabeças de gado na propriedade.

Argemiro revelou-me uma piada da época que correu entre os pecuaristas. Havia um rebanho que ia de fazenda em fazenda antecedendo a visita da fiscalização; os fiscais faziam vista grossa, mas um dia um deles, novo na atividade e íntegro, reconheceu um animal que já vira anteriormente em duas fazendas… – “Olhem o Boi Lucas novamente! ” – E notificou a fraude.

Esta malandragem dos sertanejos sabidos campeou (literalmente) nos Anos de Getúlio em todo território nacional, e se estendeu por muito tempo. Agora, por uma ocorrência de que tomei conhecimento a pouco, está de volta.

Um tuiteiro revelou que uma jovem amiga dele desmarcou um encontro no fim de semana por que iria trabalhar na mudança de uma biblioteca, feita eventualmente para a faculdade onde trabalha.

Mudar uma biblioteca? Perguntou o interlocutor. Ela então explicou que a medida se devia ao vazamento do MEC de que haveria na próxima semana uma inspeção nas instalações da escola e, como lá não há biblioteca, levam livros de uma para outra para enganar os fiscais.

Nos dias de hoje a coleção de livros e documentos se iguala à manada de gado vacum dos tempos longínquos da Pecuária… Só espero que um fiscal honesto encontre um livro e reconheça a capa, e obrigue as faculdades a cumprir a lei que determina a manutenção de uma biblioteca.

O professor Mário Paternostro lamenta, pessimista, que “chegará o dia aqui em nosso país que quem for pego lendo um livro, será preso por tentar evoluir seu intelecto” e conclama para a luta de preservação do livro, lembrando o poeta Castro Alves, nosso epigrafado: ““Livro caindo n’alma/ É germe — que faz a palma, / É chuva — que faz o mar”