Arquivo do mês: janeiro 2018

AQUECIMENTO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                “Eu tive um sonho que não era em tudo um sonho./  O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas vagueavam…” (Byron – “Trevas”)

Foi no Brasil, em 1992, por ocasião da Cúpula do Rio sobre o clima, que se impôs a ideia do “aquecimento global”. Na reunião, em que participaram chefes de Estado de vários países saíram os rascunhos de acordos internacionais para enfrentar a ameaça que, como teoria, não passava de uma hipótese.

A intensa propaganda levada a efeito pela mídia mundial em torno do aquecimento global fez muita gente crer em maus prenúncios para a humanidade. Embora não houvesse uma base científica para isto, definiu-se que se tratava de um processo climático surgido pela liberação de gases com “efeito de estufa”.

Assim foram divulgados alarmantes anúncios de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra, causado por massivas emissões de dióxido de carbono, o metano e os clorofluorcarbonetos, pela liberação da queima de combustíveis fósseis.

A radiação solar, uso da terra, resíduos e lixões, poluição, desflorestamentos e o desmatamento seriam as causas principais do desequilíbrio atmosférico; estes fatos alardeados levaram 196 países a participar do “Acordo de Paris” com o objetivo de limitar o hipotético aquecimento global a 2ºC.

Ser contra este fantástico cenário considerava-se uma insanidade mental, até que o dirigente máximo da maior potência do mundo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada do seu País do Acordo de Paris.

Para líderes europeus, a redução do aquecimento global, era uma imposição inarredável, e o próprio Trump, segundo a imprensa norte-americana vacilou em cumprir esta promessa feita na campanha eleitoral que o elegeu: a doutrina America First.

Dirigindo à Nação, Trump disse: “Cumpri minhas promessas uma após a outra. A economia cresceu e isso está apenas começando. Vamos crescer e não vamos perder empregos. Pela gente deste país saímos do acordo. Estou disposto a renegociar outro favorável aos Estados Unidos, mas que seja justo para os trabalhadores, contribuintes e empresas”.

Apesar da massiva campanha feita contra Trump, ele foi apoiado por mudanças climáticas contrárias à ideia do aquecimento global. Um frio extremo cobre os EUA, o Canadá, a Europa e o Norte da Ásia. Chegou até a nevar em Jerusalém…

A História registra que o século 19 passou por uma pequena Era Glacial e o ano de 1816, em particular, ficou conhecido como o ano em que a Primavera não chegou e não teve Verão.

A expressão Era Glacial foi criada pelo cientista alemão Karl Schimper. Ainda no século 19 surgiram teorias sobre as intermitentes épocas de frio e a causa das eras glaciais que a Terra atravessou. Muitos artigos científicos falaram das mudanças cíclicas da órbita terrestre, de elíptica para circular; e no século 20 comprovou-se que o gelo cobrira antigamente todo o planeta.

O mundo científico aceita hoje a relação entre as eras glaciais e a oscilação planetária, sem dúvida mais determinante para o clima do que o chamado efeito estufa. Entretanto, como o sábio Alexander von Humboldt aponta dois estágios na descoberta científica: “primeiro, as pessoas negam a verdade; depois dizem que não é importante”. deixa-nos em dúvida.

Assim,  embora assistirmos hoje uma coisa mais parecida com as eras glaciais do que com as altas temperaturas, “todos nós conhecemos a força das ilusões visuais para levar a mente a perceber as coisas incorretamente” como constatou Bruce Hood  (“The self illusion”).

 

Mário de Andrade

Quando eu morrer quero ficar

 

Quando eu morrer quero ficar,

Não contem aos meus inimigos,

Sepultado em minha cidade,

Saudade.

 

Meus pés enterrem na rua Aurora,

No Paissandu deixem meu sexo,

Na Lopes Chaves a cabeça

Esqueçam.

 

No Pátio do Colégio afundem

O meu coração paulistano:

Um coração vivo e um defunto

Bem juntos.

 

Escondam no Correio o ouvido

Direito, o esquerdo nos Telégrafos,

Quero saber da vida alheia,

Sereia.

 

O nariz guardem nos rosais,

A língua no alto do Ipiranga

Para cantar a liberdade.

Saudade…

 

Os olhos lá no Jaraguá

Assistirão ao que há de vir,

O joelho na Universidade,

Saudade…

 

As mãos atirem por aí,

Que desvivam como viveram,

As tripas atirem pro Diabo,

Que o espírito será de Deus.

Adeus.

 

 

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Cony evitava ser “refém de Dilma e Lula” (O Antagonista)

Em setembro de 2016, Carlos Heitor Cony escreveu o seguinte sobre Lula na Folha:

 

“Não lhe adianta acusar as elites, o imperialismo e os golpes que alega estar sofrendo.

 

Na sua primeira investida rumo ao poder, era um líder respeitável e pobre. Levado pelo seu primeiro secretário de imprensa, o elegante Ricardo Kotscho, cheguei a comprar uma camisa do PT para ajudar a sua eleição. Apesar da minha modesta contribuição, ele não se elegeu (votei em Brizola) e deixou de vender camisas, inaugurando uma corrupção que não soube parar e que agora o atinge pessoalmente. A pobre e solitária camisa, que lhe comprei e nunca vesti, não pode concorrer com o mensalão, o petrolão e a Lava Jato.”

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PEDRAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                             “Sombra, chegou a tua vez./ Deverás prestar contas/ de tua vida entre os homens” (Bertolt Brecht – “O processo de Lucullus”)

Faz muito tempo em que li, não me lembro em que livro, ou revista, que o grande Darwin era rigoroso quando tratava de números; chegou até a escrever com exatidão, que encontrara 53,767 minhocas num “acre” de terra, equivalente a 4046.86 m²…

Não foi muito diferente de mim, que contei 46 seixos sobre o túmulo de um cemitério judeu. Como se sabe, é um antigo costume judaico pôr uma pedrinha sobre a sepultura de um parente ou amigo falecidos.

Essa tradição evoca uma maneira de reverenciar o morto, espécie de convite para que ele “se manifeste e repouse” enquanto durar a visita. O número de pedras mostra que o jazigo é sempre visitado.

Um poeta judeu escreveu que “Embora as pedras não ouçam nem consigam ver/ Todas suplicam tristemente para não as esquecer”; e uma piada contada entre eles diz que isto ocorre por serem tão avarentos, adotaram as pedrinhas para economizar o dinheiro gasto com flores…

Josef Breuer, médico e fisiologista austríaco, considerado o pai da psicanálise, comentou certa vez que visitando cemitérios deixava seixos nos túmulos em que não via nenhuma delas.

Pedras também são usadas como punição em sentenças de morte: A Lei de Moisés na Bíblia Hebraica, assim como a Bíblia Cristã, prevê a morte por apedrejamento em dezoito situações, entre elas blasfêmia, bruxaria, homossexualidade, rebeldia dos filhos contra os pais e vários tipos de relações sexuais, com virgem comprometida, enteada, mãe e madrasta.

As pedradas como castigo perduram até os dias de hoje; oficialmente em países mulçumanos> Além de servirem como agressão, a gíria brasileira registra o uso da pedra em diversas situações, como “uma pedra do sapato” falando de incômodo, ou referindo-se a uma coisa boa, “pedra noventa”.

Fala-se também de “pedra lascada”, aludindo a coisa por demais antiga e superada, como conhecemos no Brasil a rotina da corrupção entre os políticos, desde a colônia, mas transparecendo incrivelmente agora após ser institucionalizada nos governos da pelegagem lulopetista…

Com as pedras no xadrez da politicagem que assola em nosso País, joga-se o jogo da fraude, revoltando os patriotas. No momento, assistimos na corrida dos presidenciáveis na campanha pré-eleitoral, velhos atores se apresentando como “o novo”.

… E, muito pior do que a mascarada que estão armando para iludir, mais uma vez, o eleitorado, persiste a cegueira política de colocar Lula da Silva, réu condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre os peões desta enganação demagógica.

Os fanáticos cultuadores da personalidade do chefão da Orcrim – que orienta seus seguidores a defenderem a indefensável ditadura Maduro, da Venezuela –, organizam o confronto com a Justiça e os responsáveis pela segurança pública em Porto Alegre, no julgamento que o levará à perda dos direitos políticos e possivelmente à prisão.

O noticiário da mídia comprometida e dos jornalistas comprados, exalta essa mobilização do PT para levar seus grupos de assalto alcunhados de “movimentos sociais”, para acompanhar o julgamento da apelação da defesa do Corrupto, condenado pela Justiça Federal do Paraná.

O chamamento petista contém palavras-de-ordem para a reação contra o Tribunal de 2ª Instância; e o “exército de Stédile” – o MST terrorista – se manifesta forçando a barra para acampar defronte do órgão, mesmo após a proibição.

A insanidade de uma ideologia corrompida não vê o que a grande maioria do povo brasileiro quer: a punição exemplar para os agentes da corrupção. E Lula é uma pedra no caminho para a afirmação do Estado de Direito vigente.

 

Gilka Machado

Reflexão

 

Há certas almas

como as borboletas,

cuja fragilidade de asas

não resiste ao mais leve contato,

que deixam ficar pedaços

pelos dedos que as tocam.

Em seu vôo de ideal,

deslumbram olhos,

atraem as vistas:

perseguem-nas,

alcançam-nas,

detem-nas,

mas, quase sempre,

por saciedade

ou piedade,

libertam-nas outra vez.

Ela, porém, não voam como dantes,

ficam vazias de si mesmas,

cheias de desalento…

Almas e borboletas,

não fosse a tentação das cousas rasas;

– o amor de néctar,

– o néctar do amor,

e pairaríamos nos cimos

seduzindo do alto,

admirando de longe!…

 

(in Sublimação, 1928)

Ferreira Gullar

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa, serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

— sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena

SILÊNCIO

MIRANDA SÁ (E-mail: (mirandasa@uol.com.br)

“O homem é dono do que cala e escravo do que fala” (Freud)

Durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do Chile, no final de 2007, o golpista Hugo Chávez, mal-educado, fez várias interrupções na fala do primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero. Presente ao evento, o rei Juan Carlos de Espanha, cheio de moral, dirigiu-se a ele e disse: ¿Por qué no te callas?

O “Por que não te calas?” de sua majestade correu o mundo e desmoralizou a agitação costumeira dos narco-populistas bolivarianos nos encontros internacionais. Estou esperando que alguém neste País tenha autoridade para mandar calar Aécio, Dilma, FHC, Gilmar Mendes e Lula.

Aos falastrões, a História nos conta a primeira lição do grande Pitágoras aos que se candidatavam a ser seus discípulos. Impunha dois anos de silêncio antes de inscrever -lhes na academia. Mais tarde, os mosteiros da Idade Média estabeleciam o silêncio para ajudar na meditação, a contrição e a ascese.

Há os falastrões gráficos. Na Internet, desde o tempo do Orkut, sempre aparece os tais, e agora, com o aumento dos 180 toques para 280, estão proliferando no Twitter…

Irritam-me as mensagens cheias de ideias vazias, ilustrações que – tirando a estética e as cores – nada dizem, e o mal emprego da gramática. Não distingo se são robôs ou fanáticos defensores de personalidades políticas que ficam repetindo palavras-de-ordem impositivas e argumentos inconsumíveis.

A dispensa mental de certos indivíduos só contém a lataria vulgar para quebrar o galho nas suas refeições íntimas. Faltam ali propostas inteligentes, rareiam as charges com humor e são poucas as informações culturais úteis.

No mundo além da web sinto a privação, também, de modéstia. Os discursos demagógicos dos parlamentares brasileiros auto assumidos como “de esquerda” envergonhariam os socialistas europeus, particularmente os nórdicos. A senadora Gleise Hoffman, presidente do PT, quando abre a boca exala o mal hálito da hipocrisia, da infâmia e da mentira.

A minoria ruidosa do lulopetismo está impossibilitada de sair as ruas sem ouvir altercações e xingamentos. Por isso não se pode aconselhá-los a fazer como o califa Harum el Raschid no seu tempo, quando saia disfarçado, misturando-se com o povo, para ouvir o que os cidadãos de Bagdá falavam dele…

Aqui, Lula, o chefão, de cara limpa anda cercado de seguranças e mesmo nos seus comícios para grupos amestrados não escapa do “pega ladrão! ” Imagine-se como o povo trata seus comparsas de corrupção e traição nacional.

Os “politicamente corretos”, os “humanistas de araque”, os “antirracistas de picadeiro”, e os oportunistas em geral falam demais e importunam a gente e a Federação Mundial da Mediocridade recolhe no seu seio não somente os petistas de carteirinha.

Fazem silêncio ante as “ditaduras amigas”. Agora mesmo as arbitrariedades de Maduro na Venezuela, culminando com a prisão de um brasileiro que estava no país em missão humanista. Silêncio dos “movimentos populares” e, pior, dos “direitos humanos”.

Como ocorre no Foro de São Paulo – agência bolivariana de apoio ao narcopopulismo – a Federação Mundial da Mediocridade recebe os mascarados de vários partidos, dos pé-de-chinelo do MST aos efeagacês intelectuais da vida.

Lembram-me uma antiga anedota que corria nos meus tempos de estudante de Química envolvendo Einstein. Conta que o genial criador da relatividade, foi abordado, após a aula por uma estudantizinha histérica como as ativistas lulopetistas de hoje.

A moçoila perguntou ao mestre se ele poderia traçar a fórmula da felicidade em termos matemáticos. Einstein pegou o lápis e escreveu “a = y + x + z” e resumiu: – “O ‘a’ é felicidade; ‘x’ é trabalho e ‘y’ é a riqueza”. A aluna perguntou: – “E o ‘z’? ” – “O ‘z’ é o silêncio, respondeu o professor.

BALANÇA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                       “A justiça, cega para um dos dois lados, já não é justiça. Cumpre que enxergue por igual à direita e à esquerda” (Rui Barbosa)

Nos dicionários, o verbete “Balança” é substantivo feminino, definido como um instrumento que serve para comparar massas ou medir forças. Foi inventada no antigo Egito, por volta do ano 5.000 A.C. para pesar o ouro, que era usado como moeda de troca.

Era uma barra suspensa, com um prato pendendo em cada extremidade, uma com um peso de determinada medida e a outra com uma peça a ser aferida.

Hoje tem balanças de vários tipos, até eletrônicas, usando uma medida convencionada pelo Sistema Internacional de Medidas, na escala de gramas até toneladas.

Os egípcios representavam as balanças também em várias situações, sendo a mais reverenciada a do Livro dos Mortos, em que é contada a versão do “Julgamento Final”, e daí tornou-se referência ao equilíbrio e imparcialidade nos julgamentos.

Roma adotou a balança como símbolo do Direito, aparecendo também na iconografia da Justiça com outros dois elementos, os olhos vendados e a espada; a balança é o equilíbrio, a venda nos olhos a imparcialidade, e a espada, o poder de decisão.

A minha longeva memória leva-me aos sete ou oito anos, quando vi passando na rua um homem com uma bandeja na cabeça cercado por três soldados da polícia, e disseram que era levado para a cadeia por usar pesos fraudados na sua barraca da feira.

Acho que isto, como a moeda falsa, sempre ocorreu desde a antiguidade e era punida com trabalhos forçados para remunerar os queixosos. O desequilíbrio da balança da Justiça. Porém, era um crime abjeto e o juiz, seu autor, era condenado à pena de morte.

Na atualidade, os crimes praticados na Justiça, da venda de habeas corpus, até a desobediência à Constituição veem sendo vilmente tolerados, e assistimos o que o grande Platão já condenava na Grécia do seu tempo: “O juiz não é nomeado para fazer favores com a Justiça, mas para julgar segundo as leis”.

No infeliz Brasil, nascido nos catorzes anos da República dos Pelegos que patrocinou a ausência da ordem econômica, jurídica e política, a balança da Justiça tem usado pesos falsificados. Juiz que vende sentenças, desembargador que solta traficante, ministro rasga a Constituição para favorecer quem o indicou.

Assistimos no TSE o tragicômico julgamento da Chapa Dilma-Temer, absolvida tragicamente por excesso de provas, e arrastando a comicidade de alguns ministros da Corte. Depois vieram no STF as libertações de presos por corrupção, cominando com a estranha (e suspeita) situação de Pizzolato.

Escrevi meses atrás (talvez anos) que os brasileiros, diante da arrogância, equívocos, e, porque não dizer, desonestidade nos círculos forenses não tínhamos sequer a “mãe do bispo” para nos queixar… Mantenho esta afirmação, sem desalento, pois acredito que a Nação Brasileira vai corrigir isto, pensando como Millôr: “A esperança é uma espera que não cansa”.

Sei que a História com a sua balança infalível, que “balança, mas não cai”, não perdoará o antipatriotíssimo reinante nas esferas jurídicas. Os que erraram, por bem ou por mal, deviam ouvir nosso epigrafado, Rui Barbosa; “Nada mais honroso do que mudar a justiça de sentença, quando lhe mudou a convicção”.