Arquivo do mês: janeiro 2008

TIRANDO O CORPO FORA

“Não vou discutir isso”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusou ontem a comentar os indícios de irregularidades no uso de cartões de crédito corporativo por alguns de seus ministros. Ameaçando interromper uma entrevista coletiva concedida em São Paulo, o presidente apenas se manteve calado na primeira vez que foi questionado sobre o assunto. Anteriormente, Lula quase se afastou dos jornalistas e apenas declarou sobre a mesma pergunta: “Não vou discutir isso”.

Sem esconder o incômodo com o assunto, o Presidente também evitou responder outras perguntas sobre temas políticos, como a notícia de que poderá ser indicado como testemunha de defesa pelo ex-deputado Roberto Jefferson no processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso do mensalão. “Eu nem considero isso uma notícia”, rebateu, sem disfarçar a irritação.
(TI/S.Paulo)

Comentário para O METROPOLITANO. Amanhã, nas bancas

Controladoria, CGU e TCU virtuais

MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail: mirtandasa@uol.com.br

Desta vez não adianta discurso. Esta história dos gastos com cartões corporativos é intolerável para um povo que paga impostos escorchantes e precisa ser explicada convenientemente. A justificativa é tão imoral quanto a falta de prestação de contas: os pelegos falam em “segurança nacional”…

Na última semana de janeiro a ministra Dilma Rousseff , da Casa Civil, encaminhou à Controladoria Geral da União, CGU, pedido para investigar o ministro Altemir Gregolin, da Pesca, além de Matilde Ribeiro,
da Igualdade Racial, por suposto uso irregular dos cartões. Se há tratamento igual para todos que participam do PT-governo, a investigação vai bater as portas do Palácio do Planalto, onde Lula e esposa gastam horrores.

E gastar não é nada. O incrível é a retirada de dinheiro vivo das máquinas, quantias que às vezes superam R$50 mil reais! O ofício da Casa Civil – para dar satisfação à opinião pública – foi entregue à CGU menos de 24 horas depois de a Comissão de Ética Pública – órgão ligado diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também ligados à Presidência da República, os grandes consumidores Matilde e Altemir se consideram livres da investigação, porque segundo a CGU os órgãos ligados à Presidência da República e aos ministérios da Defesa e de Relações Exteriores têm organismos próprios de controle interno para efetuar as investigações.

Mesmo com a livrança da patota palaciana, a Comissão de Ética Pública quer o levantamento das despesas efetuadas com os cartões corporativos e, principalmente os ilícitos supostamente cometidos por seus usuários, comissionados de primeiro, segundo e terceiro escalões do governo. A verdade, entretanto, é que a Comissão de Ética não manda em nada. Só dá opinião.

São cinco os membros da CEP, que cobram de Lula da Silva um comportamento decente – de acordo com as normas estabelecidas – de vários ministros e já chegaram a pedir a demissão do ministro do Trabalho, Carlos Luppi, que acumulando a função com o cargo de presidente do PDT, transgride os dispostos no código de ética.

Carlos Luppi não só ignora a orientação para que opte entre o ministério e a presidência do PDT, como passou a presidir atos do partido no horário do expediente; e outro colega de ministério, o baiano Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, já comunicou que vai a todos os camarotes de empresas privadas que o convidarem para desfiles e bailes de carnaval, comportamento considerado impróprio para os governantes, de acordo com a Comissão.

Mesmo sabendo que sua orientação é um risco n’ água, a comissão reuniu-se por 5 horas na semana passada e, ao encerramento, o presidente Marcílio Marques Moreira, disse esperar de Lula uma decisão “ética” nos casos dos cartões corporativos e da acumulação de Luppi. Não satisfeito em chover no molhado, ainda advertiu o primeiro escalão do governo que esteja atento às benesses oferecidas pelas empresas privadas durante o Carnaval da Bahia e do Rio.

O PT-governo é ou não é um governo virtual?

  • Comentários desativados em Comentário para O METROPOLITANO. Amanhã, nas bancas

COMÉRCIO EXTERIOR

Europa proíbe carne brasileira

A União Européia (UE) suspendeu por tempo indeterminado a importação de carne bovina in natura do Brasil. A lista de 2.810 fazendas auditadas, 1.237 delas em Minas, enviada pelo país, não foi aceita. A UE indicará apenas 300 para inspeção no fim de fevereiro. Autoridades e pecuaristas brasileiros vêem razões políticas no embargo, para atender interesses de produtores irlandeses e ingleses. O bloco importou, no ano passado, US$ 1,73 bilhão em carne

NOTICIÁRIO

DESAUTORIZAÇÃO – O presidente Lula desautorizou ontem as declarações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre as causas do aumento do desmatamento na Amazônia, e deixou claro que não considera alarmantes os dados do Inpe. Mas após sobrevoar áreas devastadas em Mato Grosso, Marina negou que tenha feito alarde exagerado e manteve suas acusações a produtores de soja e pecuaristas.

SEM PROVAS – Sem apresentar as provas prometidas, o empresário Edison Lobão Filho, filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e acusado de usar laranjas em uma de suas empresas, a Bemar Distribuidora de Bebidas, investigada por sonegação fiscal, tomou posse ontem como senador. À rápida solenidade compareceram apenas o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho e o correligionário maranhense Epitácio Cafeteira.

CELULARES – Entram em vigor dia 13 de fevereiro novas regras de telefonia celular, a exemplo do desbloqueio do aparelho, que facilita a troca de operadora. As mudanças, que beneficiam especialmente os que usam o sistema pré-pago, ampliam o prazo de crédito de ligações de 90 para 180 dias e tornam gratuitas as chamadas para serviços de emergência. O usuário, se desejar, poderá pedir suspensão temporária do serviço por um ano.
CARNAVAL & DST – Calor, baixa de imunidade pelo esforço exagerado, consumo de álcool, maior número de parceiros. O carnaval é a época ideal para a proliferação das doenças sexualmente transmissíveis (DST) entre os jovens. Apesar das campanhas, ainda falta informação sobre os perigos das relações desprotegidas.

RECESSÃO BOS EUA – Os sinais de recessão nos EUA ficaram mais claros, com a divulgação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,6%, no quarto trimestre do ano passado, metade do esperado pelo mercado. Para tentar impulsionar a economia, o Banco Central americano cortou os juros básicos em 0,5 ponto percentual, para 3% ao ano. A medida repercutiu bem na Bovespa, que fechou em alta de 1,28%.

JUSTIÇA – Quatro acusados da morte do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, arrastado por sete quilômetros, preso ao cinto de segurança, durante o roubo do carro de sua mãe, em fevereiro do ano passado, foram condenados, ontem, pela Justiça do Rio. As penas variaram de 39 a 45 anos de cadeia.

FEBRE AMARELA – O Ministério da Saúde registrou ontem mais uma morte suspeita por febre amarela do Distrito Federal. A vítima é um morador de área rural, que morreu na segunda-feira. Secretaria local desconhece o caso.

PM DO RIO – Um dia depois de demitir o comandante da Polícia Militar do Rio, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) enfrentou um motim na corporação. Quarenta e sete coronéis e tenentes-coronéis da PM entregaram seus cargos e pelo menos quatro batalhões não colocaram soldados nas ruas. “Uma minoria quer balbúrdia, mas não vai conseguir”, disse Cabral, que prometeu substituir os rebelados.

FAVORITISMO

Separar filantrópicas de “pilantrópicas”

O governo pretende enviar ao Congresso projeto de lei para perdoar dívidas de entidades filantrópicas. Ao mesmo tempo, deverá baixar medidas que tornarão mais rigorosa a concessão de benefícios fiscais a essas entidades. O ministro da Previdência, Luiz Marinho, disse ao Valor que, com o perdão, vai crescer a arrecadação da Previdência, porque muitas entidades, principalmente hospitais e universidades, têm planos de abrir capital e, portanto, precisam deixar de ser filantrópicas. No ano passado, renúncias fiscais de R$ 4,4 bilhões beneficiaram entidades filantrópicas em todo o país. Marinho afirmou que pretende reduzir essa sangria. “Nada contra a filantropia. Quero separar a pilantropia”.

CORRUPÇÃO

Farra com os cartões corporativos

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, ontem, auditoria geral nas despesas pagas com cartões corporativos por autoridades federais, para investigar se houve irregularidades. A decisão foi tomada depois de denúncias do uso dos cartões em free shop, choperia, joalheira e até tapiocaria, envolvendo os ministros Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), Altemir Gregolim (Pesca) e Orlando Silva (Esporte). Diante disso, o Palácio do Planalto avalia que a melhor solução para o caso da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que fez uso irregular de cartões corporativos, é a sua saída do governo.

Assessores do presidente Lula já até enviaram recados à ministra de que ela deveria colocar o cargo à disposição. O presidente Lula da Silva não quer prolongar a situação e deseja evitar mais desgastes para o governo. Ontem, Matilde foi convocada a dar explicações para um grupo de cinco ministros no Planalto.

MANCHETES do dia_31.jan.08

JORNAL DO COMMERCIO (PE) – Jogo do bicho está suspenso no estado

GAZETA MERCANTIL – Ganhos históricos em 2007 premiam acionista de banco

CORREIO BRAZILIENSE – Polícia do DF indicia 50 agentes e delegados

VALOR ECONÔMICO – Apesar da crise, crédito externo continua farto

TRIBUNA DA IMPRENSA – Lula critica ministério de Marina e ONGs

FOLHA DE SÃO PAULO – Coronéis da PM afrontam governo do Rio

O ESTADO DE SÃO PAULO – União Européia suspende compras de carne do Brasil

O GLOBO – Coronéis mantêm o desafio com renúncia coletiva na PM

A TARDE – TCU apura gasto com cartões corporativos

ESTADO DE MINAS – Chuva ameaça 200 áreas em BH

DIÁRIO DE NATAL – Hospital recusa internar pai que matou os dois filhos

JORNAL DO BRASIL – Expurgo na PM

TRIBUNA DO NORTE – Faltam médicos e fichas são vendidas em PS municipais

ZERO HORA – Planalto se mobiliza para evitar CPI da farra dos cartões

FRASE DA VEZ_2/30

“Morrer, que me importa? (…) O diabo é deixar de viver.”

Mário Quintana, poeta gaúcho

Começar o ano na floresta

O ano precisa começar na brasileira. Para quem desmata a Amazônia, ele já começou há muito tempo. Primeiro, tivemos a informação do aumento do processo de devastação. Logo em seguida, veio o plano de combate do governo, composto de uma série de medidas requentadas, pois algumas delas já faziam parte do Amazônia Sustentável. A primeira repercussão do plano do governo foi oferecida pelos próprios representantes do IBAMA na Amazônia.

Lembraram aquilo que parece razoável também para os observadores que não moram, mas viajam constantemente para lá. Não adianta ameaçar com medidas tais como corte de crédito ou qualquer outra coisa que pressuponha uma atividade legal: o é feito de forma ilegal, ninguém está dando muito confiança para represálias desse tipo. Era preciso realmente um projeto que não fosse tão dispersivo como o atual, mas que atuasse diretamente nas áreas desmatadas, reduzindo a atuação dos grupos de desmatadores.

Mandar 760 policiais federais pode ser interessante. Desde que seja muito esclarecida qual será a logística para cobrir essa nova presença, e definido quem fornecerá os meios de (helicópteros, aviões e barcos) para que possam se deslocar rapidamente. Uma operação de controle da Amazônia por terra implica em muita gente e muito dinheiro, apesar dos recursos tecnológicos que o satélite nos oferece e o próprio Sivam complementa.

Temos, também, uma grande escola de luta na selvas. Por que não mobilizar as Forças Armadas? Não pode ser considerada ameaça à segurança nacional, essa constante devastação da Amazônia?

Por isso é preciso fazer um bom plano e articular a ajuda externa em função desse plano. Celso Amorim afirmou que o Brasil aceitava reduções do universalmente controláveis. É hora de continuar a conversa de Bali, pois ela pressupunha seriedade e persistência.

Fonte: Fernando Gabeira

CHARGE DO AMÂNCIO

Fonte: chargeonline.com.br/Amâncio