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Sugestão inteligente de um vigilante

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

O meu oftalmologista fez a pauta deste artigo, dando-me uma lição de bom jornalismo. Sugere que se pergunte aos parlamentares sobre as “avacalhações” que os seus partidos (quase todos) fazem na Câmara e no Senado.

Para ele, seria um teste perguntar para Dilma, a presidente de 100 dias, qual a posição que assume sobre os aumentos salariais do mundo político, dela própria, ministros, deputados e senadores e, em consequência, de deputados estaduais e vereadores…

Pauta é pauta. A inteligência do médico me leva a levar aos coleguinhas alguns questionamentos, e pedir-lhes para avaliá-los.

Uma pergunta que vai para os três poderes da República, é sobre o problema do INSS, se há realmente descompasso nas contas depois do pequeno aumento no valor das aposentadorias e porque não se acaba logo com o fator previdenciário.

Perguntas, perguntas e perguntas valem mais que discursos. Nós, leitores de jornais, ouvintes de rádios e telespectadores, poderíamos listar vários questionamentos também aos ex-presidentes ainda vivos (alguns muito “vivos”) Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula, em ordem cronológica para não estimular reclamações.

É fundamental um quesito sobre o Plano Real. Sarney e Collor tentaram conter a inflação com planos outros, e fracassaram; Itamar e FHC fizeram-no aos trancos e barrancos; e Lula considerou-o uma “herança maldita”.

Agora que a inflação bate às portas do País, valeria à pena estimular este debate, em defesa da bolsa do povo e da economia nacional.

O questionário jornalístico, em minha opinião, levaria a teses ligadas à política exterior e à defesa e consolidação da democracia, incluindo o caso dos presos de consciência de Cuba, e saber o que a Presidente pensa, se concorda ou não com Lula, que comparou os opositores do governo com criminosos comuns.

Também sob o foco das relações internacionais, saber o que Dilma cogita respeito do direito de países soberanos – como no caso do Irã – se teem direito de desenvolver uma política nuclear própria, com fins pacíficos ou não.

Sobre a democracia, devemos tomar conhecimento ainda de qual maneira a oposição encara as investidas do PT-governo de implantar um controle “social e democrático dos meios de comunicação”, como propõe o ministro Vanuchi no simulado Programa dos Direitos Humanos, máscara da investida totalitária dos atuais detentores do poder.

Com certo cinismo, o ministro Aloizio Mercadante – com sua repugnante subserviência a Lula – diz que o “controle” será exercido por nós, leitores de jornais, ouvintes de rádios e telespectadores.

Nas ditaduras, os leitores de jornais, ouvintes de rádios e telespectadores, são figuras de retórica; quem os representa são os censores e a polícia política.

Pela democracia e republicanismo vale à pena interrogar Dilma e o seu partido como serão suas relações com o Congresso Nacional. Há que haver uma definição séria, depois da triste experiência de Zé Dirceu, estabelecendo uma base parlamentar de apoio ao PT-governo pela compra dos parlamentares, no chamado “mensalão”.

Pessoalmente, eu gostaria de saber sobre o intercâmbio entre o Poder Executivo e o Judiciário, principalmente com os ministros do Supremo Tribunal Federal, que na atualidade assumem posições políticas, tendências ideológicas, e tratamento diferenciado nos julgamentos de plenário.

Por fim, insisto em ver definidas as posições políticas do mundo político, cada qual no seu lugar, a oposição fazendo oposição e o governo governando. E como estas duas faces da mesma moeda vêem presidenciável a Federação, o peso dos estados nas decisões nacionais.

No meu modo de ver é impossível continuar tratando os estados federativos desigualmente, ao sabor dos interesses do presidente da República e do partido no poder. O caso das verbas da união para os ministros é o exemplo mais-do-que-perfeito disto.

Enquanto o Rio de Janeiro, que atravessa uma tragédia inominável com os últimos temporais recebeu 0,96% dos repasses para o combate às calamidades, a Bahia teve 62%. Isso, por causa de um ministro que foi candidato e de um governador do partido de Lula.

E assim, o sofrimento do povo é carta fora do baralho da politicagem.

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