Arquivo do mês: setembro 2023

AS QUATRO FASES DA LUA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

No Carnaval de 1962 (eu brincava participando de blocos) a cantora Ângela Maria que completaria 100 anos no último 31 de agosto, lançou a marchinha “A Lua é dos Namorados”, que fez o maior sucesso. A letra se inspirou na missão soviética Vostok 1 levada à órbita da Lua tripulada pelo cosmonauta Iuri Gagarin.

Viu-se na arte musical um exemplo de reconhecimento ao avanço científico; também nos EUA, em plena guerra fria contra a URSS, a banda The Marcels homenageou o voo de Gagarin regravando uma das mais lindas canções norte-americanas, “Blue Moon”, de Richard Rodgers e Lorenz Hart, lançada em 1934.

No Brasil, todo o Rio de Janeiro cantou “Todos eles/ Estão errados/ A lua é/ Dos namorados” e agora, 61 anos depois, assistimos saudosos em agosto ao fenômeno batizado pelos astrônomos de “Super Lua” – um momento em que o satélite fica mais próximo da Terra.

Diz o meu amigo @profeborto que eu exploro metáforas; é verdade. Na cosmografia lunar faço-o para dizer que na política brasileira, os ocupantes dos poderes republicanos vivem no “Mundo da Lua”; e não pelas músicas, nem com os astrônomos observando através do Telescópio Gigante Magalhães. É pela loucura que a picaretagem impõe ao País.

A nossa política vive uma verdadeira psicose, dominada pela fraude e a mentira, numa polarização eleitoral que se parece com as lapinhas natalinas dividindo o público entre o cordão azul e o cordão encarnado.

Assistimos o atual presidente, Lula da Silva, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, se engalfinhando, acusando-se do que fazem. Xingam-se de demagogos, populistas e corruptos, e ambos têm razão.

Também a capital da República elege uma senadora cujo único mérito é afirmar que viu Jesus sentado no galho de uma goiabeira. Este discernimento eleitoral dos brasilienses lembra-me a história do antigo fabulista turco Nasresddin Hadja, que indo pegar água num poço viu a lua se refletindo na água e resolveu pescá-la, jogando a linha da vara de pescar n’água com o maior anzol que dispunha; este se prendeu no fundo por alguma razão.

Então Nasresddin puxou tão fortemente o anzol que a linha arrebentou e ele caiu de costas. De cara para o céu, vê a lua e se emociona: – “Que Alá seja louvado!”, pensou, “levei a lua para onde ela deve estar!”

A exultação do islamita mostra que a lua é adorada pelos árabes desde antes de Maomé, que se aproveitou disto, fazendo da Lua Crescente o símbolo da sua religião, evocando a morte e a ressureição. Como se sabe, a Lua passa por quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante, e o ocultismo vê na Lua Minguante a “Fase de Olhar para as Sombras”, sugerindo o recolhimento para a reflexão sobre a vida.

Vemos então que a realidade desencanta. Com o homem pisando na Lua, os mistérios vão-se deletando. E o pioneiro desta presença, Neil Armstrong, legou-nos uma frase antológica: “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”.

Este salto humano transpõe todos obstáculos da ilusão. Precisamos então refletir sobre o futuro do Brasil e decidirmos como devemos nos libertar da psicose polarizadora das falsas “Direita” e “Esquerda” que se assumem como tal para enganar os trouxas.