Arquivo do mês: julho 2011

Gabriel O Pensador

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Artigo

A corrupção endêmica e a crise política

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br

A ciência política ensina que – pelo menos em teoria – as crises trazem lições que devem ser aproveitadas para evitar que se repitam. O governo é o imã das crises e só através delas encontra o caminho certo a seguir.

Não é uma regra geral. Mas, dependendo do governante, a crise política pode ser um aprendizado para o bem fazer, ou, se a origem do problema for a corrupção, como no caso vivenciado pelos consecutivos governos do PT, para a acomodação e consequente locupletação, como ocorreu na Era Lula.

O ex-presidente Lula da Silva passou o poder para Dilma Rousseff não lhe entregando apenas a cadeira presidencial, mas, com ela, um contêiner superlotado de problemas. Bastaria o mensalão comprometendo os principais dirigentes do partido para estender o tapete amarelo gema-de-ovo (a cor é para escapar de acusações racistas) do comprometimento com a corrupção.

Não somos ingênuos a ponto de acreditar que Dilma, coparticipante como ministra da copa-e-cozinha do Governo Lula, desconhecesse o que se passava na Esplanada dos Ministérios ou, pelo menos, nos corredores do Planalto. Deve ter apreendido e aprendido muita coisa quando ocupou a Casa Civil.

Dilma criou, então, a imagem que fez dela na campanha eleitoral: a “Gerentona”, capacitada para chefiar a Nação. Foi a indiscutível malandragem de Lula, pelego sagaz, que a levou à Presidência para fechar os olhos, tapar buracos e prosseguir com o projeto dos 20 anos de poder petista…

Aceitando desempenhar este papel, Dilma deveria ser o que na gíria policial se chama “laranja”, ocupando o lugar de outro. Ela, porém, negaceia. Por consciência ou formação ideológica (é difícil dizer) ela tem resistido a colaborar com os 300 picaretas do Congresso a partir das denúncias e desenrolar do caso no Ministério dos Transportes.

Além do que convencionou chamar de “faxina” na pasta-feudo do Partido da República a Presidente foi além: segurou o pagamento das emendas parlamentares que fazem parte dos restos a pagar de 2009, e foi chantageada pela picaretagem explícita dos parlamentares corruptos.

Mostrou que quando quer, sabe usar o poder, avaliando com clareza e segurança a situação e não batendo palmas para maluco dançar. Enfrentou críticas dirigidas e ousou demitir um ministro popular entre os picaretas e presidente de um partido de peso nas duas casas do Congresso.

Justiça se lhe faça: Dilma enfrentou os escândalos dos Transportes com galhardia e avançou lembrando que na campanha apresentou um orçamento para as obras do PAC no setor, e o encontrou, como presidente, os números multiplicados assustadoramente.

Ao fazê-lo, assumiu o enfrentamento com o PR, um dos aliados mais leais no Congresso, realizando um jogo de cena junto com o senador Blairo Maggi: Fingiu convidá-lo para assumir a Pasta e ele fingiu não aceitar. Assim o PR foi descartado.

Na tática usada, só cometeu – ao meu modo de ver – um erro: nomeou para a vaga do ministro defenestrado, Alfredo Nascimento, o ex-secretário executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, comprometido – sem sombra de dúvidas – com tudo o que presenciou obrigatoriamente. Ou sabia de tudo ou não tem condições de dirigir uma simples secção burocrática.

O outro escorregão não dependeu dela, mas da audácia política de Luiz Antonio Pagot, diretor do Dnit, ao recusar a demissão com ameaças e forçando um pedido de férias para ganhar tempo, ficando por isso mesmo. No lance geral, terminou amansado pelo padrinho Maggi.

Doravante, resta ao PR aguardar como se conduzirá o ministro Sérgio Passos, inicialmente acusado de trair o partido pelos companheiros e, pela oposição, de superfaturar obras para ajudar a campanha de Dilma em 2010.

Seja lá como for o baralho está na mesa e as fichas estão com quem ocupa o poder. A peruagem não está dando pitaco até agora, o que chateia Lula e dá esperança de que Dilma possa, realmente, vencer o jogo contra a corrupção.

 

Sinopse das revistas semanais

Veja

Capa – Terror no país da paz: O terrorista Anders Behring Breivik, ultranacionalista de 32 anos, preso em Oslo, deixou na internet um rastro de ódio ao multiculturalismo * Corrupção: O pedreiro “laranja” de 8 milhões de reais e os truques mais usados para roubar nosso dinheiro.

Época

Capa –  Agência Nacional da Propina: Obtivemos  vídeos, cheques e documentos que revelam como o aparelhamento partidário transformou a Agência Nacional do Petróleo numa central de achaque e extorsão.

ISTOÉ

Capa – Corpo artificial: Instituto de pesquisa dos Estados Unidos anuncia a criação de um fígado humano, e a medicina dá um importante passo para a fabricação de órgãos vitais em laboratório, como já acontece com traqueia, bexiga, rins e até vasos sanguíneos * Transportes. Documentos do TCU mostram que o ministro Passos mentiu.

ISTOÉ Dinheiro

Capa –  EUA no limite: Com uma dívida de US$ 14,3 trilhões e uma guerra política no Congresso, os Estados Unidos espalham pelo mundo o medo do calote e de mais uma crise econômica global * Vale: sob fogo cruzado das siderúrgicas.

Carta Capital

Capa – O Brasil e a crise: O cenário externo piora e impõe novos desafios à economia nacional. Análises de Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo e The Economist * Eleições 2012: Nem Mercadante nem Marta. Lula prefere Haddad * Mídia: O cerco a Murdoch nos dois lados do Atlântico.

EXAME

Capa – O homem que derrotou Abílio: Após vencer a batalha contra o sócio brasileiro, o francês Jean-Charles Naouri diz que vai fazer valer o acordo que o tornará dono do Pão de Açúcar: “Paguei caro e não vou desistir” * Especial: De um lado, o governo promove fusões de empresas. Do outro, quer defender o consumidor. A conta não fecha.

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Demissões não eliminam foco de corrupção no Dni

Montado para impedir fiscalização, órgão tem 150 diferentes redes de dados

Para mudar o Ministério dos Transportes e pôr fim a esquemas de corrupção em órgãos como o Dnit não bastará demitir dirigentes, como tem feito a presidente Dilma. Com uma engrenagem azeitada para impedir a fiscalização, o Dnit tem uma gestão caótica e procedimentos desenhados para esconder a corrupção. Há mais de 150 sistemas diferentes de informação na sede e nas 23 superintendências regionais, o que dificulta qualquer controle. Consultores terceirizados entregam projetos de engenharia de baixa qualidade e sem assinar, o que resulta em obras com múltiplos termos aditivos para ampliar custos e prazos. Um plano de gestão e ética, feito por funcionários, chegou a ser levado ao diretor-geral afastado Luiz Antônio Pagot, propondo cobrança de resultados como na iniciativa privada, mas foi engavetado. (O Globo)

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Primeiras páginas_24.jul.11

O Globo – Demissões não eliminam foco de corrupção no Dnit

Folha de São Paulo – Amiga de ministros do PT atua como lobista no Dnit

Estado de São Paulo – “Faxina” mira braços do Dnit nos Estados

Correio Braziliense – PF investiga indenizações à beira das estradas

Valor Econômico –

Estado de Minas – Falha do Dnit: lotes na beira da estrada

Jornal do Commercio (PE) – Médicos deixam de atender pelos planos de saúde

Zero Hora – Câmaras já criaram 183 vagas de vereador no RS

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Baden Powell – Samba em Prelúdio

 

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A crise nos Tranortes

Diretor do Dnit ligado ao PT perde o posto, o que deve acalmar o PR

A faxina no Ministério dos Transportes não tem limite, e as mudanças vão continuar para que a pasta funcione como base da alavancagem da infraestrutura do país, disse a presidente Dilma Rousseff ao colunista Jorge Bastos Moreno. Ontem, mais um diretor do Dnit perdeu o posto, desta vez um petista, Hideraldo Caron, o que deverá acalmar o PR, ao qual são ligados quase todos os demais 16 afastados dos Transportes. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que entrou de férias para não ser exonerado, ficou de apresentar carta de demissão. Em outra entrevista, Dilma também falou sobre economia e política industrial. “Não queremos inflação sob controle com crescimento zero. (O Globo)

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Primeiras páginas_23.jul.11

O Globo – Petista cai e Dilma afirma que a faxina é para valer

Folha de São Paulo  – Deputados do PR pediram propina, acusa administrador

Estado de São Paulo – Presidente vai tirar ‘todos’ no Dnit e na Valec

Correio Braziliense – Dilma: “Vou trocar todo mundo”

Estado de Minas – Dilma amplia faxina

Jornal do Commercio (PE) – A crise não é só o PR”, ataca Sérgio Guerra

Zero Hora – Caron sai e sugere que Dilma exagerou

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Portos inaugurados há dois anos afundam na Amazônia

Ministério alega que obras não suportaram cheias dos rios da região

Além das denúncias de corrupção, obras do Ministério dos Transportes sofrem com a baixa qualidade. Cinco portos fluviais construídos no Amazonas nos últimos dois anos já apresentaram problemas, como rompimento ou afundamento. Os gastos com os cinco portos – quatro deles entregues no ano passado – somam R$ 44 milhões. O ministério alega que as obras não suportaram as cheias dos rios amazônicos. Ontem, a presidente Dilma excluiu de reunião sobre o PAC o diretor do Dnit Hideraldo Caron (PT), também ameaçado de demissão. (O Globo)

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Primeiras páginas_22.jul.11

O GLOBO – Portos inaugurados há dois anos afundam na Amazônia

FOLHA DE SÃO PAULO – TCU vê sobrepreço de R$ 420 mi em estatal de ferrovias

O ESTADO DE SÃO PAULO – Dnit libera verba de estradas para fazer casas

CORREIO BRAZILIENSE – R$ 1,555: Dólar cai e é o mais barato em 12 anos

VALOR ECONÔMICO – Aditivos param trechos de obras no São Francisco

ESTADO DE MINAS – Desvio na BR-381 põe faturamento em risco

JORNAL DO COMMERCIO (PE) – Base já admite a CPI dos Transportes

ZERO HORA – Crescem suspeitas sobre Caron e o Dnit

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