Arquivo do mês: julho 2007

“Considerar empecilho uma possível ocorrência de trabalho escravo (no plantio da cana) é um despropositado exagero, considerando que o Brasil tem democracia consolidada e leis severas contra a exploração indevida de recursos humanos”.

Paulo Skaff, presidente da Fiesp

“Foi lançado no final da semana passada o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional São Paulo e com a participação de diversas entidades e lideranças da sociedade civil e chamado de “Cansei”. Foi inicialmente motivado pela indignação em relação ao acidente aéreo em Congonhas e tomou forma de um protesto contra alguns aspectos do caos atual: balas perdidas, impostos, empresários corruptores. O movimento, segundo seus organizadores, é “em prol da cidadania” e sem “cunho político”. Um movimento “em prol da cidadania” pode ser até apartidário, mas é sempre um movimento político. A começar pelos aspectos que escolhe. Não se diz, por exemplo, “cansei de ver cidadãs e cidadãos morrendo de fome nas ruas do meu país”. Indignação é um sentimento fundamental para tornar viva a crítica a todo tipo de injustiça”.

Marcos Nobre, articulista da Folha

OPINIÃO: A minha ótica do “Cansei” coincide com a do Marcos Nobre. Ele, humanista, cobra da pauta do movimento a presença dos brasileiros situados abaixo da linha da pobreza, “as cidadãs e cidadãos morrendo de fome nas ruas do meu país”; eu, com meus apaixonados 60 anos de jornalismo, pedi em artigo publicado ontem n’O Jornal de Hoje, a defesa da liberdade de expressão, a começar da luta no Congresso para derrotar a Medida Provisória de Lula da Silva que visa implantar a censura prévia nos programas de rádio e tevê. MIRANDA SÁ

Carta ao Ministro Jobim

“Senhor Ministro (Nelson Jobim): não caia na tentação do marketing político – aquele que anuncia pacotes o tempo todo, mas nada soluciona. Decida, faça, cobre, demita (dispensar incompetentes e malandros não é crime, é obrigação)”

Maria Inês Dolci (http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br)

“Que a Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) é um completo fiasco já não há dúvidas. Mas que trocar seus membros vá resolver o caos aéreo é outra dessas lendas a que o brasileiro se afeiçoa regularmente. O buraco é mais em cima, maior e mais antigo. Trata-se do desmanche do Estado Brasileiro. Ou, para os radicais, de um Estado que jamais chegou a ser efetivamente criado. Comecemos pelo Senado. Fernando Rodrigues, com a competência habitual, já mostrou que a sabatina dos indicados para a Anac foi apenas um piquenique entre amigos. Por quê? Porque os senadores “aparelharam” o Senado para servir a seus interesses político-eleitorais (em alguns casos, seus negócios)”.

Clóvis Rossi, jornalista

OPINIÃO: O dicionário é quem diz, a Anac faz uma má figura no sistema aéreo brasileiro. Rossi, porém, encontra nela apenas um detalhe do todo, que é o desmanche do Estado, e dá um exemplo brilhante, do “piquenique entre amigos”, que acontece quando o Senado aprecia os nomes baixados pelo Planalto para cargos de importância do governo. MIRANDA SÁ

“Há um desencanto, uma tristeza grande, e quando isso prevalece sempre pode surgir um aventureiro para levar o país a um destino muito ruim, sem rumo”.

Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo

“O início do julgamento do mensalão pelo STF tem tudo para fomentar a oposição ao foro privilegiado e a sensação de impunidade. O Supremo deverá decidir, entre os dias 22 e 31 de agosto, em seis sessões de cinco horas cada, se acolherá ou não a denúncia oferecida há um ano e meio pelo Ministério Público Federal. Pelo rito processual, o Ministério Público Federal e os advogados dos 40 acusados vão dispor, ao todo, de dez horas e meia para a sustentação oral. Depois do voto do relator, cada ministro terá a palavra, podendo pedir vista dos autos e adiar a votação para outra sessão. Se até lá, com os recursos previstos em lei, os crimes ainda não estiverem prescritos, o julgamento final será numa sessão em que o MPF e os advogados falarão durante 41 horas”.

Renata Lo Prete, jornalista (painel@uol.com.br)

OPINIÃO: Sinceramente, não acredito que os ministros do STF participem de uma farsa; mas “estou convencido” de que a ourivesaria das leis brasileiras, os atalhos, os recursos, os prolegômenos e a propedêutica, deixarão todos os 40 acusados flanando e rindo da Justiça, desalentando assim a cidadania ao nos dar a certeza da impunidade imperante no país… MIRANDA SÁ

Rossano não sentiu firmeza…

“Ao rejeitar o convite para comandar a Infraero, Rossano Maranhão não levou em conta apenas seu contrato com o Banco Safra. O ex-presidente do BB, que era a nome favorito do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, não sentiu lá muita firmeza nos planos do governo para a estatal. Com a recusa de Maranhão, o ex-deputado petista Airton Soares, do conselho da Infraero, intensificou a campanha que move desde sempre para assumir a presidência da empresa”.

Renata Lo Prete, jornalista

“Temos que ter tranqüilidade, não aceitar esse tipo de provocação e nem alavancar esse movimento (“Cansei”) cujo patrono deve ser a Haddock Lobo ou a Oscar Freire”.

Ricardo Berzoini, presidente do PT

“O presidente do PT de Mato Grosso do Sul, Mariano Cabreira, afirmou que foi procurado pelo cerimonial da Presidência para que o diretório estadual organizasse uma “mobilização” hoje, durante a visita de Lula da Silva a Campo Grande. Ele negou o pedido. Procurada, a assessoria do Planalto não respondeu até a noite de ontem. Lula não deve mais viajar para anunciar investimentos do PAC. A mudança ocorre depois das vaias no Nordeste. A presidência negou que a alteração seja para poupar Lula. Dizem que há pressa para assinar protocolos e para a liberação do dinheiro”.

(AGÊNCIA FOLHA)

OPINIÃO: Está na cara, sô! Acostumados às jogadas assembleístas e o “enfrentamento”, será mais fácil agora porque o PT-governo tem nas mãos uma massa de manobra, pela cooptação de sindicatos, entidades estudantis, ONGs fajutas e mil e uma entidades fantasmas mamando nos cofres públicos com verbas “a fundo perdido”. Já não criaram um movimento “Cansamos” para enfrentar o “Cansei”? É dividindo que se domina, ensina Maquiavel… MIRANDA SÁ

Trava-língua

“Além de Dilma Rousseff, que falou “Paraíba” em vez de Piauí, também Lula se confundiu em visita ao Estado na sexta. Chamou o município de Gurguéia de “Gurjéia” e o de Jerumenha de “Jurumenha”.

Renata Lo Prete, jornalista