Arquivo do mês: maio 2017

O BEM E O MAL

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A maturidade do homem consiste em haver reencontrado a seriedade que tinha no jogo quando era criança” (Nietzsche)

A humanidade desde os seus primórdios vive uma guerra entre o bem e o mal, e isto não depende do ponto de vista de cada um; é inexorável este choque na política e fundamentalmente na religião.

Na política, a sociedade assistiu historicamente em todo mundo a opressão de déspotas e ditadores, a divisão de classes, a escravatura e a servidão. Até onde se conhece, os males e o enfrentamento do bem das antigas nações, têm essa realidade gravada em argila, na madeira, no metal nos papiros e na pedra.

Há também registros primordiais em todas as religiões estudadas e conhecidas da luta incessante do bem contra o mal.

O mais expressivo exemplo vem da mitologia persa com a competição de Ormuz, o deus do bem, contra seu irmão gêmeo, o deus do mal, Arimã. Este quadro é descrito no livro sagrado do mazdeísmo, o Zend-Avesta, escrito por Zaratustra.

De lá para cá, tanto as religiões politeístas como as denominadas grandes religiões monoteístas apresentam este confronto mitológico, sendo que o judaísmo e o cristianismo veem Deus punindo e combatendo Lúcifer.

E parece que há um DNA da memória que revive em todas as cabeças o conflito do Bem contra o Mal. É generalizado na cultura de todos os povos; na filosofia e na literatura mundial, nos romances, na poesia, no teatro. Dos contos às novelas. E até na música.

Encontramos na filosofia grega, tanto em Sócrates como em Platão, o pensamento que coloca o choque do bem contra o mal, no caráter da pessoa. O primeiro ensinou que “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância” e seu discípulo foi mais além, dizendo que “Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal”.

No cinema é expressiva esta luta. Pulando sobre as produções de fundo introspectivo, o modelo mais do que perfeito está nos filmes de faroeste, do mocinho contra o bandido. No bang-bang incessante vê-se a peleja do bem contra o mal.

Também nas histórias em quadrinhos. Eu tive a felicidade de ter a permissão dos meus pais de ler gibi, o que era proibido na minha infância e adolescência para os meus colegas. Neste tipo especial de arte – na composição, no desenho e na mensagem – hoje se reconhece tratar-se de uma produção talentosa de artistas.

No conjunto de texto e na forma, a qualidade das histórias em quadrinhos abrange todos os gêneros; da comédia à tragédia, com realismo ou ficção. Temos até o lado ingênuo, cujo exemplo é do brasileiro Mauricio de Sousa com a sua notável produção da Turma da Mônica.

Nos gibis mais populares, o bem e o mal andam lado a lado e segundo o estudioso da matéria, Marcelo Paiva, “a linha entre um e o outro é muito tênue”. O herói e o anti-herói se combatem, um defendendo a humanidade com altruísmo e o outro querendo dominá-la com um bando de bandidos.

Estamos vivendo no Brasil este combate, tipo Batman contra Lex Luthor, Super Homem contra os exilados de Kripton e Capitão América contra o nazismo…  De um lado os que defendem a Constituição e que se faça uma Justiça Boa e Perfeita; do outro lado uma falange de corruptos.

E não resta dúvida, que o conhecimento da realidade mostra que os bons, que defendem o bem, não têm bandidos de estimação, enquanto os maus, que ficam com o mal, fazem dos bandidos seus heróis.

 

PARECENÇA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol;com.br)

                        “Os melhores fascistas obedecem em silêncio e trabalham comdisciplina”  (Benito Mussolini)

Repetidamente discute-se no Twitter duas interpretações: Se o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nazista) era de direita ou de esquerda e se o Partido dos Trabalhadores do pelego Lula da Silva tem formação fascista.

Mussolini, nosso epigrafado, explica com a frase pronunciada a obediência cega dos militantes fascistas e sua disciplina, cuja ação só foi superada pelos membros do Partido Comunista (Bolchevique) da União Soviética. Ambos caricaturados pelo fascismo tupiniquim…

Descrevendo a conjuntura alemã quando os militantes do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães se preparavam para tomar o poder, os historiadores Roger Manwell e Heinrich Fraenkel registraram:

“O Parlamento estava enfraquecido por um número demasiado grande de partidos de minoria, cada um procurando obter mais vantagens do que os outros”.

Não é o que se vê no Brasil com a enxurrada de partidos nanicos? Mais de dez se autodenominando “de esquerda”, mas andando a reboque do PT, e do seu cultuado chefe.

Como se sabe a linguagem é viva e saudável na boca do povo. As palavras nascem, adoecem, desaparecem ou morrem. Pesquisando, encontro e visito na UTI do idioma português a palavra “Parecença”, um substantivo feminino que vive graças às injeções culturais dos sertanejos.

Sua característica é ser intimamente ligada à aparência semelhante, sendo, por isso, mais do que simplesmente semelhança. Assim, apresenta menos sinônimos do que antônimos, como diferença, discrepância…

Então há pouca ou nenhuma diferença na formação do PT com a formação do NDASP. A História registra que quando em 1920 Hitler assumiu o comando do Partido Nacional Socialista, que era uma agremiação “de esquerda”, acrescentou à sigla “dos Trabalhadores”, que ficou “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.

E em seguida, os irmãos Otto e Gregor Strasser, secretários de mobilização do partido nazista mobilizaram as várias tendências esquerdistas da Alemanha, os anarco-sindicalistas que enfrentavam os comunistas, os trotskistas, sociais democratas e até trânsfugas do Partido Comunista (stalinista). Não foi desse jeito que os padres “revolucionários” fizeram em São Paulo paras fundar o PT?

Esta composição tem uma incrível parecença. E tem mais: tal qual assistimos no Brasil, Hitler criou as “Tropas de Assalto” com duas vertentes; uma, o chamado pessoal “do queima”, para discursos em portas de fábrica enfrentando os comunistas, e outra a dos vândalos mascarados para o “quebra-quebra” nas ruas das cidades.

Os militantes ouviam Hitler, como aqui ouvem Zé Dirceu. Hitler orientou: O NDASP não deverá ser um porta-voz da opinião pública, deverá dominá-la. Não será servidor das massas e sim seu patrão” (Mein Kampf); um pensamento lulopetista.

É assim que se comportam os cúmplices da roubalheira desenfreada de Lula e os hierarcas do PT.  A lavagem cerebral substituiu o livre pensar pelo fanatismo por uma ideologia fraudulenta que só defende nos discursos os interesses do País e da Nação.

Isto estamos assistindo. Para salvar Lula, não esperam que a Justiça puna seu ex-aliado Temer pelos seus malfeitos, mas praticam puro terrorismo. Na mídia, o noticiário seletivo dos militantes e contra prédios públicos, vandalismo.

Por isto, fico com o pensamento redondo e completo de Buenaventura Durruti: “Al Fascismo no se le discute, se le destruye.”

CORRUPÇÃO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

           “Debalde eu olho e procuro…/ Tudo escuro/ Só vejo em roda de mim!” (Casimiro de Abreu)

Distante da Pátria eu poderia cantar com o vate Gonçalves Dias e todos os poetas que o seguiram poetizando “canções do exílio”, como Casimiro, meu epigrafado, Murilo Mendes e Carlos Drumond de Andrade…

Mas a exaltação romântica que estes românticos fizeram está na contramão do que sinto, a onze horas de voo, na bela Costa Rica, a pérola da América Latina, pelo seu exemplo de Democracia, Educação e Saúde ao alcance do seu povo amável.

Não quero me lembrar dos jambeiros, nem dos maracanãs… A corrupção política escurece a minha vista da nossa pródiga natureza. Não esqueço que a corrupção é assassina, que mata os investimentos públicos para a Saúde, a Educação e o próprio bem-estar da cidadania.

Segundo os dicionários, o verbete “Corrupção” é um substantivo feminino qualificado como adulteração, deterioração, decomposição física de algo e putrefação. Isto bastaria para desenhar o mapa do Brasil. É a má aplicação da riqueza nacional em proveito da chamada “classe política”.

Estudiosos apontam várias formas de corrupção, citando o suborno, extorsão, fisiologismo, nepotismo, clientelismo e peculato. Qual dessas miseráveis modalidades não se vê atualmente na nossa Pátria?

Neste momento que atravessamos, uso uma lupa – que me ajuda enxergar o Brasil de longe – para focar a gênese do horror que nos envergonha e, como negar, nos amedronta. Vejo os mais de oito bilhões de reais que Lula da Silva, o arqui-corrupto, presenteou para a JBS, dos seus comparsas da família Batista.

A venda de Medidas Provisórias – que parecia um crime inominável – tornou-se mera coadjuvante do poder de corrupção que foi dotado aos pseudocapitalistas amigos do lulopetismo.

Foi daí que se envolveram centenas de políticos de várias legendas partidárias, mais particularmente aqueles que arrotavam oposicionismo aos males causados nos anos de PT-governo, em que um dos seus eleitos, Michel Temer, assumiu a presidência da República após o impeachment de Dilma Rousseff.

O afastamento de Dilma nos parecia uma livrança da pior crise econômica que o País vive, pela incompetência e leniência com a corrupção da ex-presidente alter ego de Lula. Acreditou-se que ajudaria o combate à inflação e principalmente ao desemprego de 14 milhões de trabalhadores.

Triste engano. Temer trouxe consigo uma fraude: o seu próprio partido medularmente envolvido em tramoias, e a enganação do tucanato, com o candidato adversário da chapa Dilma-Temer, Aécio Neves, comprometido com a criminalidade política igual a do PT e seus satélites.

Escrevo com a tristeza de reconhecer que pouco resta no cenário das ilegalidades cometidas pelo PT, PMDB, PSDB, PP e outros menos votados, mas tão envolvidos quanto.

A acumulação dos malfeitos nos 14 anos de ocupação do poder pelo lulopetismo se refletiu de maneira geral sobre os três poderes da República. E muito pior: acarretaram o silêncio cúmplice de uma grande fração do povo, aproveitadora dos restos do banquete da pelegagem e seus aliados ostensivos e ocultos.

Felizmente, a alvorada: os combatentes da Polícia Federal, do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro, que, como um tsunami de honestidade está lavando o solo nacional para nos livrar da podridão generalizada do mundo político.

 

 

GLOBALIZAÇÃO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                  “A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva                                 do cada um por si e reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada”    (Milton Santos)

Tenho certeza que não aparecerá um só intelectual manifesteiro do lulopetismo para contestar o nosso epigrafado, o professor Milton Santos, cuja respeitabilidade é superior às centenas de assinaturas em defesa de uma ideologia que favorece a corrupção, e, além de superada, é deturpada.

A palavra “Globalização” está na moda, apesar de representar o processo de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural do Foro de Davos sobre as demais nações. E incrivelmente, é defendida pelos “socialistas” latino-americanos.

O termo globalização é dicionarizado como substantivo feminino e definido como “espécie de mercado financeiro mundial criado a partir da união dos mercados de diferentes países e da quebra das fronteiras entre esses mercados”.

Sou contra a globalização porque derruba fronteiras para substituir o conceito de país por um governo virtual, transnacional, que realiza transações financeiras e comerciais e impõe culturas às nações aderentes e subordinadas.

As recentes eleições na França distinguiram-se por transparecer o choque das duas tendências mundiais, em prol e contra a globalização. O Reino Unido – que a séculos acumula experiências de autodefesa, já se mostrou contrário, e a eleição de Trump, nos EUA, inclinou-se igualmente contra o império invisível que tem George Soros como porta-voz.

Soros, como se sabe, é o megaespeculador que quebrou o Banco da Inglaterra, e lidera um grupo de “hedge funds” que exerce grande influência sobre o Euro. Não se manifestou publicamente como fizeram Obama e Merckel divulgando suas adesões em alto tom a Emanuel Macron, mas certamente o fez “por debaixo do pano”.

No sábado anterior ao pleito francês (no Exterior já se votava em embaixadas e consulados), o ex-ministro grego de Economia fez um estremecido apelo para que elejam o candidato de Hollande contra Le Pen. Mostrou que precisa do suor do povo francês para a Grécia sobreviver e escapar da crise gerada pela corrupção.

Há duas décadas seria impensável que a intelligentsia terceiro-mundista aderisse à globalização como fazem hoje os mesmos que combateram o Consenso de Washington e denunciavam – muitas vezes sem razão – o “imperialismo norte-americano pelos seus males.

Veja-se que o FMI define como característica fundamental da globalização o comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e difusão da ideia de uniformização cultural “universalista”.

Estes princípios contribuem sem dúvida alguma para a subordinação dos Estados-Nações. É o que se traduz no Brasil com a Lei da Imigração, que escancara as nossas fronteiras para os refugiados que a Europa recusa, e cria uma confusão mental sobre a notável contribuição migratória para a nacionalidade brasileira.

Uma coisa se registrou com àqueles que vieram trabalhar e progredir no Brasil, fugindo de guerras e crises econômicas; outra é vir concorrer com a pobreza aqui existente e sem busca de solução pelo mesmo governo que se abre para estrangeiros.

Enfim, ser contra a globalização é ser contra o domínio de um “grande irmão desconhecido”, é recusar-se a adotar o consumismo e o hedonismo das nações ricas do chamado primeiro mundo…

VERGONHA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                               “Negociatas, maracutaias, benefícios, prerrogativas… Empreiteiros, burocratas                                                                         a dança dos aditivos contratuais, Supremo Tribunal Federal…”                                              (Philipe Kling David/Miranda Sá)

Estou tomado de indignação e revolta, aumentando o percentual de 34% dos brasileiros que têm vergonha de ser brasileiros, quadruplicando em cinco anos o número deste desalento em relação à nossa Pátria.

Não poderia ser de outra forma, após o anúncio de que a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, por 3 votos contra dois, soltou José Dirceu, autor intelectual do assalto que o lulopetismo perpetrou organizadamente contra o Erário, como uma quadrilha de malfeitores.

Três dos juízes que não se negam a atender interesses alheios à Justiça assumiram esta decisão. São eles – para registro da História –, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, os dois primeiros pelas ligações políticas com o PT e Mendes por suspeitosa atuação na Corte.

É também necessário consignar que Dirceu estava preso desde agosto de 2015, condenado em 1ª Instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do Petrolão. E que já havia cumprido pena por atuação semelhante no caso do Mensalão.

Creio não ser o único a sofrer tamanha humilhação, por que envergonhar a cidadania como fez o Supremo, ultrajando a dignidade nacional, não pode ser aceito pelos que têm amor próprio. A indução deste opróbio é um verdadeiro estupro na consciência patriótica, um insulto aos que ainda acreditavam na Justiça.

O gangsterismo político atingiu o ápice com esta decisão que inegavelmente tem a finalidade de atingir a Operação Lava Jato, apoiada pela grande maioria do povo brasileiro. O acatamento ao pedido de habeas corpus de Dirceu soma-se a outras medidas tomadas em favor de corruptos presos.

A soltura em sequência de João Cláudio Genu, José Carlos Bumlai e Eike Batista envolvidos até o gogó em esquemas de corrupção, fere profundamente a ação corretiva que a PF, o MPF e o juiz Sérgio Moro vêm realizando sob aplausos gerais.

Nem todos sentem vergonha. Os amorais e os psicóticos não sofrem diante da desonra. Vergonha, dicionarizada como substantivo feminino, é o sentimento de um ultraje sofrido. A palavra vem do latim, “verecundia”, conceituada como condição psicológica de sofrimento pelo conhecimento de uma calamidade.

É vasta a sinonímia de vergonha, que aparece como aviltamento, constrangimento, desgraça, enxovalho, rebaixamento e vexame são alguns deles; e a calamitosa decisão do STF lembra uma estória que ouvi na adolescência:

Deus, quando disse faça-se a terra entre as águas, distribuiu as regiões que viriam a ser países pondo em cada qual percalços, proveitos ou transtornos.  No Japão e na Coréia, pôs terremotos, na China, inundações; na Indonésia tsunamis, na Índia fome, na Europa e América Central, vulcões; na África do Norte, desertos e nos Estados Unidos e Caribe, furacões e ciclones.

Para o Brasil, o Senhor mandou botar uma natureza exuberante, uma terra fértil, climas bem distribuídos, água à vontade. O filho de Deus, Jesus, falou-lhe que achava um exagero aquinhoar um País somente com coisas boas. O Justo disse então:

Verás que o povo que vai viver lá não precisa sofrer desgraças naturais para sofrer: Terá uma classe política miserável e um Supremo Tribunal Federal julgando às avessas, condenando a Nação e absolvendo os ladrões.