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BURGUESIA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!” (Ode ao Burguês – Mário de Andrade)

O velho Marx, numa nota à edição inglesa do Manifesto Comunista, definiu a burguesia como “a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores do trabalho assalariado”.

A História registra que a burguesia é uma classe social que ascendeu com a revolução industrial. Na Idade Média era formada de pessoas que residiam nas cidades, submetidas aos nobres e ao clero. Os burgueses eram açougueiros, artesãos, caçadores, carregadores, comerciantes e criadores de gado.

O cantor e compositor Cazuza, possivelmente inspirado na hipócrita poesia de Mário de Andrade – em epígrafe – foi, porém, mais pragmático, cantando: “A burguesia fede/ A burguesia quer ficar rica (…) Os guardanapos estão sempre limpos/ As empregadas, uniformizadas.”

Para desmentir os três, Mário, Marx e Cazuza, os sindicalistas petistas em nome do proletariado, se associaram aos empreiteiros corruptos e ladrões de vários tipos; transformando-se em falsos burgueses que eu insulto!

Isto que assistimos no Brasil contradiz a teoria marxista, os romances de ficção, poesias e canções pretensamente revolucionárias… Quem assume entre nós o papel da burguesia são os pelegos novos-ricos e os cafetões do ideal de justiça social.

Lembremos Karl Marx vivendo confortavelmente à custa da esposa filha de banqueiro; Mário de Andrade descendendo de opulento fazendeiro paulista e Cazuza era de família da alta classe média. Agasalhados como burgueses, defendiam o ‘proletariado’ pregando a transformação política e social.

Também nossos artistas e intelectuais defensores do “socialismo lulo-petista” ascenderam à burguesia pela produção intelectual. Vivem nababescamente e arremedam os burgueses.

Li uma entrevista do brilhante cineasta José Padilha, fantástico criador de “Tropa de Elite 1 e 2”, antes de se mandar para Hollywood. Ele disse que “o Brasil perdeu a sensibilidade para o absurdo”.

Contou Padilha uma passagem pitoresca: Sabendo que Gilberto Gil, família e amigos, assistiam ao seu filme em DVD pirata foi presenteá-lo com a cópia original. Chegando ao apartamento de Gil, abriu-lhe a porta uma empregada uniformizada e ele comprovou que viam o seu filme…

Assim, envolvidos de enredos nas suas mansões, muitos se emocionam com a pobreza e a romanceiam nas suas obras contestadoras; …e assinam manifestos a favor dos governantes responsáveis pela falta de Educação, Saúde e Segurança; …e arranjam desculpas para defender os corruptos de estimação.

Porém há piores do que eles. São os nojentos pelegos emergentes.  Estes fedem, realmente. Estão representados nas palavras do “herói” petista, José Dirceu, que perguntado sobre os R$ 120 mil mensais que a Engevix lhe dava de mesada, afirmou: “Esse preço é irrisório, doutor Moro, sem falsa modéstia”.

A pelegagem fede. O maior exemplo é a adaptação de Lula à burguesia usando ternos Armani, relógio rolex, viajando em aviões luxuosos com amigos e amigas e – parece incrível – defendendo-se da suspeição sobre a compra de um luxuoso triplex, diz que desistiu do negócio por que o apartamento não era adequado à sua família…

O quadro mais fedorento dos usufrutuários do poder é a comparação deles com a indigência no chão dos hospitais, sujos e de assistência precária; com a juventude sem escolas nem emprego levada à criminalidade e com pais de família assassinados por falta de segurança.

Também entra no rol a pompa exibida nas viagens da presidente Dilma e seus favoritos. São acintes à dignidade humana, mostrando que os ocupantes do poder são “burgueses” imitativos e alegóricos. Usando a máscara de ‘trabalhadores’.

Diante disso, é revoltante ver-se as tropas de choque do lulo-petismo, iludidas ou mercenárias, repetirem chavões contra a “burguesia” sem saber do que se trata; e xingam os que denunciam a corrupção com a gíria paulistana de burguês: “Coxinhas”!

Miranda Sá

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