Diante da fragilidade do Estado no Haiti, as equipes estrangeiras estão assumindo o controle da infraestrutura do país, na tentativa de começar a oferecer os serviços básicos à população. Brasileiros, espanhóis e franceses dividem com os EUA a tarefa de resgate às vítimas. Mais numerosos, os americanos tomaram para si também a responsabilidade do controle do tráfego aéreo e da manutenção da segurança pública – até segunda-feira chegam 10 mil soldados americanos ao país.
A pressão dos sobreviventes do terremoto por água e comida deixa a ONU e os militares alertas. A insegurança se espalha por Porto Príncipe, onde 15 mil corpos já foram enterrados em valas comuns – seriam 200 mil mortos – e um armazém de ajuda internacional foi saqueado. “Essa gente não come há 50 horas”, relata uma funcionária da ONU. Quem tenta ajudar teme que a situação leve à violência generalizada.
O governo brasileiro se queixou de interferência após o aeroporto de Porto Príncipe passar ao controle dos americanos. O chanceler Celso Amorim falou que “descoordenação”, e o ministro Nelson Jobim (Defesa) apontou “assistencialismo unilateral”. Para o secretário Robert Gates (Defesa), os EUA não serão vistos como força de ocupação.
Enquanto 14 militares feridos no terremoto desembarcavam em São Paulo, Admilson Neiva, pai de um oficial desaparecido no Haiti, peregrinava em órgãos públicos em busca de notícias do filho. O Exército confirma até agora a morte de 14 homens da Força de Paz.
Depois de três dias soterrado em casa, Samuel Jachond foi resgatado pelos bombeiros e recebeu atendimento médico. Equipes de 30 países estão trabalhando na cidade destruída. Estima-se que 50 mil pessoas tenham morrido e outras 250 mil estejam feridas.
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