Responsável pela derrubada do Governo João Goulart em 1964, o general Olímpio Mourão Filho, de indiscutível honestidade pessoal, registrou no seu livro de memórias “A Verdade de um Revolucionário”: “Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semianalfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta”.
A adulação com os ocupantes do poder é antiga entre nós, tendo começado com a carta de Pero Vaz de Caminha comunicando ao rei Dom Manuel sobre o “achamento” de terras deste lado do Atlântico, aproveitando, entre elogios, para pedir emprego para um parente…
Não há dúvida de que a degenerescência do regime comunista na finada URSS, teve como uma de suas causas o “culto da personalidade de Stálin”, lição não aprendida pelas caricaturas do stalinismo, com o culto dos chefes de Estado, como ocorreu em Cuba a divinização de Fidel Castro e ainda vemos nos dias de hoje com o ditador coreano Kim Jong-um.
O general Olímpio Mourão Filho não era um psicólogo, mas um acurado observador das pessoas e dos costumes; usou, consciente ou inconscientemente o método científico da Psicologia, de analisar, enxergar e pesquisar de cautelosamente o paciente. No coletivo, a massa inculta emprenhada de subserviência….
Dicionarizado, o verbete Psicologia é um substantivo feminino de origem grega, formada das palavras “psyché” (alma, espírito) e “logos” (estudo, razão, compreensão), que deram no latim clássico psychologia; psico + logia. Os gregos antigos designavam-na com referência ao ar frio e à alma; os romanos como “estudo da alma”.
A Psicologia foi incorporada à terminologia médica criado em 1590 pelo teólogo alemão Felipe Melanchthon, um estudioso preocupado com problemas mentais na sua congregação.
Hoje considerada uma ciência, a Psicologia estuda a mente e o comportamento dos seres humanos, individualmente ou em grupos. Analisa a associação de ideias, emoções, avaliação autocrítica e visão crítica de fatos e das pessoas com o quê o indivíduo interage. Mesmo na Veterinária já se estuda também distúrbios de animais.
A psicologia adentrou nos meios políticos pela propaganda, principalmente os regimes totalitários. Wladimir Ilitch Lênin anunciou pelo rádio a vitória da revolução de 1917, e considerava a difusão radiofônica como estratégia de convencimento, tese mais tarde aproveitada por Adolf Hitler nas campanhas do partido nazista.
Aliás, a propaganda nazista, do ponto de vista psicológico, é profundamente estudada por Wilhelm Reich no livro “Psicologia de Massa do Fascismo”. Neste trabalho, Reich cita o próprio Hitler que escreveu no seu livro “Mein Kampf” (Minha Luta): “A voz do povo nunca foi mais do que a expressão daquilo que do alto se lançou sobre a opinião pública”.
A influência psicológica exercida pelos bancos, pelo Comércio e pelos governos exerce uma poderosa transcendência não somente nas massas, mas de uma forma especial sobre as classes médias.
No Brasil assistimos, por um paradoxo histórico, o exemplo das classes médias revoltadas contra a corrupção lulopetista, que engrossaram a campanha eleitoral de um desconhecido político do baixo clero parlamentar, Jair Bolsonaro, graças à propaganda sub-reptícia da direita populista com promessas inexequíveis.
As altissonantes palavras-de-ordem contra a corrupção (enaltecendo o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato), os acenos de mudanças com críticas à picaretagem parlamentar e a defesa das privatizações conquistaram mais de 30% dos votos….
Lembra-me o enunciado de Carl Jung: – “quem olha para fora sonha e quem olha para dentro desperta”, confirmando o despertar da psicologia instintiva dos brasileiros revoltando-se pela traição e, pior, a inversão do combate à corrupção e ao crime organizado por interesse familiar.
Este repúdio cresceu e se manifesta mais vigorosamente com o negacionismo obscurantista do Presidente diante da pandemia, desdenhando da prevenção para a imunização criticando as vacinas. Neste cenário de quase faroeste, se trava a luta entre o revólver e o conhecimento…
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