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HOMO DUPLEX

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Paulo de Tarso, judeu da elite, que se tornou o mais importante agitador do Cristianismo, escreveu numa das suas epístolas: “Existem em mim dois homens”; e o foi post-mortem ao ser canonizado pela Igreja Católica, como pessoa e santo.

Assim, a tese de Émile Durkheim do “Homo Duplex” – que levou o famoso escritor inglês Joseph Conrad a se definir como tal, igualmente a São Paulo, passa a ser uma classificação antropológica na evolução da espécie humana.

Já tínhamos o quadro largamente difundido pela Antropologia Evolucionária no seriado que traz os “Homo habilis”; Homo ergaster; “”Homo erectus” e “Homo neanderthalensis” que tem início com os homídeos bi-pedalistas que usaram as mãos para fazer ferramentas até os dias de hoje, em que somos representantes do “Homo sapiens”.

Charles Darwin foi o primeiro a propor a relação de parentesco dos humanos com os antropoides (grandes macacos), e aprofundando, os estudos científicos mostram que o gênero Homo se destacou pelo desenvolvimento do sistema nervoso e da inteligência.

A evolução da espécie humana começou a seis milhões de anos, período em que a população de primatas do noroeste da África se dividiu em duas linhagens que evoluíram independentemente. O primeiro grupo permaneceu no ambiente da floresta tropical e o outro emigrou para diversas regiões planetárias.

Comprovando esta exposição, foram encontrados fósseis de ambos grupos, com os migrantes aparecendo em pesquisas arqueológicas na Europa, na Ásia e sul da Sibéria. A presença do Homo Sapiens em determinado momento da nossa história ainda não tem uma data esclarecida, mas ao tornar-se único do gênero Homo no planeta, após a extinção das outras espécies, é de cerca de 200.000 anos.

Nós somos estas criaturas que venceram e sobreviveram. Estamos classificados, segundo a Psicanálise, como “personalidades”, cerebralmente constituídas de consciente, pré-consciente e inconsciente; e é o consciente que nos dá as percepções, as memórias, os sentimentos e, segundo os freudianos, até as fantasias….

Isto, em estado normal, nos oferece todas as condições de viver em sociedade agindo nas ações intelectuais e políticas. Infelizmente, surgem problemas; um deles é aquele que chamávamos de “dupla personalidade” que os estudiosos da mente classificam hoje como Transtorno Dissociativo de Identidade.

O TDI consiste, na convicção extrema de uma ideia ou, contraditoriamente, estar sempre mudando de opinião, variando o comportamento insistentemente. Pesquisas feitas chegaram à Bipolaridade, a influência de dois polos cerebrais divergentes provocando a alternância comportamental entre euforia e depressão.

O indivíduo portador de bipolaridade sofre a oscilação do humor, manias e depressão, mostrando duplicidade e desequilíbrio inconscientes. Adotam, sem querer, atitudes inconcebíveis, como andar saltando sobre as linhas da calçada ou aperfeiçoando-se em alguma atividade até ilegal ou condenável.

Por isto, os duplex são valorizados por alguns governos pelas habilidades adquiridas. Ouvi dizer que na França e no Liechtenstein foram aproveitados antigos contrabandistas como agentes alfandegários; e com conhecimento de causa, atuaram impecáveis.

No primeiro governo de Getúlio Vargas, quando a moeda de Réis foi substituída pelo Cruzeiro, tiraram um moedeiro falso da cadeia, nomeando-o técnico na Casa da Moeda para criar o novo meio circulante metálico.

Agora, diante da realidade que nos cerca, temos que reconhecer que o Homo Duplex não está só. Os dúplices não são apenas os seres humanos, mas tudo o que nos cerca; e, além disto, as circunstâncias e as ocorrências também apresentam a sua duplicidade.

Está comprovado constantemente na chamada “grande mídia”. As pautas variam de acordo com os interesses das forças ocultas…. Variam entre a ênfase e a omissão no “Caso Marielle”, dá-se um inusitado critério ao besteirol das dormidas de Bolsonaro na Embaixada da Hungria e deleta-se as calúnias do casal Lula da Silva sobre os móveis do Alvorada.

Da Mídia Duplex, as informações variam camaleonicamente; vão do verde para o vermelho e vice-versa, com seus “especialistas” alimentando as massas bipolarizadas pelo culto às personalidades políticas.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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