Uma garota de 11 anos assistia com o pai a uma partida de futebol em que o jovem Neymar atuava.
O pai, que acompanha o meu trabalho, após observar uma atitude do atleta disse à garota: “Acho que só a Rosely Sayão pode dar um jeito nesse menino”.
A filha concordou.
O que foi que pai e filha interpretaram para emitir tal comentário? Arrisco minha hipótese: eles identificaram Neymar como uma criança que precisa ser educada e talvez estejam certos.
Hoje as crianças não vivem como tal.
Desde pequenas assumem o mundo adulto e vivem como se fossem gente grande.
Em tudo: do vestuário às atitudes e preocupações.
Temos roubado a infância de nossas crianças.
Isso tem um preço: quem não tem infância não amadurece e hoje já temos uma geração de jovens adultos imaturos.
O comportamento de Neymar é evidência disso.
Esse jogador tem vida de gente grande: profissão, reconhecimento, salário.
O problema é que enfrenta isso tudo com a insolência e a inconsequência tão próprias do adolescente e da criança.
A questão é que a imaturidade dele não permite que reconheça suas responsabilidades. E elas são tantas, não é verdade?
Responsabilidade, por exemplo, de saber que se tornou uma figura pública maior do que a do jogador que ele é.
Na sociedade do espetáculo em que vivemos, quem oferece padrões de identificação aos mais novos não são mais apenas a família e a escola.
São, principalmente, pessoas famosas que estão na mídia.
Neymar não se dá conta de que é um exemplo para crianças e adolescentes.
Esses, fascinados pelo poder, pela fama e pelo dinheiro, podem acreditar que agir como o jogador age é uma das chaves de seu sucesso.
Culpa do Neymar?
Ah! Como seria bom chegar a essa conclusão.
A responsabilidade é toda nossa, caro leitor, adultos que habitam este mundo e que pactuam com o sequestro da infância, com a cultura da fama, com o valor do consumo acima de quase tudo e com o fato de colocarmos jovens, como o Neymar, no lugar em que colocamos.
Mas desconfio que quem vai pagar essa nossa conta são eles. A começar pelo próprio Neymar, por exemplo.
Em vez de termos compaixão e colaborar com os mais novos em suas trapalhadas, nós os colocamos no tribunal. E que venham as acusações já que é quase só para isso que tem sido usada a autoridade do mundo adulto.
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