Lula promove troca-troca imoral
Miranda Sá, jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br
O PT-governo está dominado pelo amoralismo dos pelegos. E o maior exemplo é visto nas “negociações” para prorrogar o imposto do cheque (CPMF) que deverá ser extinto em dezembro de acordo com a Constituição; para avançar no dinheiro do contribuinte, Lula da Silva atingiu os limites da desonra. Não é mais a mentira – contumaz nos seus discursos demagógicos; nem a defesa dos corruptos – prática desregrada que compromete o regime republicano: é uma barganha trapaceira com a saúde do povo brasileiro.
Em cima do balcão das transações ardilosas está a Emenda 29, que vincula à assistência médica pública 10% dos recursos dos orçamentos da União, dos estados e dos municípios. O projeto que tramita a sete anos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal amplia as verbas atuais de R$ 45,8 bilhões para R$ 65,8 bilhões. Esta medida conta com a aprovação extra-oficial dos secretários municipais e estaduais de saúde.
A PEC 29 iria à votação na Câmara no começo da semana passada, mas sem explicações plausíveis, o presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP), obedecendo à orientação do Palácio do Planalto, engavetou-a. Chinaglia personalizando a conduta libertina do lulismo-petismo pôs em prática a tática do PT-governo de mercantilizar o projeto usando-o no troca-troca imoral pelo apoio de senadores oposicionistas à CPMF.
E a mistura com a chamada Emenda da Saúde e a CPMF nada mais é do que a repetição da manobra insensível de Fernando Henrique Cardoso de trair Adib Jatene destinando a arrecadação da contribuição provisória para substituir as verbas normais então repassadas ao Ministério da Saúde e não acrescentando àquela a estas… Foi a maracutaia tucana que motivou o pedido de demissão de Jatene – no tempo em que os ministros tinham vergonha na cara.
A História se repete em forma de caricatura, conforme ensinou Marx. A proposta de Lula – papel carbono de FHC – é convencer os governadores, quase todos atravessando uma preocupante crise nos serviços médicos de seus estados, a pressionar os senadores para aprovar a CPMF em permuta com a Emenda 29.
É muito difícil saber como reagirão os senadores tucanos cuja liderança sofre a influência do governador de São Paulo, José Serra. A realidade é que já se vê uma fissura na representação do PSDB. Seus deputados federais se sentem traídos pela liderança do partido no Senado traficar com o PT-governo. Na opinião pública e na mídia, reina a desconfiança de que o PSDB amoleceu diante do caso Azeredo – o valerioduto mineiro – e a ganância de Serra e Aécio Neves, pré-candidatos à presidência da República em 2010.
Parece que a destreza de Lula da Silva nas tramas ardilosas da pelegagem arma-o psicologicamente para conhecer as pessoas. Comprou e vendeu consciências na Câmara; entregou diretorias das estatais aos corruptos e agora planta no solo fértil do tucanato, pois as lideranças do PSDB fingem que não sabem das astúcias presidenciais, que atropelam a decisão unânime da Comissão de Assuntos Sociais do Senado que aprovou o relatório do senador Augusto Botelho (PT-RR) e a urgência para a votação no plenário. Fica claro que o PT-governo oferece PSDB o que a ele já pertence.
Toda essa chicana é enfeitada na propaganda governamental. As declarações (e o humor) dos governistas mudam a cada hora: ameaças do ministro Mantega são substituídas por sorrisos cúmplices. Sorrisos falsos, mas os dentes ficam à mostra. E ouve-se o refrão do repassado líder do governo, Romero Jucá, prometendo pela enésima vez que “os recursos da saúde vão melhorar vinculando aos pleitos da CPMF, e também definir um programa de metas que visa a recuperar o setor”.
Nossa alegria e confiança está no veto que os democratas mantêm, tentando impedir a prorrogação da CPMF. Os liderados de José Agripino agem com mais decência do que o PT, quando votou contra a CPMF proposta de Jatene. Não fosse pelo DEM, a oposição parlamentar ficaria mais desmoralizada do que as casas legislativas – igualando-se ao time de Lula da Silva, de Romero Jucá, Jader Barbalho, Roseana Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, Almeida Lima, Wellington Salgado, Newton Cardoso, Orestes Quércia, Paulo Maluf e Valdir Raupp. Onze craques que dispensam reservas…
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