Sob a ponte Mirabeau
Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena
E os nossos amores
É bom lembrar, vale a pena,
Que a alegria sucede aos dissabores
A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo
As mãos nas mãos estamos face a face
Enquanto passa
Sob a ponte de nossos braços
A onda lenta de um eterno cansaço
A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo
O amor se vai como esta água barrenta
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta
A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo
Passam-se os dias passam-se as semanas
Nada do que passou
volta de novo à cena
Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena
A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo
Apollinaire
Tradução de Ferreira Gullar
O Poeta
Guillaume Apollinaire, nascido Wilhelm Albert Vladimir Apollinaris de Kostrowitzky, (Roma, 1880 — Paris, 1918) foi um escritor e crítico de arte francês. Filho de uma condessa polaca, desde 1902 foi um dos membros mais populares do bairro artístico parisiense de Montparnasse.
Foram seus amigos e colaboradores Pablo Picasso, Max Jacob, André Salmon, Marie Laurencin, André Derain, Blaise Cendrars, Pierre Reverdy, Jean Cocteau, Erik Satie, Ossip Zadkine, Marcel Duchamp e Giorgio de Chirico.
Em 1909 publicou o seu primeiro livro O encantador en putrefacción, baseado na lenda de Merlin e Viviane. Os seus poemas, O bestiário ou o cortexo de Orfeo (1911), Álcoois (1913) e Calligrammes (1918) refletem a influência do simbolismo, com importantes inovações formais.
Ainda em 1913 apareceu o ensaio crítico Os pintores cubistas, em defesa do novo movimento como superação do realismo. Alistou-se como voluntário em 1914. Foi ferido gravemente na cabeça, morrendo dois anos depois, vítima da gripe.
O poema Sob a ponte Mirabeau faz parte da “Lista das 100 melhores poesias do século”, baseada nas selecionadas pelo júri da Folha de S. Paulo (2000).
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br) A Ciência nos mostra que historicamente o ser humano, desde sua formação primitiva na pré-história, jamais…
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Um tuiteiro postou outro dia a foto de uma Balança antiga, de dois pratos e sua…
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Fui provocado pela crônica "A Sofisticação da Simplicidade!" do intelectual gaúcho José Carlos Bortoloti, citando a…
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br) A vida é cheia de coincidências; mas as coincidências que encontramos nos círculos políticos são exageradas.…
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) A Dialética de Hegel reinterpretada por Marx e Engels, tornou-se materialista, isto é, sai do campo…