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Foi dada a partida para a sucessão de Renan Calheiros

Foram encenadas na tarde e na noite de ontem situações inusitadas: uma delas deixou explícito o desespero do lulismo-petismo ante a perspectiva de Renan Calheiros ser cassado no Conselho de Ética hoje. As outras, quase todas, giraram em torno das pressões sobre o presidente do Conselho, Sibá Machado, querendo enquadrá-lo na defesa de Renan. Ele, jovem de boa formação, não aceitou ser um pau mandado do Presidente do Senado. Manteve-se disposto a se expor diante da mídia e da opinião pública cumprindo o Regimento Interno do Senado Federal. Segurou o tanto quanto pode a disposição de por em votação o Relatório Cafeteira, que fatalmente seria rechaçado pelos conselheiros.

Mas não suportou a coação. Sibá renunciou a despeito do PT-partido fazer de um tudo para mantê-lo na presidência executando a desonrosa tarefa de enrolar o caso até o início do recesso parlamentar. Este comportamento seria bifocal: de um lado, agradaria Renan e seus defensores; de outro, fortaleceria os estrategistas do Palácio do Planalto que precisam ganhar tempo para permitir o Presidente da República articular sem açodamento o nome do futuro presidente do Senado. Para o lulismo-petismo é fundamental a delonga, porque Lula está assustado com a perspectiva de um senador oposicionista ser eleito. Este seria Jarbas Vasconcelos, que embora do PMDB é um ácido adversário do PT-governo.

A renúncia deu fôlego a Renan, mas também deu o tiro de partida na corrida da sua sucessão. Na pista, vê-se o carreirismo petista mostrar-se com dois nomes, Aloizio Mercadante e Tião Viana. Mercadante julgando-se credor do Planalto pela saída do irmão-general do governo; mas no afã de ser indicado já incomoda a bancada que quer, com apoio da base aliada, Tião como um candidato natural e livre trânsito entre os oposicionistas. A terceira onda, mais forte, de ressaca, é surfada por Lula. Este, com competência, queima os dois, sob o justo argumento de que seria uma estreiteza política o controle do partido sobre as duas casas do Congresso.

Miranda Sá

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