Categorias: Notícias

Ferreira Gullar

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Marjorie Salu

Compartilhar
Publicado por
Marjorie Salu

Textos Recentes

DOS ESPÍRITOS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br) A Ciência nos mostra que historicamente o ser humano, desde sua formação primitiva na pré-história, jamais…

8 de dezembro de 2025 9h23

DAS BALANÇAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Um tuiteiro postou outro dia a foto de uma Balança antiga, de dois pratos e sua…

1 de dezembro de 2025 22h12

DOS MORTOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Fui provocado pela crônica "A Sofisticação da Simplicidade!" do intelectual gaúcho José Carlos Bortoloti, citando a…

24 de novembro de 2025 9h16

DAS COINCIDÊNCIAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br) A vida é cheia de coincidências; mas as coincidências que encontramos nos círculos políticos são exageradas.…

18 de novembro de 2025 19h44

DA VIDA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) Recebi msg de um colega do ‘X’, leitor das minhas postagens, perguntando-me a razão que me…

14 de novembro de 2025 19h08

DA CONTRADIÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br) A Dialética de Hegel reinterpretada por Marx e Engels, tornou-se materialista, isto é, sai do campo…

5 de novembro de 2025 20h36