Foi com essas palavras, sutil como um elefante, que o atual ministro assumiu o cargo — humilhando ao vivo um homem de 80 anos que fez muito mais pelo Brasil do que ele jamais fará. Era o auge do caos aéreo, logo após a tragédia da TAM em Congonhas, e Jobim prometia (como sempre) dar jeito em tudo.
Não deu jeito em nada (como sempre), mas capitalizou como pôde cada holofote aceso em sua direção. Comoção nacional? Gente sofrendo? Clamor por respostas e soluções? É o cenário predileto de Nelson Jobim, com seus dois metros de altura e duas toneladas de empáfia.
Mas… Que pena. Os destroços do Airbus da Air France não são do Airbus da Air France. A gafe brasileira roda o mundo.
Jobim, o autor, fizera tudo certinho: na quarta-feira, proibira a divulgação imediata da notícia sobre o material encontrado, para que ele pudesse fazer o anúncio solene numa coletiva. Deixa que eu falo.
Esbanjou a arrogância de sempre, tratou jornalistas como idiotas, divagou sobre leis da física, movimento das correntes marítimas, raios e trovões. Antes de qualquer exame dos destroços, o homem providencial estava desvendando para o mundo os mistérios do vôo 447, bancando o comandante frio e duro:
“É muito difícil encontrar corpos no mar. Estamos procurando restos”.
Nelson Jobim pode ser frio, duro ou mal educado, só não é comandante. Um comandante de verdade não sai falando que nem papagaio sobre o que não sabe, não desrespeita a família dos mortos com um linguajar de açougue.
Um comandante não ocupa a corte suprema do país para tomar partido de um ex-ministro do governo acusado de corrupção. E não humilha um homem de 80 anos dizendo em público que vai fazer o que ele não fez.
O Brasil deveria exigir a volta de Waldir Pires ao Ministério da Defesa. Para dizer o contrário: que não vai fazer o que Jobim fez. Nunca. Porque não se faz.
Dos mistérios em torno do vôo 447, o único que não permanece é o que esperar do histriônico ministro da Defesa, o homem providencial.
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