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Assumindo minha incorreção política…

Por declarar-me favorável à pena de morte e defender a legalização das drogas como forma objetiva de acabar com o narcotráfico e enfraquecer o crime organizado, recebi várias correspondências entre e-mails, bilhetes, telefonemas e até uma carta! Foi a primeira vez que as opiniões quase empataram: oito entre 19 repararam exageros da minha parte.
É engraçado. Baixo cotidianamente o sarrafo em Lula da Silva e no PT – governo com um feed back estimulante, mas a discordância é quase zero. Escrevi cinco artigos criticando a visita de George W. Bush e a pantomima armada pela parceria dos pelegos de Brasília e a CIA e de janeiro para cá apenas uma pessoa fez críticas, aliás, devidamente respondidas e agradecidas.
Desta vez, sinceramente, cismei. E vejam que não sou de me impressionar com intervenções que não ferem princípios. Dou satisfações a quem me solicita indícios, provas ou testemunhos para checar a veracidade dos textos que divulgo em quatro estados da Federação, respondo aos que me censuraram alegando que feri os direitos humanos. Sou defensor da ética jornalística.
Hoje trago a resposta pelo Jornal de Hoje e os jornais da Paraíba, Bahia e Rio de Janeiro que publicam meus comentários semanalmente. Venho como jornalista profissional que trabalha há 53 anos, com interrupções por força (sem trocadilho) da repressão ditatorial. Como tal, jamais adotei clichês políticos ou ideológicos, arrancando da alma o que escrevo. Confesso-me um pouco anarquista na minha independência, com muito orgulho.
Esta tréplica traz uma revelação: morri de inveja quando li Millôr Fernandes defendendo a sua categoria, afirmando que “o humorista, se é humorista, jamais será um reacionário, um racista ou qualquer coisa que se pareça. Mas não será uma política reacionária (ao contrário) que vai me convencer que, da noite para o dia não há mais negro safado, nem judeu argentário, nem mulher chave de cadeia”…
A “política reacionária” de que Millôr fala é a orquestrada pelos ongueiros arrecadadores de verbas públicas fingindo defender a sociedade contra conservadores machistas e racistas, ou materialistas ateus defensores de licenciosidades. Bem faz Jaguar que se recusa chamar sua “crioula” de afro-descendente…
Escrevi e reafirmo que sou favorável à pena de morte e, como isto não é possível na sociedade chorona diante dos “meus guris” de Chico Buarque, exijo punição igual para crime igual, e leis para legalizar as drogas ajudando o Estado a desbaratar a base do crime organizado, o narcotráfico.
Sinto-me otimamente acompanhado no meu caminho, trazendo a lembrança dos inesquecíveis Evandro Lins e Silva e Darcy Ribeiro que assim o fizeram e do jornalista Fernando Gabeira, orgulho da nossa categoria. Confio estar certo e defendi esta tese na campanha para senador, abortada quando o PDT foi vendido ao PTB e ficou sem candidatos.
Ao escrever o artigo “Legalizar as drogas para combater o narcotráfico”, combati o desleixo do PT-governo no enfrentamento ao crime organizado e a besteira de Lula da Silva dizendo que “cometer crimes é, às vezes, questão de sobrevivência”.
Para mim a barbárie é injustificável e uma sociedade fundada nos princípios do amor, da ordem e do progresso não pode ficar à mercê do farisaísmo de Lula da Silva e dos que querem estender os direitos humanos às bestas feras do narcotráfico.
E para não dizer que não falei de espinhos encerro parodiando Millôr, afirmando que jornalista verdadeiramente jornalista não se convence de que não há prostitutas por vocação, ladrões sentados ao lado do Presidente, juízes e policiais que se vendem, políticos corruptos, clérigos devassos e colegas da imprensa vendidos…
Miranda Sá

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