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As freiras no cabaré

Pela qualidade do texto e rara criatividade do título, que se adapta ao conteúdo do começo ao fim, transcrevo o artigo de Clóvis Rossi(crossi@uol.com.br) de Lisboa para a Folha de São Paulo de hoje. Abre aspas para Rossi:

“Pelas contas do site especializado Congresso em Foco, citadas ontem por Fernando Rodrigues, só há três virgens no PMDB do Senado: Pedro Simon, Paulo Duque e Geraldo Mesquita, os únicos jamais indiciados pelos tribunais superiores.
Três em 20 dá 15%. Só 15%. É preciso acrescentar qualquer comentário? Cabe, sim, uma dúvida: quantas virgens há nas bancadas dos demais partidos, já que sabidamente o PMDB não tem o monopólio da pouca vergonha?
Cabem ainda outras perguntas:
1 – Por que só após um escândalo não sepultado rapidamente descobre-se que 85% da maior bancada do Senado tem “broncas” nos tribunais (para usar expressão da gíria policial, muito adequada ao presente momento)? Falha nossa, da mídia? Sim. Mas os meios de comunicação não têm mão-de-obra em quantidade suficiente para cobrir todo o vasto território tupiniquim e todos os cantos sórdidos em que metem suas mãos tantos políticos.
2 – Não caberia aos partidos políticos fazer uma seleção para impedir que tanta gente enrolada com a Justiça chegue a ser pai da pátria? Você, já totalmente cínico (e com razão), tem todo o direito de responder: deixe de ser tolinho. Os partidos fazem, sim, a seleção. Separam o joio do trigo e jogam fora o trigo. Com as exceções de praxe.
3 – Não caberia à Justiça, ao Ministério Público ou sei lá a que organismo de controle verificar os antecedentes dessa gente? É óbvio que ninguém pode ser condenado antes de devidamente julgado, mas algum tipo de controle no mínimo evitaria o imenso vexame de ser indicado para presidente do Conselho de Ética do Senado alguém que deveria estar no banco dos réus do conselho, e não na cadeira presidencial.
4 – Pedro Simon, Paulo Duque e Geraldo Mesquita, como vocês se sentem como freiras no cabaré?”

Miranda Sá

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Miranda Sá

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