Não é absolutamente por acaso que o PT, partido que está no poder, e amplos setores do ‘governo de coalizão’, trabalham incessantemente para controlar a imprensa. Há registros em congressos, convenções e conferências de ataques lulo-petistas à liberdade de expressão com propostas e projetos para executá-los.
Também pudera. A cada dia o bom jornalismo vem mostrando que substitui os órgãos governamentais na descoberta de crimes contra o Erário. A última foi a formidável reportagem investigativa do jornalista Eduardo Faustini saída no Fantástico, programa dominical da TV-Globo.
As revelações contidas na matéria são flagrantes de corruptos e corruptores arquitetando fraudes em licitações no Hospital Pediátrico da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. É uma contundente denúncia sobre o funcionamento do esquema corrupto das licitações e concorrências nos órgãos da administração pública.
As imagens são claras, mostrando corretores de empresas acertando propina para obter benefício em licitações e embolsar verbas. Ali se ensina duas lições: uma, que há uma ‘ética’ no mercado das fraudes; e outra, como se fazer um concerto entre os concorrentes da caça ao tesouro…
A ‘ética’ dos corruptos é a obediência a uma tabela de valores que serão distribuídos entre os envolvidos na adulteração; e a montagem do esquema identifica os participantes da concorrência na retirada dos editais.
Assistida a novela da devassidão, congressistas, juízes, ministros e promotores se mostraram assombrados, como se tivessem tomado conhecimento dessa trama pela primeira vez. O que estarreceu os políticos apenas confirmou para o povão o que se sabe há muito tempo.
Todos ouvem falar, conversam e divulgam esses arreganhos de corrupção que para a classe política parece novidade… Quase todo mundo toma conhecimento que servidores públicos, com mandato parlamentar e ocupantes de cargos executivos, estão dispostos a se entregar ao um corruptor e facilitar-lhe o avanço na coisa pública.
Há um secretário, no Rio, conhecido como “20%”. É um apelido que lhe cai como uma luva. Outros servidores variam em gênero número e grau… Eles e elas recebem 10%, 15%, 20% e até 30% para facultar o acesso do subornador a um contrato ou uma licitação.
Diante da reação dos governantes e parlamentares no caso do Hospital Pediátrico da UFRJ, fica a impressão de que a ‘classe dirigente’ não faz parte da sociedade, pois não vê e não ouve o que o povo mostra e fala. Vivem noutra dimensão, totalmente fora da realidade.
O mundo virtual dos políticos obedece também a uma ‘ética’ como a ‘ética de mercado’ da corrupção. Há, sem dúvida, muitas e honrosas exceções, mas a grande maioria vive e se movimenta num fabuloso País de imposturas.
Com este escândalo, porém, todos se animam e se agitam para punir os corruptos, principalmente porque, à primeira vista, não há nenhum ‘colega’ metido na história. O governo toma medidas enérgicas e os parlamentares trabalham para criar uma CPI da Saúde. Enfim, teremos uma ou duas semanas de caça às bruxas das licitações públicas.
São quatro empresas implicadas no caso: A locadora de veículos Toesa Service; Coletora de lixo Locanty Soluções; Bella Vista Refeições Industriais; e Rufolo Serviços Técnicos e Construções. O agente público era fictício.
Noves fora o funcionário – um repórter que passou pelo tal – as empresas vão responder por processos e o Ministério da Saúde já baixou portaria suspendendo contratos em vigor com elas; e no Congresso teremos uma CPI mista.
Estando, porém, em vigor a ‘ética do mercado’ e a ‘ética da política’, estabelecidas pelas tropas de ocupação do Planalto, a suspensão dos contratos e a CPI só terão efeito até que as máfias se rearticulem e encontrem outras portas se abrindo…
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