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Artigo publicado n’ O JORNAL DE HOJE. Nas bancas

Os “dez mais” de 2007

MIRANDA SÁ. Jornalista
E-mail: mirandasa@uol.com.br

(Rio, 40°) – O exercício jornalístico de escrever semanalmente é de grande responsabilidade. Juro que vou ficar devendo para a minha meia dúzia de três ou quatro leitores uma lista dos “dez mais” para 2008, porque desta vez não foi possível; não por falta de temas – que foram muitos – mas por pura incompetência.

Não pude usar a bateia para garimpar os acontecimentos dignos de constar da ata anual do noticiário jornalístico. Foram muitos e grande parte deles serão capítulos da História do Brasil. Entretanto, para mim, nenhum se comparou ao processo que a Comissão de Ética do Senado Federal moveu contra o presidente da instituição, Renan Calheiros.

Sinceramente, nenhuma ocorrência científica, esportiva, social ou política, nivelou-se à farsa malcheirosa representada no Senado. Da minha parte, não foi possível tirar do nariz da memória o cheiro ruim emanado do “caso Calheiros”, o processo asqueroso que mostrou a quem o Poder Legislativo está entregue.

A absolvição do mega-corrupto exalou vapores rançosos dos chamados, por uma expressão injusta, “representantes do povo” e arrastou-se por quase um ano. Um ano de crise. Uma fase difícil com embaraços e perigos que ameaçaram o sistema democrático. E ainda não está superada, apesar dos senadores terem se redimido defendendo a Constituição contra a prorrogação do imposto do cheque. A votação da CPMF obriga-me a livrar a cara de senadores e senadoras respeitáveis como legisladores e cidadãos.

Este registro não apaga uma só letra das denúncias que faço contra a maioria que absolveu o mega-corrupto Renan Calheiros, tanto os anões de ideologia deformada como os petistas, de Lula a Sibá; como os canalhas que se igualam ao delinqüente alagoano.

Depois desta monstruosa distorção da ética e da moral no exercício da política nenhum outro episódio histórico poderia entrar em competição com ela. Nem a organização criminosa dos mensaleiros, nem o caos aéreo, nem a vaia que o Maracanã deu em Lula e muito menos a descoberta de um mundão de petróleo na Bacia de Santos. A própria derrocada da CPMF em nada se compara, em termos de mídia, com a desmoralização do Poder Legislativo.

É o descrédito nos políticos que aplaina o caminho para os golpes totalitários e dele se aproveitam os pelegos no poder para articular o terceiro mandato de Lula da Silva implantando uma ditadura populista. Ainda bem que há tempo dos parlamentares decentes recuperarem o crédito popular e para o Poder Judiciário não se vender, não se trocar, não fazer concessões à aliança do PT com os 300 picaretas do Congresso. E salvar a Democracia.

Miranda Sá

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