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Artigo de Miranda Sá

Dilma: o avatar tridimensional de Lula

MIRANDA SÁ, jornalista (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Afastando-se da chefia da casa civil do governo federal para ser candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff acelerou o trio elétrico eleitoral e aportou nas Minas Gerais. Para dizer-se “mineira” ensaiou até um “uai” forçado num comício em Ouro Preto.

Lá, na cidade histórica, protagonizou também um drama seguindo o script dos seus marqueteiros: uma homenagem póstuma a Tancredo Neves – o pranteado líder que, embora eleito, não se sentou na cadeira presidencial. O atual partido de Dilma, o PT, não votou em Tancredo e fez pior, expulsou os parlamentares da sua bancada que o apoiaram.

Assim, com que direito Dilma vai ao túmulo do herói desconhecido pelo seu partido? O direito virtual dos avatares, porque como o Brasil vê, ela não passa de um avatar de Lula, um “duplo” robótico que se move por controle remoto.

Este preito de veneração a Tancredo foi um tiro que saiu pela culatra. Tem sido motivo de piadas e provocações. Um grande número de mensagens diretas e retuitagens na maior rede de comunicação do Brasil, o twitter, fala que “em matéria de homenagem póstuma, queria ver Dilma Rousseff levando flores para Celso Daniel e Toninho do PT.

O avatar de Lula não quer debater sobre a ética na política? Então deixe de improvisos exaustivamente treinados e tire os esqueletos do armário. Fale dos mensaleiros, dos aloprados e dos pelegos que lhe cercam. É preciso que diga tudo, que fale, e fale alto, que em sua opinião um preso de consciência é igual aos bandidos das prisões paulistas.

Enuncie com palavras simples que quer controlar a imprensa e disciplinar os jornalistas; que é contra a propriedade privada e que a religião é o ópio do povo. Será dispensando os “consultores” e assumindo as próprias idéias que conquistará seguidores leais e não mercenários ao pé do palanque.

Aprenda que as falas decoradas não convencem a ninguém, porque são como flores de plástico, enganam de longe à primeira vista, depois são desprezadas. A autenticidade se vê como um espelho diante das massas.

Um revirar de olhos, um trejeito, o gaguejar numa frase de efeito, não podem ser corrigidos quando captados “ao vivo”. A superfluidade não convence ninguém, mesmo como fogos de artifício propondo um futuro radioso para a  Nação.

Do conhecido teórico revolucionário, Leon Trotsky, colhemos um pensamento que merece reflexão: “os erros e as vacilações de um comando político se refletem nas bases”. Isto cai como uma carapuça na cabeça de Dilma, que é só vacilação. Ela não afirma, tergiversa; não segue uma linha justa, mas um traço pontilhado.

As fotografias largamente distribuídas pela internet falam mais do que palavras para revelar o cinismo da pretensa sucessora de Lula – este, hábil em mentir. Dilma rindo e exibindo a camisa de propaganda política de José Roberto Arruda; de mãos dadas com Garotinho; e, contrita ao lado do mensaleiro Zé Dirceu.

Esta posição negativa se agiganta na medida em que finge venerar Tancredo, em que critica FHC omitindo o Plano Real e torna-se uma caricatura de mineiro do interior, um trem descarrilhado soltando fumaça e apitando uai, uai, uai…

Só está faltando visitar o Rio de Janeiro após chuvas e, como avatar de Lula, esconder que o PT-governo repassou apenas 1% da verba federal para calamidades. E dizer que os favelados não devem ocupar áreas de risco e que São Pedro quando está aborrecido, manda chuva além do previsto pela metereologia…

Miranda Sá

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