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Artigo de fim de semana

História do Brasil: Um capítulo jubiloso ou uma página suja

MIRANDA SÁ ( E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Até agora ninguém sabe o que se passou na cabeça de Lula da Silva – que se compara a Deus na sua onisciência, onipresença e onipotência – ao estimular a convocação da CPMI do Cachoeira. Correm várias versões, mas as principais delas são três: investir contra a liberdade de imprensa através da revista Veja; destruir o governador de Goiás, Marconi Perillo, ferindo o PSDB; e, desviar o julgamento do Mensalão.

Parece-me que o Pelegão quebrou a cara em todos os possíveis objetivos. No caso de Veja, ficou diminuta, inexpressiva, a relação da revista com Carlinhos Cachoeira; em relação ao golpe contra Perillo e em conseqüência, nos tucanos, terminou revertendo para o PT, do governador Agnelo Queiroz, do DF; e para o íntimo parceiro, também governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro.

O terceiro alvo, a pretensão de abafar o Mensalão, ficou longe de ser atingido; ao contrário, parece que estimulou o Supremo Tribunal Federal, com seus ministros ativados pelo apelo à própria dignidade.

Tendo a CPMI começado com todos os cuidados burocráticos e zelosa escolha de sabujos petistas e aliados para protagonizá-la, os seus desdobramentos são naturalmente imprevisíveis.

Dessa maneira, vê-se que Lula, contrariando (dizem) a presidente Dilma, incitou as investigações para uma emulação política, assistir à reversão das expectativas. Vê que a coisa desandou, e que já é tarde para voltar atrás. Então se esconde sob o manto do silêncio matreiro como aprendeu na escola da pelegagem.

E nós, como projetamos o processo investigativo? Creio que virão a quebra dos sigilos da Delta Nacional, e também a convocação de Marconi Perillo. Isto, sem dúvida, comprometerá o PAC e arrastará Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral para a CPMI.

Vejo também que o Procurador Geral da República, Fernando Gurgel, cutucado com vara curta pelos lulo-petistas, poderá pedir a prisão dos réus do Mensalão – os principais, pelo menos – ou receoso, amaciará o juízo sobre a matéria e proporá advertências, multas ou prestação de serviços civis.

É evidente que o que deseja e reivindica a opinião pública é a punição mais grave. A ‘voz rouca das ruas’ clama pela prisão dos quadrilheiros, certamente uma medida incomum no Brasil, mas necessária para destronar a asquerosa impunidade do reino das justiças, das imunidades e dos privilégios.

Merece a cadeia, sem regalias, quem desmoralizou o Congresso e assaltou o Erário. Os elementos nocivos à República e à Democracia devem ir para uma penitenciária de segurança máxima, para exemplo dos que tentarem repetir a infâmia do Mensalão.

Quem sabe se assim não será proclamada a justiça boa e perfeita para toda a cidadania? Quem sabe se o Poder Judiciário se elevará instituindo e multiplicando tribunais para julgamentos ágeis, encerrando prontamente os processos?

Deixará de ser uma Utopia, ver-se os políticos serem disciplinados desde a campanha eleitoral até o exercício do mandato; e também assistir-se a exterminação das relações criminosas de advogados e juízes conspurcando a Justiça.

Assim, creio que o julgamento do Mensalão e dos mensaleiros entrará para a História do Brasil de uma maneira ou de outra. Ou teremos um capítulo jubiloso que marcará o fim da impunidade ou uma página suja com a fotografia das vísceras apodrecidas de um País corrompido.

Miranda Sá

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