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No meu pensamento, as ONGs são não-governamentais

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Sei que não estou só, e talvez seja até maioria entre os que pensam que as Organizações Não-Governamentais deveriam ser como o nome diz não-governamentais. E venho tratar de um pequeno – mais valioso – debate ocorrido no Twitter semana passada.

Houve quem defendesse a idéia de que há ONGs do “bem”, como eu pensava outrora, antes de chegar à conclusão de que todas elas são ONGs do “mal” com exceção das que levantam seu próprio funcionamento com subsídios de simpatizantes e contribuintes.

Na minha intervenção, falei de ONGs malditas – inspirando uma Tag – #ONGSMALDITAS que recebeu grande adesão. Acho realmente que as ONGs que recebem dinheiro público para realizar suas ações quaisquer, são ONGs malditas, na mais pura expressão da palavra.

Trazem o substantivo masculino “mal”, do latim malu, coisa não desejada e inconveniente; e o “dito”, do verbo dizer, também do latim, que é referência. Juntas formam uma antiga expressão do latim vulgar, male deto, traduzido por amaldiçoar, murmurar, praguejar…

Na atual travessia da política brasileira, no meio da corrupção, as ONGs ondulam na superfície de um mar de lama. No caso do Ministério do Esporte, estão por toda parte, conforme investigações do TCU, da CGU, das reportagens investigativas e agora com as denúncias de um ex-membro do PC do B, partido do ministro.

O acusador, o PM João Dias, pelos processos a que responde, parece que não é flor que se cheire; ao seu favor só temos o silêncio que pairou em torno dele e de suas falcatruas, só reveladas pelo ministro Orlando Dias após ter sido denunciado por ele.

Contra o Ministro estão a olhos vistos fatos e circunstâncias que permeiam o Ministério do Esporte, com escândalos praticados por ONGs beneficiárias das verbas públicas. Essas agências enriquecem políticos e favorecem os partidos que as controlam instigando a indignação popular

Quando aos ministérios, são feudos criados pelo ex-presidente Lula da Silva em nome da governabilidade e começam a degenerar apodrecendo o Ministério Dilma. Em cada pasta e nas diretorias das empresas estatais a situação é semelhante. Cada chefe se assemelha aos senhores da guerra chineses e samurais japoneses. Mandam, desmandam e, o que é pior, embaralham dinheiro público com interesses privados no mandato da administração.

É fácil criar uma ONG caça-níqueis, falsificar notas frias e embolsar as verbas governamentais que cairão certamente no bolso dos mais sabidos ou entregue como tarefa dos militantes aparelhados ao partido donatário.

Os pelegos sindicais no poder vêem com naturalidade essa transformação do Brasil num sindicatão, onde o grupo hegemônico e seus satélites saqueiam o Erário, como os piratas do Caribe pilhavam os tesouros transportados das colônias americanas para as metrópoles européias.

Dinheiro destinado à Educação, à Saúde, ao Esporte e Lazer do povo transforma-se em butim dos corsários emergentes. Dinheiro destinado aos acidentes naturais e tragédias sociais é subtraído descaradamente, e se formos investigar, as ONGs entram em primeiro lugar da lista de suspeição.

Elas são o “mordomo” sempre suspeito dos romances policiais. É por isso que as censuro e taxo-as de ONGs malditas. A adjetivação é necessária para distinguir essas sanguessugas dos governos das outras organizações não-governamentais que levantam os seus próprios recursos para materializar ideais.

Os médicos e repórteres sem-fronteira são exemplos que temos de benditas ONGs, realmente não-governamentais. Atuam nos rincões do nosso país-continente e no resto do mundo com pessoas altruístas e devotadas atuando no vácuo da administração pública. E merecem respeito.

Do outro lado, as ONGs malditas, laranjas e parceiras de entidades políticas ou religiosas, um caso à parte na patologia da corrupção. Estas são delituosas, merecendo o desprezo da opinião pública e ser submetidas aos rigores da lei.

Miranda Sá

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