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Paz entre Dilma e FHC, guerra aos ladrões do Erário

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Tem uma porção de gente inteligente e bem informada estranhando a aproximação pública do ex-presidente Fernando Henrique Cardozo e a atual Dilma Rousseff. São dúvidas, suspeitas e até receios de tal aproximação dos correligionários de um e de outro…

Os “lulo-petistas” temem que a influência do Sociólogo, homem culto e encantador, ofusque e, porque não dizer, sirva de obstáculo à influência do também ex-presidente Lula da Silva que, apesar do inegável carisma e esperteza pelega não se nivela em conhecimento e experiência com FHC.

O enfoque mais recente tem a ver com a alardeada “faxina” – comportamento midiático de Dilma diante da arrasadora onda de corrupção manifestando-se e expandindo-se por grande parte do seu ministério, principalmente nas pastas cujos titulares foram indicados por Lula.

O ensaio de arrefecimento aconselhado por Lula alegando as ameaças à governabilidade se contrapõe à posição de FHC exortando seus seguidores a apoiar a tal “faxina” atribuída à Dilma.

Dois pesos, duas medidas, mas uma convergência: nem o Pelegão nem o Sociólogo querem uma CPI ou CPMI que rasgue os véus da roubalheira que tem revoltado as frações mais cultas e bem informadas da sociedade brasileira.

A paz de Dilma e FHC se baseia na projeção do ano eleitoral de2014. Aperspectiva de FHC é que a explosão do bueiro de lama do governo federal venha favorecer a volta de Lula nas próximas eleições, tirando a chance de Dilma candidatar-se à reeleição.

Os tucanos abandonam qualquer disputa interna para se unirem contra a possibilidade de enfrentar Lula em 2014. É Dilma a adversária ideal para qualquer um deles, seja encarando o oposicionismo ensaiado de Serra, o oposicionismo light de Alckmin ou o oposicionismo de mineiridade de Aécio.

Parece ser um cenário melhor para o PSDB a disputa com Dilma em 2014. Isto é a parte teórica do objetivo que provavelmente move FHC, noves fora a sua notória vaidade após os afagos recebidos da Presidente.

Por outro lado estamos nós, o povão, lutando por uma varredura republicana numa administração corrompida e comprometida com todas as formas de depravação, ética, moral e, principalmente da honradez.

A corrupção é um caso de polícia; mas também é um caso político. Lembram-se daquela denúncia dos 300 picaretas do Congresso Nacional? Pois é, a corrupção é aquele movimento suprapartidário da picaretagem, barganhando apoio ao governo pelo loteamento dos cargos públicos e a partilha dos butins arrancados do Erário.

Outro dia, o antológico jornalista Arnaldo Jabor escreveu que: “Antigamente, a corrupção era uma exceção; hoje é uma regra. E não se trata mais de um “que horror” ou “que falta de vergonha” – ficou claro que o País está inibido para se modernizar, porque a corrupção desmedida cria as “regras de gestão”.

Ao meu ver, a radiografia de corpo inteiro desta triste situação está na Lei do Orçamento, com as manchas infecciosas, já putrefatas, das fraudes, subornos, propinas, aliciamentos e formação de quadrilhas. E na hora da ação curativa do organismo doente, Lula telefona para a Presidente: – “Dilma… pega leve com o PMDB…”

Seria injusto – até com a História – ver-se o PMDB como um todo e isolado da sopa de letrinhas que formam as legendas partidárias e alimentam a base governista com o duvidoso sustento e nutrição da g-o-v-e-r-n-a-b–i-l-i-d-a-d-e.

Governabilidade que já dizem ser um fantasma inventado pelo lulo-petismo para apavorar Dilma e fingidamente defender o seu mandato. Mas para isso, levam-na a lavar as mãos, liberando geral. Reprimir os deveres de Justiça e Polícia permitindo aos traficantes do poder roubarem sem ser presos, algemados e fotografados.

Era assim que ocorria na frouxidão feliz do governo pelego de Lula, uma subversão do título deste artigo, que seria “Paz com os ladrões do Erário e guerra entre Dilma e FHC”…

Miranda Sá

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