Acredito sinceramente que vale a pena toda e qualquer tentativa para matar no nascedouro o foco de corrupção que ameaça o País como uma epidemia. Analiso e constato que a corrupção é secular, mas atesto convictamente que esta infecção maligna se expandiu graças à política condescendente e solidária do ex-presidente Lula da Silva.
Nos primeiros oito anos de governo petista o loteamento de ministérios e empresas estatais, e o reles varejo para preenchimento de mais de 20 mil cargos, deflagraram o surto depravado de assalto ao dinheiro público. Tudo escancarado e impunemente.
Aí está, sem dúvida, o centro de convergência de todos os ilícitos recém-descobertos nos primeiros meses do novo governo do PT, agora sob a presidência de Dilma Rousseff.
Mil e uma fraudes, propinas e relacionamento público-privado espúrio, são denunciados pela imprensa e investigados em ações conjuntas do Ministério Público e Polícia Federal. A última, no Ministério do Turismo – a Operação Voucher – levou 36 suspeitos de corrupção para a cadeia, sob aplausos da opinião pública.
Numa subversão da ordem moral e ética, o procedimento republicano do MP e da PF deixou a Presidente irritada. Aliás, segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, “furiosa”.
Não dá para entender o porquê da irritação e fúria de Dilma. Uma versão saída do Planalto dá a entender que ela condenou as medidas de busca e apreensão dos suspeitos por duas razões: 1) Por que não foi informada antecipadamente; 2) Pelo envolvimento de pessoas filiadas ao PT e ao PMDB.
Conspiradores de plantão rebatem estes rumores e interpretam a coisa de outra forma, partindo do princípio de que Presidente da República não precisa acompanhar arremetidas policiais; e se perguntam o que Dilma teria feito se tomasse conhecimento prévio da operação. Proibiria o trabalho da PF? Ordenaria que não houvesse presos? Enfim, qual seria o seu comprometimento, com a repressão ou com os suspeitos?
É impossível saber-se o que se passa na cabeça da Presidente, principalmente após os ocorridos, e só uma coisa é certa, ela corre para tranqüilizar os padrinhos dos pseudo-corruptos em nome de uma aberração chamada “governabilidade”.
Temendo que a contaminação da aversão apavorante pelo perigo da “ingovernabilidade”, os bondosos senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon arregimentaram uma frente suprapartidária de apoio à Chefe da Nação, oferecendo-lhe condições necessárias de “governabilidade” para que ela mantenha a austeridade e as medidas impositivas pela moralidade pública.
O interessante é que nenhum membro da bancada do PT, partido de Dilma, aderiu ao movimento, com exceção de Eduardo Suplicy, cuja imprevisibilidade é notória. É estranho que os “companheiros” se esquivem de um apoio político que pretende austeridade, moralidade, gestão, qualidade e profissionalização do serviço público.
A Presidente, por sua vez, parece que também não deu importância aos senadores que lhe propuseram ajuda; pelo contrário, ancorou resolutamente na inversão de valores, reagindo contra a PF e deixando de lado prováveis lesões ao Erário e outros prováveis crimes contra o Patrimônio Nacional.
Confraternizando com os suspeitos de ilícitos e seus padrinhos, Dilma igualou-se a eles, acobertando o empreguismo, o favorecimento, o nepotismo, as propinas e o tráfico de influência.
Temendo enfrentar a discutível inimiga imaterial “governabilidade”, o Palácio do Planalto dá sinal verde para o livre trânsito de lobistas nos corredores ministeriais, para licitações fraudulentas e para nomeações de fichas-sujas. Fica consentida a rede de ligações pessoais, partidárias e profissionais patrocinada pelos “líderes aliados”.
Enquanto isto, os ingênuos senadores continuam acreditando que toda tentativa é válida para combater a corrupção…
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