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Turismo no Brasil é o “Grand Tour” da corrupção´

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Antes dos finalmente, achei interessante ver o conceito de turismo no mundo e sua distorção no Brasil, onde se criou um ministério específico para dar empregos e para facilitar a roubalheira dos profissionais da corrupção.

Dizem que é complicado definir o turismo, mas é puro esnobismo, porque turismo nada mais é do que viajar buscando paisagens estranhas, conhecendo coisas novas e contatando pessoas de costumes diferentes. A História registra que surgiu na Inglaterra colonialista o ciclo de viagens pelo império vitoriano, onde o sol nunca se punha.

Jovens ingleses ricos saiam pelo mundo designando isto de “Grand Tour”, ficando conhecidos como “touristes”, termo mais tarde consagrado na literatura por Stendhal nas suas “Mèmoires d’un Touriste”.

No Brasil o turismo não teve esta semelhança. Começou com a vinda dos degredados, a migração forçada dos negros e com os indígenas perseguidos em fuga do litoral. Deve ter sido penoso, pois a concepção de turismo que nos foi transmitida não é lazer, ou aventura, mas fuga, saque ou busca predatória.

Nos tempos atuais, do Ministério do Turismo, os turistas perambulam e se locupletam na administração pública. Ganham cargos por apadrinhamento espúrio e praticam fraudes, como se viu agora rastreadas desde o governo do “ex” Lula da Silva, marcado pela tatuagem comprometedora das máfias,

Na Era Lula levou-se ao apogeu a infame tradição patrimonialista da mescla dos interesses privados com o tesouro nacional. De lá para cá, assiste-se que não é apenas num órgão governamental que avaliza práticas fraudulentas, como no Turismo, onde um dos seus chefes, o secretário-geral do Turismo, Frederico Silva Costa, orientava empresários a montarem firmas de fachada para assinar convênios lesivos ao Erário.

O Turismo ficou visível recentemente, com prisões de ocupantes de segundo e terceiro escalões, inclusive o número 2 desta secretaria de Estado. Na Operação Voucher, da Polícia Federal e Ministério Público, ficaram escancaradas rotinas contrárias às leis e à Justiça.

Lá, se desvendou também que os tentáculos da corrupção e da astúcia alcançavam vários organismos do aparelho estatal, inclusive o Tribunal de Contas da União, através do filho de um ministro, contratado para antecipar informações sobre processos que tramitavam na Corte.

Uma das gravações feitas pela PF registra como esse escritório de advocacia agia para defender a quadrilha. Um sócio de Tiago Cedraz, o filho do ministro, diz a um interlocutor que “Quanto ao tribunal, sabemos tudo o que se passa”.

O capítulo que transcorremos não pontual. Percorre uma esteira de malfeitos na Casa Civil, Transportes, Agricultura, no interior e nas ramificações desses órgãos administrativos.

Incrível, não é? Mas o pior é que desacatando a opinião pública que condena as deformações, desvios, favorecimentos, propinas e traficâncias, é a própria presidente da República e os ministros “da casa”, saírem em defesa dos executores das contravenções, delitos e crimes praticados contra o Erário.

Os ocupantes do poder chegaram ao extremo restringir à Polícia Federal as investigações do itinerário dos escândalos, desautorizando-as e condenando-as.

Defensores do PT-governo seguem o roteiro oficial de inocentar as quadrilhas que atuam nos serviços públicos. Além do comprometido “ex” Lula, o ministro da Justiça se mostrou aborrecido e descontente com a ação de “sua” polícia. Ambos consideraram a devassa inexplicável, as detenções precipitadas e o uso de algemas condenável.

As figuras secundárias, sabujos ministeriais, também se pronunciaram contra a Operação Voucher, por cumplicidade, como fazem no Congresso os 300 picaretas, enquanto os “ideólogos da bandidagem” fazem eco à condenação da varredura dos corruptos.

Argumentam que uma Operação Mãos Limpas no Brasil ameaçaria a governabilidade fazendo em pedaços o arrimo da Presidência, sem ver que isto já ocorre, com a descaracterização dos valores morais pela ambição e a manutenção do poder pelo poder.

Miranda Sá

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