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Sem disputar, o Brasil já ganhou a Copa da Corrupção

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

O sorteio das chaves para as eliminatórias da Copa do Mundo na Marina da Glória, Rio de Janeiro, marcou o início do evento que ocorrerá em 2014. Pelo exemplo do gasto de R$ 30 milhões para a solenidade, pode-se concluir quanto entrará nos bolsos dos corruptos do dinheiro público.

Sim, porque na África do Sul, para o mesmo acontecimento, o desembolso foi inferior a R$ 3 milhões, o que representou – em percentual – apenas 10% do dinheiro dos cariocas que o prefeito Eduardo Paes atirou às feras.

Essa choradeira com as verbas públicas tem um contraponto: diz-se que vale a pena gastar, mesmo deixando roubar, porque os jogos e o fluxo turístico renderão para a economia brasileira calculadamente R$ 150 bilhões!

Além desse extraordinário lucro previsto (o que não ocorreu nas copas anteriores em países diversos) os preparativos darão oportunidades para os diversos setores produtivos, a construção civil nas obras de infraestrutura; turismo na hotelaria e atividades no campo do artesanato e gastronomia.

Comenta-se até que muito dinheiro advirá na área de serviços, notadamente transportes, telefonia e internet. E com isso deduzimos que grandes e pequenas empresas e profissionais liberais desfrutarão de vantagens ilimitadas.

Tudo muito bonito, mas não entro no bloco cujos estandartes e até o samba-enredo falam que “A Copa possibilita o desenvolvimento empresarial” e “Benefícios de longo prazo”. Temos, aqui no Rio, o triste exemplo dos Jogos Pan-americanos para desmentir o falso ufanismo de conhecidos “granadeiros”, como o governador Sérgio Cabral.

Basta que se juntem às conhecidas “empresas” bem relacionadas com os governos municipal, estadual e federal, as célebres consultorias e as infalíveis ONGs do PC do B e do PT, ávidas de fazer caixinhas para as eleições do ano que vem.

Por falar em ONGs, tivemos uma incrível intervenção do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, no seminário “Fóruns do Planalto”, dizendo que o Planalto está atento para evitar, entre as ONGs “a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce” (sic).

Sua Excelência Pelega até surpreendeu alguns puxa-sacos reconhecendo dificuldades para controlar as ONGs, da concessão de verbas públicas à prestação de contas. Para ele, pensando como petista, somente a criação de “um departamento-monstro para dar conta de nota por nota, manter fiscalização para evitar a picaretagem nas ONGs e outras entidades criadas para auferir recursos para os criadores”.

Quem vê um alto comissário do PT-governo falar assim até se admira. Mas Carvalho não para aí, se enrola na depravação que ele próprio constatou, defendendo que se continue a dar verbas para as tais ONGs propensas à fraude. É uma atitude típica do lulo-petismo.

É que no parto do governo lulo-petista nasceram gêmeas a corrupção e a impunidade, e o parteiro, Lula da Silva, muito se orgulha disso.

Em nome da verdade, porém, devemos dizer que o assalto ao Erário vem de longe e não apenas no Ministério dos Transportes. Não há exceção nos ministérios e nas empresas estatais para a ação dos corruptos e corruptores.

É bom registrar que antes havia punição. O pranteado ex-presidente Itamar Franco afastou seu chefe da Casa Civil para ser investigado, e ele foi absolvido; por suspeição, o lulo-petismo apenas afastou Zé Dirceu, Palocci e Erenice Guerra, sem investigá-los nem puni-los.

Suspeitos e imunes também, são os contratos da Copa, liberados pelo Congresso de licitação, como quis Dilma. Os negócios – da compra de uma caixa de fósforo ao aluguel de aviões, passando pela venda de ingressos – estarão à solta. Os grandes negócios terão falcatruas de todo tipo, por debaixo do pano, é claro; os médios e pequenos negócios terão uma supervisão independente que exigirá médias e pequenas propinas.

Aos que duvidam dessas reflexões que fazemos, aconselhamos olhar para os poderes republicanos. As três instituições que deveriam, em tese, preservar o patrimônio público e fiscalizar as atividades privadas, estão infiltradas (ou aparelhadas) pela bandidagem.

Miranda Sá

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