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A liberdade de expressão e o WikiLeaks

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Vez por outra, a fração totalitária do lulo-petismo mostra as unhas agredindo a liberdade de expressão do pensamento, fundamento do regime democrático. O ex-presidente do PT, Zé Dutra, criticou a imprensa, e o atual, Ruy Falcão – ainda livre de condenação pelo dossiê fajuto contra tucanos, propôs que na “reforma política” conste o controle da imprensa nas campanhas eleitorais…

Para muitos ministros, a imprensa é uma constante dor de cabeça. Uma enxaqueca de liberdade, intolerável para as viúvas de Stálin. Particularmente para o ministro Berzoini, que não perdoa as críticas recebidas quando encabeçou o ataque à Previdência Social ferindo o direito adquirido dos trabalhadores ao roubar-lhes cinco anos de aposentadoria, e taxando aposentados e pensionistas em 11% dos seus benefícios.

As filas dos velhinhos no INSS, as reportagens investigativas sobre o mensalão, a divulgação do escândalo das sanguessugas, não são exemplos de “bom jornalismo” que o lulo-petismo defende. Jornais chapas-branca e aplauso fácil ao poder é que são bons para a República dos Pelegos.

Assim, não é por acaso que “elles” vêem a necessidade de controlar o jornalismo com limites às análises, investigações e opiniões interpretativas, e disciplinar os jornalistas abusados que exercem a independência de opinião.

Como pensam os petistas e seus aliados adeptos do totalitarismo, a imprensa é elitista e preconceituosa. Uma visão distorcida da democracia, sempre praticada nos regimes ditatoriais ou populistas

Os grandes exemplos são a censura ao Estadão e a ação “delles” no processo movido pela Câmara dos Deputados contra o jornalista Arnaldo Jabor, pela ousadia de denunciar as mutretas que os deputados fazem com a “bolsa-combustível”, sem apresentar notas fiscais.

Isto mostra neste 1º de maio no Brasil, metamorfoseando-se em República dos Pelegos. Na farra das “centrais sindicais” sem base humana, faixas e panfletos exibidas e distribuídos por mercenários pediram a aplicação das medidas inseridas no Plano Nacional dos Direitos Humanos, uma carta fascista engavetada por vergonha dos que ocupam o governo.

Transferindo-se para o campo internacional, temos a odiosa perseguição do governo dos EUA e seus satélites contra o site WikiLeaks, ainda bem que restrito a um processo jurídico contra aquele boletim informativo das ações imperialistas do chamado 1º mundo.

A batalha para silenciar o noticiário oculto pelas grandes potências vai aos tribunais com o cuidado de preservar a “democracia” norte-americana. Chega sem réu, sem alvo determinado, enfocando o fato da revelação de documentos secretos do governo e buscando o responsável pelo fato delituoso.

Na enrolada nanojurídica, as filigranas processuais não definem se o WikiLeaks tem o direito de divulgar os documentos; e se não tem, será que os órgãos de imprensa que os reproduzem serão cúmplices do ato criminoso?

Para complicar ainda mais a arena do direito positivo, setores do governo norte-americano teem promovido ataques pessoais aos prováveis envolvidos com o site, tanto na pesquisa de dados como na sua divulgação.

Chega-nos o informe de que o soldado Bradley Manning, acusado de ter acessado e transmitido os documentos para o WikiLeaks, está preso sem julgamento. É obrigado a dormir nu. Fica também nu diante da inspeção dos guardas. Passa 23 horas por dia numa pequena cela e só tem uma hora para caminhar.

Esse tratamento é humilhante até para os prisioneiros de Guantánamo, os mais injustiçados de todos os tempos. Ofende dois valores constitucionais americanos e as leis de guerra: o da presunção de inocência e a proibição de castigos cruéis e torturas.

Com vistas ao responsável pelo WikiLeaks, Julian Assange, conhecido mundialmente pela ousadia de divulgar ações imperiais dos EUA, a agressão é personificada, insistindo em sua extradição para a Suécia onde responde por um nebuloso e controverso caso sexual.

Nem o caso do soldado Manning, nem nas intimidades libidinosas de Assange (recusa de usar camisinha) nada tem a ver com a divulgação de documentos, sejam secretos ou não. O objetivo é abater o responsável pelo site, inibir informantes e assim deletar a fonte geradora de informações.

Enfim, trata-se de um condenável ataque à liberdade de expressão, inaceitável pelos autênticos democratas do mundo.

Miranda Sá

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