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ARTIGO

A vitoriosa greve dos trabalhadores do PAC

MIRANDA SÁ (e-mail: mirandasa@uol.com.br)

Fiz questão de escrever anteriormente sobre as greves dos peões nas obras do PAC, principalmente os pioneiros das usinas do Jirau e Santo Antonio, em Rondônia. Aquele artigo deve grande aceitação, com mais de 20 comentários no Blog e no Twitter.

Assim, fazemos um repeteco do fato que deve ser esmiuçado e comentado. Recordamos que segundo informações (poucas), cerca de 80 mil trabalhadores cruzaram os braços reivindicando melhores salários e condições de trabalho.

Nos fins do mês passado, os operários da hidrelétrica de Jirau revoltaram-se, incendiaram alojamentos, quebraram viaturas e depredaram os escritórios da empreiteira Camargo Corrêa. Isso, numa obra do PAC, levada pela empresa queridinha do PT-governo, que abiscoita o filé das construções neste País.

O movimento não explodiu repentinamente. Desde o começo do ano começaram as reclamações no Jirau sobre as péssimas condições de alojamento, salários atrasados e descumprimento dos contratos de trabalho.

O Planalto não se tocou; o Ministério do Trabalho nem sequer enviou um representante para verificar a situação, e a CUT, que tem a afiliação do sindicato local, enviou dois elementos ao local que, segundo depoimento de um grevista, vieram de helicóptero, entraram num carro e, diante de uma reunião apelaram para o fim da greve que consideraram sabotagem contra o “governo dos trabalhadores”.

Como o governo não mandou ninguém, a arrogância dos cutistas não pode ser considerada uma delegação de poderes da “Mãe do PAC”; no máximo, foi uma exibição oficiosa de chaleirismo dos pelegos, com o enviado da CUT dizendo que “Tem que voltar a trabalhar, eu sou brasileiro, quero ver essa obra funcionando”.  

E assim, a versão oscilante da chamada grande imprensa, pendeu a princípio para o depoimento colhido na responsável pela obra de Jirau, a empreiteira Camargo Corrêa, que denunciou uma “ação criminosa e isolada de um grupo de vândalos”.

Dessa maneira, no crescendo do movimento, o governo federal enviou para o canteiro de obras a Força Nacional de Segurança para garantir a ordem. Nessa altura peões da Usina de Santo Antônio aderiram à greve, com as mesmas características do Jirau.

Com as obras paradas, caiu a ficha da Presidente, que chamou os empreiteiros e as centrais sindicais para uma reunião em Brasília. Primeiro pensaram em contornar o caso com promessas futuras. Não funcionou.

Então os trabalhadores aceitaram o compromisso de que o sindicato não terceirizará a mão de obra, de receber o pagamento antecipado do reajuste salarial, um novo valor para a cesta básica e opções de planos de saúde. Ganharam ainda mais cinco dias de folga a cada três meses para visitar as famílias, com passagens pagas.

A vitoriosa greve dos trabalhadores do PAC deixa uma lição indelével na história do moderno sindicalismo: as entidades que aparecem na mídia não representam mesmo os trabalhadores. Além disso, deixa claro que a “política social” do lulo-petismo não passa de propaganda tipo Goebbles, criando uma realidade artificial.

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Miranda Sá

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