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ENTENDIMENTO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O cilício que cega o entendimento, e nega à vontade, afoga a alma e tira a vida” (Pe. Antônio Vieira)

O grande orador sacro padre Antônio Vieira, no seu Sermão de Santo Inácio, prega o que todos os brasileiros de boa vontade querem, um entendimento nacional que avalie um futuro radioso para o nosso País.

Não adianta procurar outras citações, seja dos gregos antigos Aristóteles ou Platão, ou seja dos pensadores modernos como Bertrand Russel e Schopenhauer, para mostrar a importância da união nacional para enfrentar as seitas políticas do tipo místico e o ativismo irracional.

É  inútil procurar a resposta que nos faça entender a mobilização permanente das massas fanáticas, obedientes ao discurso pseudorrevolucionário do ex-capitão Bolsonaro com as  promessas de criar uma nova realidade fantasiosa. Da minha parte, suponho que é esta fraude ideológica, o conduto que leva à política populista da “direita” ao berçário do fascismo.

Pior do que tudo isto foi a criação de uma frente de pastores evangélicos politiqueiros, e a atuação subversiva de oficiais da reserva remunerada, insuflados pela obsoleta doutrina anticomunista da guerra fria do seu tempo.

Assim, juntaram-se o culto da personalidade e o desejo de transferir para as Forças Armadas do poder decisório sobre o resultado das eleições presidenciais. E deu no que deu: a perturbação da ordem pública e a depredação e o saque dos poderes republicanos.

Investiga-se se houve cumplicidade, leniência ou incompetência de órgãos federais, e particularmente do governo do Distrito Federal; mas uma coisa é certa, prevaleceu nas FFAA os princípios da hierarquia e da legalidade.

Do outro lado, a sociedade civil, o governo federal eleito no ano passado, o Supremo Tribunal, as lideranças parlamentares do Congresso Nacional e os governadores estaduais, se uniram e entenderam que é preciso garantir o Estado Democrático de Direito.

Dessa maneira, vivemos o interstício entre a paz pública e o terrorismo e, encontrada a mola impulsionadora do pandemônio bolsonarista, os financiadores de agentes provocadores, é preciso puni-los exemplarmente para encerrar de uma vez por todas a agitação antidemocrática.

Daí em diante poderemos relaxar e estimular os rebanhos religiosos de maus pastores recitando o Sermão da Montanha ou lembrando-lhes Lucas 2:14 com a passagem bíblica do “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”.

A desobediência a este preceito é pecado, como pecou aquele alucinado que estava no quebra-quebra do Congresso Nacional com uma Bíblia na mão, ou aquela senhora que declarou ter sido induzidas à participar da invasão por prédicas ouvidas no seu templo.

Quanto aos leigos, tão fanáticos quanto os auto assumidos religiosos, vamos lhes qualificar como o Marquês de Maricá descreveu: “alguns ‘patriotas’ dizem em voz alta que é doce morrer pela Pátria, mas em segredo reconhecem que é mais doce viver para ela e à custa dela”.

No meu artigo anterior, “Vandalismo”, lembrei que os indivíduos que ocuparam Brasília por um dia, pareciam estar acobertados naquela ação orquestrada com táticas de estado maior pelo governo do Distrito Federal e outros agentes públicos.

Repito, a invasão, depredação e saque dos símbolos da República Democrática, foi treinada, financiada, vazada nas redes sociais e detectada por órgãos federais de inteligência.

Para os que se revoltaram com o desatino dos inconformados com a derrota do seu candidato, lembro uma homilia natalina do papa Bento 16, recém falecido, onde ele pregou o entrelaçamento da graça e da liberdade, o entrelaçamento do apelo e da resposta, advertindo que um homem sozinho, mesmo com a maior boa vontade, nada pode fazer.

Então compartilhemos pela união pela Democracia dos brasileiros de qualquer crença religiosa, princípio político ou ideológico, numa comunhão espiritual que ponha a Pátria no caminho do futuro, pela paz, justiça social e desenvolvimento econômico.

Marjorie Salu

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