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SER OU NÃO SER

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Só temos certezas enquanto sabemos pouco; com o conhecimento as dúvidas aumentam” (Goethe)

Meu fascínio por William Shakespeare é conhecido daqueles que leem meus artigos. Desde muito cedo, na adolescência, descobri com ele que a poesia e o teatro são uma maravilhosa referência para o estudo da realidade, vendo-a de corpo inteiro.

Com suas mensagens diretas e linguagem clara e precisa, é surpreendente o caminho que Shakespeare abre para a nossa percepção do mundo em que vivemos, revelando cruamente a miséria, a infâmia, a traição e, principalmente, a corrupção e os crimes dos governantes.

Uma das melhores lições deste mentor encontrei transmitida pela boca de Heitor, personagem da peça “Tróilo e Créssida”. Na sua deixa, ao pedir ao Conselho de Tróia que entregue Helena para evitar a guerra, Heitor diz “A dúvida prudente chama-se o fanal dos sábios, a sonda que busca até o fundo o que se pode temer de pior”.

Nas suas posteriores comédias e tragédias, temos a repetição deste ensinamento, e por demais conhecida é a fala de Hamlet com o “Ser ou Não Ser”.

Já adulto, com alguma experiência na vida, encontrei a mesma colocação, rude, não-lapidada, de outra personalidade que admiro, Orson Welles, consagrado como cineasta completo, ator, diretor e produtor.  Disse Welles: “É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos”.

A estupidez me deixa ver que muitos dos que se assumem como intelectuais, carregam um pesadíssimo fardo com toneladas de convicções, e sequer uma grama de dúvidas. Classifico-os como “intelectueiros”, menos pensadores do que profissionais, mais presentes nos manifestos do que nas estantes.

É nas atuações políticas onde se encontra esse pessoal que assinou uma declaração dizendo que Lula, sentenciado por corrupção e lavagem de dinheiro, é um preso político e ainda apela à comunidade internacional para trata-lo desta forma.

Nesta tragicomédia estão pessoas de vários países, o que suaviza a vergonha que temos dos falsos intelectueiros daqui…. Numa visível insanidade e desconhecimento da realidade brasileira, desacatam a Justiça e ofendem a dignidade dos nossos magistrados.

Os lulopetistas que arrecadaram as assinaturas desses incautos, certamente omitiram que Lula traiu não apenas os trabalhadores, que constam da sigla do seu partido, mas toda a Nação. Que ele se associou ao que há de mais podre na política nacional, roubando e deixando roubar o dinheiro público. E mais, que responde a vários outros processos por corrupção ativa e passiva.

Aos intelectueiros estrangeiros, lembramos a fábula brasileira da cotia e do macaco: “Sentados conversando à beira da estrada, diante das carroças que ali trafegavam, a cotia repetiu várias vezes para que o macaco tomasse cuidado com o rabo, e por se preocupar tanto com a cauda do símio, terminou deixando o próprio rabo debaixo das rodas. Por isso, é cotó…”

Isto ocorre com os que se intrometem no Brasil. Eles silenciam diante do que o mundo assiste:  a fronteira norte-americana ameaçada por latino-americanos famintos, a Europa invadida por bandos de fundamentalistas, países escravocratas no Oriente Médio, as cruéis ditaduras africanas e os infames regimes de Maduro, na Venezuela e de Ortega, na Nicarágua.

Estes problemas que existem nos seus rabos não os preocupam por que são aderentes e financiados pelas propinas que a Odebrecht espalhou pelo mundo… São pagos para se engajar nos movimentos do narcopopulismo.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu

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