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Sem Brizola, um grande vazio

Em homenagem ao grande líder trabalhista Leonel Brizola, aspas para o jornalista Pedro Porfírio com seu artigo publicado ontem na Tribuna de Imprensa:

“Há exatos três anos, no cair da tarde de uma segunda-feira, 21 de junho de 2004, o povo brasileiro perdia um dos seus maiores estadistas – Leonel de Moura Brizola. Até hoje não consegui assimilar as circunstâncias em que ele morreu. Na noite de domingo, apesar de acamado, havia recebido em casa Garotinho e Moreira Franco, que foram propor uma aliança em torno do seu nome para a Prefeitura do Rio de Janeiro, nas eleições daquele ano.
No dia seguinte, como ele passou mal, foi levado para o Hospital São Lucas, que estava em obras. Ao ser transferido para outro prédio,onde faria exames, morreu no elevador. Nada mais imprevisível.
Hoje, a sensação do vazio que ele deixou é aterrorizante. Parece que Brizola se foi há uma década. Ou mais. E sua partida nos levou um dos últimos políticos de elevada estatura moral e inegável carinho pelo povo trabalhador, pelas crianças, pelos idosos.
Duas vezes governador do Estado do Rio de Janeiro, governador do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola também foi uma das figuras mais injustiçadas da nossa vida pública. Quem tinha poder na mão – inclusive a mídia – tratou de destruí-lo.
E com isso, quem mais perdeu foi o povo brasileiro, ao qual ele dedicou os 82 anos de vida, insurgindo-se com coragem e desprendimento sempre que os interesses nacionais e os direitos dos trabalhadores eram ameaçados ou minados.
Desde aquele 21 de junho de 2004 eu me sinto como um verdadeiro órfão político. Acredito que muitos brasileiros têm a mesma sensação. Pior: temo que tão cedo não apareça alguém com a mesma visão e os mesmos sentimentos patrióticos e a mesma coerência, com o mesmo carisma e a mesma disposição de luta que marcou sua admirável biografia.
Isso é muito grave. Durante anos, Brizola povoou os sonhos dos brasileiros mais humildes, como uma esperança real, porque nunca, em momento algum, vacilou na defesa de suas idéias que tinham como referência o País soberano e justo que todos desejamos. Lembrar o que ele representou durante 60 anos da história brasileira é tarefa que cumpro com os olhos cheios de lágrimas e muita saudade.”

Miranda Sá

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Miranda Sá

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