Não mostrem a Regina Duarte o discurso de Dilma Rousseff no Congresso do PT. Para quem tinha medo de Lula, o trauma poderá ser insuperável.
Nem tanto pelas palavras proferidas pela pré-candidata a presidente. A retórica estadista de porta de assembléia já é conhecida, misturando realidade e ficção para servir a velha laranjada ideológica.
O que pode levar Regina ao pânico é a evolução cênica, a postura, enfim, a pré-candidata em si.
Durante quase uma hora de discurso, quem se imaginou num país dirigido por aquela senhora ficou, no mínimo, mareado. Sua movimentação de braços, excessiva e a esmo, parecia tentar domar o volante de um carro desgovernado.
Acompanhar a expressão corporal e facial da ministra era, de fato, um exercício estonteante. Nada combinava com nada. Tentativas de sorriso duelavam com gestos bruscos, palavras medidas para dar informalidade saíam em tom categórico, o olhar se fixava criteriosamente no nada.
A militância petista estava lá para urrar por Dilma. Não deu. Catatônica, a claque não conseguiu reagir ao poste falante.
O único fato verdadeiramente comovente do comício era o desconforto da candidata em público, talvez enfastiada da sua própria falsidade. Um bom leitor de almas diria que ela estava doida para saltar daquele carro, rasgar a fantasia e assumir o que estava escrito na sua testa: “Socorro. Não sei dirigir esse troço.”
O contraste entre o olhar perdido e o tom peremptório ficava um pouco mais agudo quando Dilma mentia – o que não deixa de ser um indicador de honestidade, mesmo que temporariamente suspensa.
Quando afirmou, por exemplo, que o Brasil se safou da crise porque os brasileiros impediram privatizações como as da Petrobras e do Banco do Brasil, o automóvel arisco de Dilma parecia que ia sair da estrada. Enquanto recitava o samba do chavista doido, seus braços pareciam tentar a manobra impossível que a salvassem do desastre verbal.
Quando teve que prometer mais cabides para a companheirada, falando em continuar a “reaparelhar” o Estado, seus olhos pareciam pedir, pelo amor de Deus (ou de Lula), um par de óculos escuros.
As cenas são fortes. Não deixem a Regina ver.
Guilherme Fiúza, jornalista e articulista da revista Época
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