“Soneto para Helena”
(inspirado por Helène de Surgeres,
uma de suas inúmeras paixões)
Quando já bem velhinha, à noite, à luz da vela,
sentada ante a lareira estiveres fiando,
dirás, ao recordar-me, o coração pulsando:
“Ronsard cantou-me em verso, ao tempo em que fui bela!”
Já não terás, então, como serva, a donzela
que, ao peso do cansaço às vezes ressonando,
ouvindo-me invocar, despertava, abençoando
o teu nome imortal que meu verso revela.
O corpo sepultado, a alma livre e sem pouso,
à sombra dos mirtais encontrarei repouso;
tu – do tempo curvada à fatal inclemência –
chorarás meu amor e teu frio desdém…
– Não fiques a esperar pelo dia que vem,
colhe, enquanto ainda é tempo, as rosas da existência!
Pierre de Ronsard
(Trad. de Heitor P. Fróes)
O Poeta
Pierre de Ronsard, poeta renascentista francês nascido no castelo de La Possonnière, condado de Vendôme, é o principal representante da La Pléiade, grupo de poetas cujos principais modelos foram os líricos greco-romanos e italianos, de grande importância na renovação da literatura francesa.
Descendente de nobres, ingressou (1536) na corte como pajem, e empenhou-se na carreira diplomática. Durante uma missão à Alsácia (1540), contraiu uma doença que o deixou parcialmente surdo e, então, entrou na carreira religiosa onde chegou a tomar ordens menores, mas não se ordenou. Decidido para a literatura, entrou no colégio parisiense de Coquelet (1547) onde foi discípulo do humanista Jean Dorat, que o orientou a estudar os poetas gregos e latinos e a poesia italiana.
Com Joachim Du Bellay e Jean-Antoine de Baïf, entre outros, fundou o grupo poético La Brigade, célula de origem do famoso grupo La Pléiade. Esta nova constelação de poetas tinha por objetivo criar uma escola literária inspirada na lírica grega, porém de língua francesa, pois esta encontrava-se ameaçada pelo latim.
Foi nomeado poeta da corte por Carlos IX, após a eclosão das guerras religiosas, onde demonstrou seu apoio incondicional à monarquia católica. Após a morte do rei (1574), retirou-se da vida pública e, depressivo, morreu em Saint-Cosme, perto de Tours, em 27 de dezembro de 1585.
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