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Poesia

Sento-me e observo

Sento-me e olho para todos os sofrimentos do mundo,
e para toda a opressão e vergonha;
Ouço secretos e convulsivos soluços de jovens homens,
angustiados, cheios de remorsos após os actos cometidos;
Vejo a triste vida da mãe maltratada pelos seus filhos,
morrendo, negligenciada, desolada, desesperada;
Vejo a esposa abusada pelo marido
Vejo o pérfido sedutor de jovens mulheres;
Registro a raiva do ciúme e do amor não correspondido,
que se tenta esconder — vejo estas visões na Terra;
Vejo o desenrolar das batalhas, peste, tirania
Vejo mártires e prisioneiros;
Observo a fome no mar — Observo os marinheiros
sorteando quem será morto, para preservar a vida dos demais;
Observo o desprezo e a degradação lançados
pelos arrogantes contra os operários,
os pobres, e sobre os negros, e outros discriminados;
Tudo isto — Toda a mesquinhez e agonia sem fim,
Sento-me, observo,
Vejo, ouço e silencio.

Walt Whitman

O Poeta

Walt Whitman, poeta norte-americano (31/5/1819-26/3/1892). Criança solitária, era neto de camponeses e filho de um carpinteiro de Brooklyn, então uma simples aldeia dos arredores de Nova Iorque. Exerceu várias profissões: tipógrafo, professor, jornalista, operário agrícola, enfermeiro, empregado de escritório…

Percorreu Nova Iorque ao lado de um cocheiro da Broadway, e aí, curioso de tudo, descobriu a multidão, o music-hall, o teatro popular e a ópera italiana. Leu Dante em plena floresta e a Ilíada a bordo, em pleno Atlântico.

Recebeu a influência de Robert Owen, de Fanny Wright, de Ralph Waldo Emerson, e do movimento Quaker.Revolucionário na forma e na temática de sua poesia, defende a abolição da escravatura, os direitos da mulher, o amor livre e o desenvolvimento tecnológico.

Consegue um cargo no Ministério do Interior, mas é demitido pouco depois porque o titular da pasta se indigna com Leaves of Grass (Folhas de Relva), livro de poemas de Whitman publicado pela primeira vez em 1855 e reeditado com revisões e ampliações durante anos.

A obra, repudiada pelos críticos de então, introduz o verso livre e dá tratamento poético a coisas e fatos do cotidiano, como o progresso técnico e o sexo. Em 1871 expõe seus pontos de vista políticos no ensaio Democratic Vistas, que tem grande repercussão.

Em 1873 uma doença vascular o deixa parcialmente paralítico. Passa então a morar em Camden, Nova Jersey, com a família. Em fins de 1891 publica a última edição de Leaves of Grass e morre poucos meses depois.

Marjorie Salu

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Marjorie Salu
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